sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Desenhos

Podem me chamar de Vivaldi.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Vira latas...

Não tô tendo tempo de atualizar este blog (a história do diário da Feira do Livro morreu na casca). Foda. Muito trabalho na agência. Vou entrar em férias na segunda-feira que vem, 20 dias. Depois disso acho que vou pedir demissão. O trabalho é uma das invenções mais injustas e bestas que existem. Não vou pagar a pensão da minha filha e vou ser preso. Tô brincando... vou pagar, sim. Vou mudar radicalmente de área. Vou fazer concurso na Carris e virar cobrador. Adeus horas na frente do computador quebrando a cabeça pra fazer coisas bonitas em tempo recorde, com um torno em forma de gente te pressionando, pressionando, pressionando...

Hoje tô fazendo 37. Putz... tô ficando velho meeeeeeesmo. Sou quase quarentão. Não acredito. É sério... não acredito. Bom, vou mudar de vida. Se tudo der certo, terei coisas pra publicar neste blog e não apenasmente essa minha chorumela de "oh, vida de trabalho desgraçada".
37... putz, não acredito.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Diário da Feira (capítulo 2)

Escrevi este texto abaixo como resposta ao comentário da minha amiga Luciana. Mas, como ele está dentro do espírito das coisas que quero falar sobre a Feira do Livro, resolvi publicá-lo aqui também.

Lu, vai por mim... bairrismo é ruim. Tudo bem que temos coisas boas aqui - e não tô concordando com todos os nomes que tu citou -, mas tá cheio de coisas boas (e talvez melhores) no resto do país também. Mundo a fora, então! O bairrismo nos limita. E a mim, porque fui muito bairrista, envergonha. Fazer a defesa de alguns escritores só por que são daqui é negar que a literatura transcende os caracteres locais, que um livro bom trata é do universal. O Tchekhov dizia que quem cantava sua aldeia cantava o mundo. Isso pode ser verdade. Mas não é todo mundo que sabe cantar, que tem a sensibilidade pra extrair essa universalidade da alma dos seus aldeões. A maioria do pessoal do "Clubinho Gaúcho dos Escritores" é meio "desafinada", na minha opinião. Claro que tem gente boa por aqui, mas tem gente boa por lá também. Se o teu critério pra preferir os daqui é unicamente o chão em comum, isso vai te privar de muitas coisas legais. O bairrismo é um atestado de espírito um tanto tacanho (não quero te ofender - veja bem: isto é um praticamente um mea culpa). Me livrei deste mal lendo. É um processo natural, a gente vai refinando a busca.
Estou dizendo que tu não está refinando tuas buscas? Não. Tuas referências são muito mais poéticas do que as minhas (Carpinejar, Quintana, Paulo Hecker - cuja prosa, crônica e inteligência eu admirava muito, mas desconheço a poesia). Talvez o teu desenvolvimento seja um OUTRO refinamento. Acho que tu ainda não pensou seriamente no que significa “bairrismo”. Alguém com o teu perfil, com as leituras que tu já fez, não pode ser bairrista. Minha briga é com a tua frase: “gaúcho tem mais é que ser bairrista mesmo”. Isso tá errado. Não existe tanta gente boa quanto o teu “etc, etc, etc” sugere. Vou escolher um bairrismo pra mim, tá? Quero ser irlandês por causa de James Joyce, Samuel Beckett, Oscar Wilde, W. B. Yeats, Jonathan Swift e Bernard Shaw. Ou argentino por causa de Borges, Cortázar, Sábato e Bioy Casares (precisa mais que estes?). O mundo inteiro conhece esses caras. Eis aí, aparentemente, bons motivos pra ser bairrista. Mas quando a gente lê os amiguinhos citados, percebe que eles não são dos seus países... são de todos os lugares. Nesses momentos os bairrismos e, inevitavelmente, os escritores menores (pra não dizer medíocres), viram fumaça. Existe a boa e a má literatura, independente do papel que cumpra uma literatura mediana no desenvolvimento das pessoas. Não tô querendo dizer que só se pode valorizar a literatura gaúcha se estiver saindo daqui o próximo Shakespeare, mas sim que não dá pra ficar só no consumo interno, enaltecendo o nosso clubinho. Por que ele é pequeno, beeeem pequeno. E também porque tem alguns caras muito bons fora do Estado e principalmente fora do país. Deus me livre de estar cometendo alguma injustiça com este comentário (assim como “bairrista”, me envergonharia terrivelmente a carapuça de “preconceituoso”), mas ainda que bairrismo fosse algo justificável, eu vejo bem poucos motivos para adotá-lo por aqui.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Diário da Feira (capítulo 1)

Houve um tempo em que eu adorava a Feira do Livro. Isto durou até mais ou menos aquela edição que o Paulo Hecker Filho foi o patrono (portanto, é relativamente recente). Depois eu comecei a ver certas coisas meio bestas que antes me escapavam. Enumero-as:
1 - a grande maioria das pessoas que se acotovela por lá (me impedindo de garimpar tranquilamente livrinhos bons perdidos entre as porcarias características dos saldões) não entende nada de literatura. Está lá pelo evento. A Feira do Livro é um grande evento. Claro que é muito nobre e importante atrair pessoas para o livro independente da qualidade inicial desta relação, mas foda-se, detesto atrolho.
2 - a Feira do Livro de Porto Alegre bem que podia se chamar a Feira da RBS. Filas enormes pra pegar autógrafo do Anonymus Gourmet... p'tasqueospariu!!!! E o resto da turma?!!! Talvez até tenha gente boa lá, mas é duro constatar o poder da mídia numa coisa que era pra ser um pouco mais elevada.
Ah, pensando bem, não vou enumerar mais nada. Teria várias coisas pra reclamar (não poderiam pedir pras pessoas não fumar enquanto transitam por lá?) mas posso deixar de ser tão chato e falar das coisas legais.

Dia 31 de outubro - Abertura: passei lá na tardinha, depois das 18h. Passada rápida mesmo. Comprei um livro da Clara Averbuck (Vida de Gato - 5 pilas). Só compro livros baratos. O legal é quando são BONS e baratos. É o que geralmente busco. Esse é legalzinho. Ouvia falar muito da guria e comprei por curiosidade. Buenas, ela não é do time do pessoal que eu gosto, mas o livro tem bons momentos. Acho que muitos destes escritores novos, que eu, pejorativamente, chamo de oriundos da Escolinha do Bukowski, fazem uso de basicamente duas coisas: inteligência e presunção. Eles saem falando mal de todo mundo, se colocam acima do resto da humanidade e confundem uma vida regada a sexo, drogas e rock and roll (nada contra, devo dizer) com conhecimento de mundo e de gênero humano. Tem algum talento ali, mas esta pose de nihilistas iconoclastas enche um pouco do saco. O Bukowski fez discípulos mundo a fora, discípulos que se apegam ao estilo, sem perceber (ou percebendo talvez) que no caso deles isso vira pura afetação. O Bukowski teve uma vida fodida e mergulhou pra valer naquela merda toda por que aquela merda toda é o que ele era. O álcool, o desemprego, a pobreza... tudo isso é REAL na vida do velho safado. Esse pessoal quer ser o Bukowski de dentro do apartamento, com papai e mamãe por trás, depois da faculdade. O velho Buko era ainda mais fodido do que seus livros deixam transparecer. Li uma biografia dele escrita por um tal de Howard Sounes. Buenas, o nosso amigo cachaceiro era bastante desprezível às vezes. Não tô dizendo que esta galera toda tem que sofrer de hemorróidas, apanhar do pai, dar duro durante 14 anos entregando cartas, vomitar sangue e o caralho pra escrever bem, mas que tenham um pouco de autenticidade. Ficou muito fácil escrever com o desapego bukowskiano depois que o Bukowski inventou a fórmula. Do jeito que estou falando até parece que sou o maior do fã do velho Buko. Não é isso. Gosto dele, mas até ali (quem leva a sério um cara que se considerava o maior poeta vivo desde de T. S. Eliot?). O desapego e a coragem do Bukowski (coragem que fica difícil de saber se não era covardia) são coisas legais. São as melhores coisas que vejo nele. Sam Shepard escreve coisas que lembram o universo bukowskiano às vezes, mas, na minha opiniãozona, o Shepard tem muito mais alma, um lirismo muito maior do que do Bukowski.
Buenas... chega de "crítica literária". Comprei o livro da Clarah, li no fim de semana e coloquei à venda lá no Estante Virtual. Comprem-no de mim se quiserem conhecê-la. Nada pessoal. Ultimamente quase todos os livros que tenho comprado são pra revender no Estante Vitual. Por isso sou um garimpeiro, por isso sou um rato de sebo. E por isso tenho achado coisas fenomenais por aí. Por exemplo? Comprei esta última edição do Imbecil Coletivo - do imbecil particular Olavo de Carvalho - por 15 pilas num sebo sem noção. Estão vendendo o mesmo livro na feira por R$ 85,00. Buenas, este também estou passando nos pilas. Tá lá no Estante Virtual por R$ 65,00. Sim, estou virando um capitalista desprezível. Ou nem tanto talvez. Sou capaz de guardar pra mim coisas que valem alguns reais lá no EV. Por exemplo? "Poe Desconhecido" (3 reais no sebo sem noção - trinta pilas no EV) que saiu pela L&PM. Depois achei outro por 9 na Martins Livreiro. Bom, agora tô vendendo um no EV. Comprem-no... 30 pilinhas (e é o valor mais baixo lá). Outro exemplo? "O Escritor e Seus Fantasmas", do Ernesto Sábato, que achei ontem na Feira. Outro exemplo? "Eles Eram Muitos Cavalos", do Luiz Ruffato (que vai estar na Feira), que tb comprei no sebo sem noção (devo ter pago 5 pilas). E por aí vai... a lista é imensa. Guardo os livros que são muito afudê. O resto, vendo. Às vezes vendo coisas muito afudê, mas que não são muito afudê pra mim. Meu melhor negócio foi um livro do Jean Cocteau intitulado La Bella y la Bestia. É um "diário de bordo" do filme que o Cocteau fez deste romance. Troço muito massa, mas não pra mim. Paguei 12, vendi por 140. Essa foi boa, hein?!!! É... mas não foi do sebo sem noção. Achei este livro lá na Londres, no Bom Fim. Ah, os livros!!!
Putz, tenho que voltar a trabalhar. Escrevo mais sobre a Feira (assunto do qual desviei completamente) nos próximos posts.