quarta-feira, 31 de março de 2010

É um mundo doido lá fora!

Caracas... eu tava lendo sobre estas experiências dos caras lá na Europa que conseguiram reproduzir parcialmente os eventos imediatamente subsequentes ao Big-Bang. É assustador, mesmo para sujeitos como eu, que da física nuclear só sabem que ela existe. Me interesso pelo assunto, mas ao mesmo tempo me sinto um merda, por entender tão pouco. Olha que doido o negócio: um túnel subterrâneo formando um círculo gigante de quase 27km. Fronteira da Suíça com a França. Neste círculo, os caras conseguiram acelerar partículas de próton a 7TeV (sete trilhões de eletronvolts - e é claro que eu não tenho a mínima ideia do que significa isso) e fazer com que elas se chocassem. As partículas aceleradas fazem 11 mil voltas por segundo no túnel gigante, só pra se ter uma ideia da velocidade. Imaginem também a energia que um choque destas coisinhas libera. Pois bem, parece que os caras lá já enfrentaram vários processos judiciais tentando parar a experiência. Quem os moveu foram pessoas - que como eu - pensam que isso pode causar o fim do mundo (mas eu não tô nem aí pro fim do mundo - isso foge inevitalvelmente ao meu controle). Os cientistas estão eufóricos, parece que com o sucesso da experiência se abre uma nova era na história da física moderna. A ideia agora é fazer experiências ainda mais ousadas. Eles dizem que toda a informação captada dos choques destas partículas vai ser objeto de estudo para os cientistas por muitos anos. Olha o que os caras pretendem:
"As metas do LHC são bastante ambiciosas. A principal delas é encontrar uma partícula denominada Bóson de Higgs - que explicaria como todas as coisas do universo possuem massa. Também será possível investigar se há outras dimensões espaciais além das três conhecidas e estudar como a evolução do cosmos deve ter começado."
Não é pouca coisa, hein?!! Também não é pouca a grana investida no brinquedinho: 3 bilhões de euros. Três bilhões de euros pra recriar o vazio. Sim, parece que um dos resultados dos choques entre partículas é a criação de buracos negros. Que doido isso! Curioso também é isso:
"Acelerar prótons a 7 trilhões de eletronvolts significa que eles correm a 99,99% a velocidade da luz ou 11 mil voltas por segundo no megatúnel de 27 km."
Por que será que não conseguiram esse 1% que faltou pra chegar à velocidade da luz? Não parece um detalhe sem importância? Pô... quem consegue 99,99% deve conseguir 100%. Mas isso é coisa que provavelmente os crânios de lá devem explicar razoavelmente. A matéria que li, infelizmente, não achou relevante.
Mais uma do mundo das pessoas muuuuuito inteligentes (li no blog do Allan Sieber, que por sua vez reproduziu uma notícia da coluna do Élio Gaspari): um matemático russo chamado Grigori Perelman resolveu, há 6 anos, um dos "sete grandes mistérios da matemática", a saber, a Conjectura de Poincaré. O doido na história deste cara é o próprio. Excêntrico, genial, maluco, desapegado, doido, doido. Olha isso:
"Perelman resolveu a conjectura em 2002. Em vez de mandar seu trabalho para uma revista científica, onde um painel de estudiosos estudaria a consistência dos argumentos, simplesmente jogou os textos na internet, num arquivo público de trabalhos acadêmicos. O trabalho não dizia que a conjectura havia sido resolvida, essa tarefa cabia a quem o lesse. (Um matemático gastou três meses para entendê-lo.) A comunidade dos sábios consumiu dois anos estudando, invejando e, em alguns casos, buscando uma falha na explicação. Perda de tempo.
Quando Perelman foi convidado por Princeton, pediram-lhe um currículo. Respondeu que, se não sabiam quem ele era, não deveriam convidá-lo. Como o MIT chamou-o depois que resolveu a Conjectura de Poincaré, recusou porque deveriam tê-lo chamado antes. Num último convite podia ganhar quanto quisesse e fazer o que quisesse durante o tempo que bem entendesse. Respondeu que estava comprometido com seus alunos do ensino médio de São Petersburgo, o que nem era verdade."
É ou não é pro cara se apaixonar por um sujeito destes?
Buenas, tá dada a minha contribuição para o mundo das notícias relevantes sobre as quais não temos ingerência alguma e das quais, talvez, dependa a nossa existência futura.

terça-feira, 30 de março de 2010

A galera não está no ponto

Um dos meus últimos trabalhos lá na Secretaria de Cultura. Pontos de Leitura, Pontos de Cultura, Pontões de Cultura, Bibliotecas Comunitárias, Bibliopraças, Biblioparques, Biblioteca Ambulante. E tinha muito mais do que isso. Saí fora porque era muito stress. Muito trabalho, pouco retorno da "comunidade leitora". É uma batalha quixotesca, a galerinha não quer saber de livros "chatos". Ler cansa, pô! Muito melhor é ouvir a última do DJavú (é assim mesmo) ou da Lady Gaga.

domingo, 28 de março de 2010

Lindos

Minha filha reclama que eu nunca falei dela no meu blog. Não adianta eu explicar que isto aqui é um espaço onde eu meio que finjo ser uma outra pessoa, onde publico coisas que são muito diferentes daquilo que ela está acostumada a me ver falando... ela acha que sou desnaturado. Bom, a verdade é que eu adoro a minha filha. Além dela, sou apaixonado pelos meus sobrinhos.
A pequerrucha lindinha de olhos azuis é a Camila, a mais nova da família. Vai fazer três meses em abril. O fofinho sorridente é o Caio, fez 1 aninho dia 14 de março. Ao lado dele, sua irmã Larissa. 8 anos. A Lari (como a chamamos) é uma força da natureza. Sou louco, louco por ela. A gente briga mas se ama. Ela é minha segunda filha. E a moça feita sorrindo depois da Lari não é a mais nova promessa das passarelas internacionais (por enquanto), é a minha filha Melissa. Vai fazer 15 anos no final do ano que vem (meu Deus!!!).
Essas crianças (e mais uns filhos dos primos próximos, de quem também gosto muito), saudáveis e bonitas, me fazem pensar que, apesar de tudo, eu devo ter feito algumas coisas muito boas na outra encarnação.

domingo, 14 de março de 2010

I just don't know what to do with myself

Eu não tenho estilo. Não tenho uma voz. Meus desenhos, meus textos, minhas músicas... são todos "na linha" de alguma coisa. Não possuo aquela "marca" inconfundível, aquele jeito único que faz o artista conhecido em qualquer circunstância (aliás, até o início deste ano eu sequer assinava meus desenhos, por que não tinha uma assinatura). Faço várias coisas, mas não consigo me decidir por algo, por algum estilo. Gostava de chamar isso de versatilidade, mas tô mudando de ideia. E sou tremendamente influenciável. Se leio um livro e gosto, quero imediatamente escrever um igual. Uma HQ? Bah... eu já quis ser Frank Miller, Jaime Hernández, Milo Manara, Moebius, Crumb... tantos. Músicas? Tem horas que tudo o que quero é aprender bossa nova, mas no dia seguinte (talvez no mesmo dia) digo pra mim mesmo que o lance é rock and roll, que não existe nada igual ao som de uma guitarra distorcida. No instante seguinte já quero ser um virtuose e compor música instrumental. Quero aprender a tocar vários instrumentos e não me aprimoro em nenhum. Na faculdade de Filosofia (não concluída), fiz quatro cadeiras de alemão, duas de francês e uma de inglês. Pra quê? Já me esqueci de tudo... e mesmo que lembrasse, nunca vou usar. Já fiz fotografia (inclusive gastei uma boa grana com material de laboratório) e já esqueci tudo também. Se tivesse pintado oportunidade, teria feito teatro, dança, pintura... o diabo. Gosto destas coisas, gosto mesmo, mas duvido que tivesse tocado a sério alguma delas. Não é exagero, se vejo os troços do Vik Muniz, por exemplo, dá uma vontade irrefreável que fazer igual. Se vejo uma instalação maluca na Bienal, penso: putz, eu bem que podia fazer um troço assim. Quando ouço músicas, chego a fazer anotações: compor uma música que tenha tambores, colocar som de "bexiguinha" rangendo nos dentes, pensar em algo com um violoncelo... E ideias para clips? Cara, é vergonhoso admitir, mas tenho anotadas várias coisas que peguei aqui e ali, chupações mil para um dia fazer um vídeo legal. Claro que já quis fazer cinema. Capaz que não! Tenho um roteiro de filme - páginas e mais páginas - escrito há anos, com diálogos e tudo mais. Isso pode parecer engraçado, mas é uma merda. Eu SIMPLESMENTE NÃO SEI O QUE FAZER. Quero fazer tudo. Gasto uma energia enorme pra começar uma coisa e depois desisto. Isso é uma doença? Isso tem nome? Megalomania, talvez?
Agora tô em crise. Crise braba que tá se estendendo ao plano físico (tô asmático, alérgico à própria sombra). Morar com meus pais não tá ajudando. Tenho várias vizinhas gostosas que não me dão a mínima. Tô, pela primeira vez na vida (pois nunca me liguei em idade), me sentindo velho. Pouca vontade de ler. Pouca vontade de fazer qualquer coisa. Por isso esse blog tá há duas semanas sem atualização. Tenho recebido bastante visitas e me sinto envergonhado por isso. Desculpa aí, pessoas.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Mieko

Oi, Mieko. Espero que você leia logo este email e assim eu não precise esperar três meses por uma resposta, como aconteceu da última vez. Todavia você tem razão quando diz que isso não foi grave porque o conteúdo do email era "atemporal". Deu pra ler nas entrelinhas o que você realmente quis dizer. Você nunca vai perder este talento, este teu jeito de deixar as coisas bem claras sem dizê-las diretamente. É... eram as mesmas queixas românticas dos emails anteriores. Mas eu tenho melhorado com o passar do tempo, você não concorda? A história com aquela menina psicanalista deu em nada. Ao contrário do que eu temia, ela não ficava me analisando (pelo menos não parecia estar), mas sacou de cara que eu era furada. Disse que "estava começando a gostar de mim o suficiente pra se magoar se eu caísse fora e que antes disso acontecer, ela é que pularia". Meio clichê, mas neste universo das relações não existem muitas maneiras de dizer as coisas (meus emails estão aí pra confirmar). Disse também que tava escrito na minha testa que eu era uma casca vazia. Ela não sabia se valia a pena insistir comigo. Eu disse que não valia e ela foi embora. Agora tô de novo naquela rotina. Fico naquele nosso bar até fechar. Não é sentimentalismo, Mieko... vou chamar aquele lugar de nosso bar até morrer. Nenhum nome é mais apropriado. O pessoal ainda fala "o bar de vocês". Depois ficam um pouco constrangidos quando se ligam que o "vocês" não existe mais. Mas é isso... é o nosso bar. Parece uma puta incongruência chamá-lo de outra maneira. Fico lá bebendo uma atrás da outra. Agora tem umas cervejas artesanais por aqui. São mais caras, mas valem a pena. São mais saborosas e no outro dia minha cabeça ainda está no lugar. Os trabalhos como ghost writer estão indo bem. Tenho dois livros pra terminar ainda este mês. Verdadeiros lixos, mas quem liga? Um é de auto-ajuda. O autor faz questão de que o título seja "Não compre este livro", com letras vermelhas bem grandes, e depois um subtítulo, "a menos que queira ficar milionário". O que você achou? Se quiser posso te mandar um exemplar quando sair da gráfica. "A grande esperança branca da literatura gaúcha". Alguém dia desses lembrou que você me chamava assim. Uma das poucas coisas boas de você ter ido embora é que eu voltei a ter fé no meus critérios de avaliação das pessoas. Na verdade, no meu único critério: se lê, vale a pena, se não lê, não vale. Por que com ninguém mais aconteceu o que acontecia com você, Mieko, aquela surpresa praticamente todos os dias. Você foi a menos leitora das pessoas com quem me relacionei e no entanto nenhuma outra me impressionou tanto. Ainda penso muito sobre isso. Eu achava que você tinha uma relação intuitiva muito foda com o mundo, mas agora tô achando que é outra coisa. Agora penso que teu maior talento, na verdade o que te constitui, é uma capacidade doida de viver oblíqua ou paralelamente à realidade. Não consigo explicar isso de outra maneira. Explicar já é uma coisa aparentemente tão fora do teu universo de necessidades que tenho medo de que você desista deste email antes de chegar ao fim. Por favor, não desista. Ainda tenho umas coisas legais pra te falar. Mas é isso... oblíqua é uma palavra boa pra você. Sempre foi assim, o teu hedonismo e a tua despreocupação nunca exigiram mais do que essa obliquidade pra transitar pelo mundo. E dá certo! As coisas sempre aconteceram pra você. Agora você está em Amsterdã e, embora eu não goste disso, sou obrigado a concordar que a tua vida é uma escala ascendente. Uma vida com estilo e prazer... as pessoas querem fazer parte disso. Eu também queria. Já passei da fase da perplexidade quando penso a respeito. O meu erro foi sempre te colocar numa posição inferior à minha. Aí, claro, eu não entendia como um sujeito nutrido à boa literatura podia se deixar fascinar por uma guria como você. Uma fascinação para além da beleza. Embora você tenha sido a mais bonita de todas, não era só isso. Eu quis muito, embora não percebesse na época, me anular pra ser alguma coisa no teu universo. Me sinto um tanto ridículo falando isso agora, ainda mais quando lembro que faltam algumas coisas essenciais neste teu mundo. Literatura, por exemplo. É pena que você não goste de ler, senão te recomendaria um livro que ilustra bem o que quero dizer a teu respeito. Chama-se A Montanha Mágica. Nele tem um cara que vai pra uma montanha (a mágica), na Suíça, recuperar a saúde. Hans Castorp é o nome do personagem. Lá o carinha conhece várias pessoas, entre elas dois intelectuais que passam o tempo todo discutindo e tentando cooptá-lo. Um é humanista e o outro jesuíta. Mas não é isso o que interessa. Ele conhece também uma mulher pela qual se apaixona. Ela tem "olhos quirguizes" que lembram ao tal Hans os olhos de um colega de colégio. Uma coisa meio gay, o que não é de se estranhar, pois autor do livro era gay. Mas aí o cara se apaixona pela mulher e fica alucinado até que... chega o marido dela. Não, ele não se apaixona pelo marido. Não no sentido sexual, pelo menos. Acontece que o recém chegado é um homem excepcional, uma força da natureza. Ele se apaixona pela alegria e vitalidade do sujeito. O pobre Hans esquece completamente seus dois mentores intelectuais e também a moça dos olhos quirguizes. Você é isso, Mieko. Você é o meu Mynheer Peeperkorn (o marido). Só que você é a vitalidade do cara com a beleza da mulher. Eu poderia juntar todos os mentores intelectuais do mundo e não ia adiantar nada. Você é uma espécie de tiro de misericórdia na razão. A Júlia, dia desses, falou que você é uma energia telúrica. Mas logo discordaram dela. Eu discordo também. Você é ar... a mais aquariana das aquarianas. Por falar na Júlia, ela está muito mais na boa comigo. Toda a antipatia que ela sentia por mim parece ter desaparecido agora que você não está aqui. As vezes penso em perguntar se era só ciúmes, despeito por eu ter "roubado" sua doce namorada Mieko, mas acho que isso já não tem importância. Todos nós aceitamos o fato de que você se foi. Uma noite dessas quase ficamos juntos numa festa. Estávamos bêbados, claro. Na verdade a Júlia parecia um pouco mais do que bêbada. Ecstasy, eu acho. Faltou muito pouco para que acontecesse. Teria rolado se não fosse você, Mieko. Por que quando nos olhamos deu pra ver como se estivesse escrito, estávamos os dois buscando um último pedaço daquele mundo que era o teu. O resquício da Mieko em cada um de nós. Os dois patéticos, os dois sozinhos. Eu quis sair correndo, mas então a Júlia me abraçou. Me abraçou muito forte e eu também abracei. Ficamos assim um bom tempo no meio daquele monte de gente, no meio daquele monte de som. Entendi que naquele momento pelo menos não era mais você o que buscávamos, Mieko. Era a nós mesmos. É estranho como passei a gostar da Júlia a partir daquilo. Então dei um beijo no rosto dela e disse que ia buscar uma cerveja. Ela estava com olhos molhados. Enxugou com as costas das mãos e disse que já era a vez delas no palco. Foi um show memorável. Foi uma noite memorável. Você deve saber que a banda mudou de nome, não é? As gurias achavam (e com razão) que o antigo nome estava muito vinculado à tua imagem. Agora se chamam Penny Ladies e a Júlia assumiu o vocal. A nova baixista é muito boa. Veio de uma banda de jazz fusion, mas é a mais "rock and roll" das três. É muito bonita também. O som da banda tá mudando. As gurias estão migrando aos poucos pra uma coisa mais britpop (Penny Ladies...). Um britpop de primeira, aliás. Todas as resenhas que li até agora foram elogiosas. Escuta essa: "...trata-se do melhor power trio de Porto Alegre. A nova vocalista é carismática e competentíssima, quase nos faz esquecer a versatilidade da primeira vocalista da banda, uma nissei que incorporava no palco de Björk a Kate Pierson, passando por P. J. Harvey e Patti Smith, entre outras tão diferentes quanto interessantes". Essa é você. É de um site especializado, saiu há uns dois meses. Você está na Holanda há quase dois anos (faz tudo isso mesmo?) e ainda é citada por aqui. Enquanto isso tem gente se escabelando pra ter o nome em negrito na contracapa da Zero Hora. Falando em Holanda, li no jornal que os holandeses são o povo mais alto do mundo. Dez centímetros a mais do que a média dos norte-americanos e dos britânicos. E continuam crescendo. Fico pensando em você, Mieko, uma oriental pequena e delicada aí no meio destes gigantes. Mesmo o Senhor Imitação de Nick Cave deve ser baixo perto dessa gente. Você ainda está com ele? Ok, ok... não vamos tocar neste assunto. Apenas me diga se o cara conseguiu cumprir a promessa de fazer vocês tocarem em Montreux. Se acontecer, não deixe de me avisar. Embarco pra Suíça no dia seguinte e vou pra Davos. Lá vou me internar na clínica da "montanha mágica" e aguardar uma visita tua, meu Mynheer Peeperkorn. Davos fica no lado oposto ao de Montreux, mas as distâncias na Europa são sempre tão facilmente superáveis, não são? Estarei lá te esperando, desde que não seja a época do Fórum Econômico Mundial. Isso foi uma piada, Mieko, mas você provavelmente não sabe o que é o Fórum Econômico Mundial, não é? Então esqueça, e me desculpe. Já me estendi demais, quero finalizar este email (extremamente longo para os teus padrões, mas espero que você ainda faça concessões para antigos namorados). Vou agora para o nosso bar. Talvez acabe conhecendo alguém interessante qualquer dia desses. Tanto quanto você? Duvido. Mas "este é um mundo de possibilidades infinitas", como diz o Beto. Acho que posso terminar este email exatamente como terminei os outros, já que no geral consegui me lamentar menos (ou você não concorda que o tom mudou?): volte, Mieko. Volte qualquer dia desses, assim sem avisar. Faça a mim e ao resto dos teus amigos a mais agradável das surpresas. Volte, não antes que te esqueçamos, por que isso é impossível, mas antes que a força das coisas sem a tua presença acabe por nos embotar. Volte antes que parem de chamar o nosso bar de "o bar de vocês". Volte antes que os resenhistas esqueçam da japinha baixista/vocalista que matava a pau no palco. Volte antes que eu e Júlia paremos de procurar você um no outro. Volte antes que eu pare de elaborar teorias a teu respeito. Simplesmente volte, Mieko. Volte antes que tudo acabe.

Do sempre seu
Telmo.