Lembro que no dia em que a Yeda ganhou as eleições pro Governo do Estado eu estava voltando de Canoas. Estava no ônibus que vinha pela Farrapos e pude ver o pessoal do PSDB e eleitores afins indo pra Sertório comemorar o resultado. Vi muitas mulheres dependuradas nas janelas dos carros ostentando bandeiras e berrando a plenos pulmões. Vi principalmente que não eram gritos festivos, eram gritos raivosos de gente tripudiando o derrotado. Eram gritos de desabafo depois de toda a tensão da disputa. A direita volta e meia se apropria de ideias da esquerda - por carência de ideias próprias, imagino - e, invariavelmente, faz um uso claudicante destas. Estariam naquele momento se apropriando da famigerada pecha de "raivosos", sempre tão leviana e perversamente atribuída à turma da esquerda? Sei que o mundo tem um pouco mais de lados do que simplesmente direito e esquerdo atualmente, mas ainda assim a coisa é menos poligonal do que alguns querem fazer parecer. Esses dias li um cara no ABC Domingo dizendo que a "censura" do ministro Tarso Genro ao jornal O Estado de São Paulo era "característico do comportamento de "COMUNAS"". Putz... um cara larga uma destas num jornal de grande circulação, então tô liberado pra recorrer aos velhos clichês neste meu humilde blog.
segunda-feira, 17 de agosto de 2009
Tá errado, Yeda... tá errado!!!
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
O autor deste blog (ainda) não morreu!!!
Às vezes - e não poucas - estou procurando alguma imagem específica no Google e dou de cara com uma - ou mais - mulher pelada. Como acho mulher pelada uma coisa das mais lindas, acabo dando um clic aqui e outro ali que não estavam nos meus planos. Mas quase sempre vale a pena. Este desenho aí de cima é de um quadrinista norteamericano chamado Adrian Tomine. O Tomine faz parte de uma nova safra de autores gringos. Tive oportunidade de ler, há dois ou três anos, um livro publicado pela Conrad que trazia uma penca de gente talentosa no traço e nas ideias. Lembro que gostei principalmente de Daniel Clowes (de quem acabei lendo depois "Como Uma Luva de Veludo Moldada em Ferro"), Adrian Tomine e dos irmãos Jayme e Gilbert Hernandez - caras por quem sempre escancarei minha admiração. Pois bem, quero registrar um protesto. Apesar de todos os novos ventos que têm soprado no mercado de quadrinhos brasileiro, ainda existem coisas que nós nem sequer sabemos da existência. Fui o responsável pela manutenção da Mostra Internacional de Quadrinhos lá na 25ª Feira do Livro de Canoas. Coisas fantásticas, acreditem. A maior parte delas nós nunca vamos ver por aqui (não traduzidas para o português, pelo menos). Mas nem me refiro às publicações nas línguas mais estrambóticas do mundo... não, vejo que até mesmo publicações em inglês feitas ali nos EUA (simplificação auto-permitida por uma análise de proporções), e que têm qualidade de sobra pra estourar por aqui, não nos são ofertadas. É o caso do Adrian Tomine, autor do lindo desenho aí de cima e de um livro intitulado "Shortcomings". Puxei de um blog chamado "Kapow!!" o texto aí de baixo que fala do que trata a obra. Eu fiquei muito a fim de ler, mas como meu conhecimento de inglês se resume à conjugação do verbo To Be, vou ficar só na vontade até que um editor antenado faça a boa ação de publicar gentes novas por aqui.
Criador da espetacular série Optic Nerve, Adrian Tomine é um historiador do homem comum. Como poucos autores – em qualquer mídia – ele entende que o mundo contemporâneo vive mergulhado em sarcasmo, mesmice, correção política e outras doenças modernas que parecem travar nossa evolução como espécie. Caso em questão, o gerente de cinema Ben Tanaka, protagonista de sua primeira graphic novel. De origem nipônica, ele namora com Miko, uma descendente de japoneses (que vive para “reafirmar” sua herança) e sua melhor amiga é outra nissei, lésbica, que não dura muito em nenhum de seus relacionamentos. Quando Miko dá um break e vai morar em Nova York, Ben aproveita para fazer um balanço de sua vida – o que não significa nenhuma introspecção, ou o menor esforço para ele lidar com sua total inabilidade em se relacionar com pessoas, e sim sexo com mulheres diversas (e não-asiáticas, de preferência) e a demolição de cada bobagem erguida pela juventude “correta” contemporânea – “artistas” e “malditos” muito parecidos com os indies brasileiros. De traços econômicos, Tomine faz seu discurso sobre intolerância e preconceito disfarçado de dramédia romântica moderna. Mas sua intenção não é doutrinar ou tomar partido: é mostrar como as pequenas coisas mudam o rumo de nossa vida. E ser um cronista das pequenas coisas é o que faz dele – e de Shortcomings – grande.