Fiquei 16 dias vendendo livros na Feira do Livro de Canoas. Foi cansativo. Além disso foi frustrante. Uma feira com mais de 30 bancas, das quais menos de 5 se salvavam (e mesmo essas, olhe lá...). O que é se salvar? É não vender quase todas a mesma coisa: livros infantis, exotéricos, religiosos, espíritas, auto-ajuda, best-sellers, pontas de estoque (lixo apenas) e outras bobagens. Algumas poucas cabeças pensantes disseram "finalmente uma banca com livros de verdade" quando passaram pela Macondo. Claro, os outros livreiros vendem o que as pessoas mais procuram. É um ciclo vicioso: lixo ofertado, lixo consumido, lixo procurado. É esperar muito que eles, em algum momento, se sintam incumbidos da nobre missão de levar mais qualidade à vida das pessoas? Os espíritas, seicho-no-iê e religiosos em geral pensam que estão fazendo isso. Buenas, se estão, se as pessoas estão ganhando com isso, por que o número de IMBECIS nas ruas cada vez cresce mais? Religião é uma bengala. Tem muita merda nesse mundo... e religião não é a menor delas. Livros de auto-ajuda então... eles só existem porque as pessoas não consomem a boa literatura. Alguém disse uma vez: se as pessoas soubessem como a literatura faz bem, elas consumiriam por puro egoísmo... o bom é que isso mudaria enquanto elas lessem. A literatura salva, a literatura enriquece (materialmente, inclusive), a literatura humaniza. Pena que muito poucas pessoas leem. Muito poucos professores leem. Muito poucos jornalistas leem. Muito pouca gente ligada à cultura lê. E quando leem, é bobagem. Triste.
Ponto positivo na Feira do Livro de Canoas: quadrinistas. Um time muito bom de vários lugares do Brasil. E um que outro escritor, justiça seja feita.
(este texto foi mudado... desculpem a irritação idiota que me acomete às vezes).