quinta-feira, 29 de maio de 2008
quarta-feira, 21 de maio de 2008
Telmo and the City
Cuidado, o chato do Telmo está de volta! Telmo quer consertar o mundo. Telmo tem idéias românticas. Telmo tem um bom potencial para a fúria, mas a natureza, talvez sábia em suas ações, não lhe concedeu mais que 1,60m de altura, o que impossibilita levar a cabo seus planos de encher de porrada todas as pessoas estúpidas do mundo.
Crítica 1 – Trânsito. Lembro de um tempo – que não parece tão distante – em que os carros que circulavam pela cidade eram de quatro marcas apenas: Chevrolet, Ford, Volkswagen e Fiat. Hoje uma enxurrada de marcas novas invadiu as ruas. Carros aos montes, aos montes... Todo mundo tem carro. As concessionárias facilitam para que você possa colocar um “possante” na garagem. Os resultados disso são imagens que eu juntaria e colocaria num vídeo intitulado: O Objeto de Um Delírio Coletivo. Pátios abarrotados de carros usados, semi-novos e novos. Ruas com congestionamentos quilométricos a qualquer hora do dia (basta que aconteça um pequeno acidente, por exemplo, para que a coisa vire um caos). O pedestre é um acuado. Se bobear os caras te atropelam mesmo. Carros e motos. A maioria não respeita faixa de segurança e em algumas ruas os semáforos existem apenas para os carros, não foram programados para contemplar a necessidade de quem caminha. As pessoas que atravessem correndo. E essa visão estranha vai ganhando corpo com a conivência de todos. Vejam só: é um monte de objetos de lata que fazem barulho e te ameaçam nas ruas (sem falar da poluição e do efeito estufa), mas todo mundo quer ter o seu. O grande sonho de consumo. Prédios enormes são construídos para o Deus Carro. Estacionamentos e mais estacionamentos. A verdade é que são muitos carros pra uma cidade que não foi pensada pra tantos. E duvido que a construção de viadutos e perimetrais venha a resolver satisfatoriamente este problema. Eu, radical como sou, baixaria uma lei: fica proibida a circulação de carros no centro da cidade. Fechava algumas ruas e deixava a zona central mais humanizada. Se desse pra proibir o trânsito lá onde moro, proibia também. Pensando bem, proibiria o trânsito na cidade inteira. Baniria os automóveis, esses monstros de metal. Transporte coletivo ecológico pra todo mundo. Ah, motoqueiros com aqueles canos de descarga barulhentos, antes de verem suas motos virar sucata, passariam um dia inteiro numa sala ouvindo o barulho de suas próprias máquinas. Filhos da puta!
Crítica 2 – Espaços. A Livraria do Globo da Rua da Praia, um lugar grande, bonito, histórico da cidade, virou um espaço reduzidíssimo de frente para a José Montaury, uma travessa cheia de camelôs e um prédio da polícia. No seu lugar instalou-se uma loja de calçados. Saem os livros, entram os Nikes e Reeboks. Que bela troca, hein?!!! Não é de agora que a cidade vem perdendo espaços nobres e legais para o rolo compressor das lojas de consumo besta. Imaginem o contrário: vários espaços culturais e um número reduzido de lojas. Imaginem sair de casa pensando em que tipo de coisa comprar pra cabeça. E, se der tempo, dar uma passadinha numa loja qualquer pra comprar uma roupa ou um calçado. Imaginem a publicidade, este câncer da sociedade moderna, invadindo o horário nobre da TV (que não estaria passando uma novela) pra dizer: “você ainda não tem o último Oliver Sacks? Tenha já o seu. Agora a Livraria do fulano facilita pra você. Compre 20 livros e pague apenas 15, em 30 vezes sem juros. Sim... agora, além de toda a obra do famoso neurologista, você pode levar também um Philip Roth, um Paul Auster, e quem mais você queira. Não perca mais tempo, venha agora. Estamos de portas abertas esperando por você.
Os cinemas antigos fecharam. Vá ao shopping onde, além do filme (caro), você pode ser bombardeado por todo o tipo de comércio imaginável. Tudo isso já ameaçou ser pior. Lembro das lojas de bingo invadindo a cidade. Eu olhava para aquilo e pensava: meu deus... será que eu não to entendendo alguma coisa? O que está acontecendo? Foda. Esta cidade já é feia pra caramba com seus prédios cor de cimento e mal planejados, seus camelôs (não estou discutindo o caráter social disso, só estou dizendo que é feio) e todo o resto... poderíamos ao menos zelar pelo pouco que ainda temos de bom nela.
Crítica 3 – Norte-americanismos. Agora apareceu um partido novo por aqui: os Republicanos. Antes deles já havia surgido os Democratas. Nem vou comentar.
quarta-feira, 14 de maio de 2008
Eu, meu pai, Vera Fischer e Carlos Zéfiro
Em 82 eu tinha dez anos de idade. Recém tinha vindo de Cruz Alta para a “grande” Porto Alegre, mais especificamente para Alvorada, mais especificamente ainda para o Jardim Nossa Senhora Aparecida, na época um conjunto habitacional tinindo de novo onde todos os felizes moradores se esmeravam para ter o gramado mais bonito da rua. Lá comecei a freqüentar a igreja protestante Aliança Cristã e Missionária, o que era uma espécie de paliativo para a maior parte da família, bons metodistas sem uma igreja do senhor John Wesley para realizar seus cultos. Também freqüentava os campos e quadras do conjunto, pois era o dono de uma linda bola “Sócrates”, número 4, vermelha e branca. Acreditem ou não, eu jogava muita bola. Estava então na quinta série, tinha muitas dificuldades com Matemática e era apaixonado pela professora de educação artística. Não quero me gabar, mas acho que a recíproca era verdadeira. Um dia presenteei-a com uma história em quadrinhos colorida que eu tinha feito (algo com um tubarão musculoso que soltava raios pelos olhos e enfrentava os mais diversos perigos do fundo do mar) e ela me deu uma revista do Asterix (Asterix e Cleópatra) que li numa sentada e que foi, provavelmente, um dos melhores presentes que já recebi. Fora isso eu fazia pandorgas em série que se recusavam a sair do chão por defeitos de aerodinâmica e vivia nos matos à volta do conjunto catando peixinhos, girinos e mudas de samambaia que, invariavelmente, sobreviviam menos de uma semana. Eram bons tempos (menos pros peixinhos e girinos, claro).
Mas a razão desta postagem é outra. Vamos a ela: naquela época meu pai tinha ido trabalhar no Rio de Janeiro e, quando voltou, veio contando as coisas mais incríveis da Cidade Maravilhosa. Tinha visto tal atriz na Praia da Barra, tinha visitado o Pão de Açúcar, o Corcovado, etc, etc. Eu, que já estava bastante deslumbrado com o tamanho de Porto Alegre em relação à Cruz Alta, fiquei imaginando o quão fantástico deveria ser o Rio de Janeiro. Mas eis que meu pai, preocupado com a instrução do filho, puxa da bagagem uma PLAYBOY COM A VERA FISCHER (esta aí de cima). O ensaio da moça tinha fotos ao ar livre, com muitos dos pontos turísticos do Rio ao fundo. Meu pai ia virando as páginas e dizendo: “isso aqui é Ipanema... e ali, ó, o bondinho, e essa é a lagoa Rodrigo de Freitas...”. Eu ia dizendo ahã, ahã, mas é claro que meus olhos estavam cravados mesmo era em outras coisas que eu nunca tinha visto e que, não é pra me gabar, até hoje acho mais bonitas do qualquer ponto turístico do Brasil ou do mundo (eita, esse é macho!). A Vera Fischer tinha (e acho que ainda deve ter) uma (por que não dizer com todas as letras?) BUCETA LINDA. Quer dizer, hoje eu sei que era linda em relação a muitas outras, mas na época eu teria achado linda de qualquer jeito. Existem pessoas que dizem que são todas iguais. Buenas, não são, acreditem. É claro que meu pai fez aquilo mais por uma espécie de solidariedade masculina e boa intenção paterna do que pra me mostrar o Cristo abraçando a Guanabara. Hoje acho engraçado o artifício. Pensando bem, ele foi mais infantil que eu, mas agradeço ao velho: ele me mostrou a minha primeira mulher pelada de verdade. Eu já andava fazendo minhas pesquisas por conta própria, mas as mulheres nuas que eu vira até então, embora muito me emocionassem, careciam de cores, entre outras coisas. Tinha, devidamente escondidas, as minhas revistinhas do Carlos Zéfiro (o que me faz perceber que me voy poniendo viejo). Todo mundo sabe: são desenhos bem primários, muitas vezes toscos, mas caramba!!!!, me sinto privilegiado por ter pego os estertores do “catecismo” do mestre Zéfiro. Não que eu seja radicalmente contra a gandaia que hoje está aí instituída, mas o sabor da coisa proibida que era desvelada por aqueles quadrinhos não tem preço. Só quem passou por isso sabe o valor dos rabiscos pornográficos daquelas revistinhas de bolso.
E foi isso. A Vera Fischer veio e depois delas vieram muitas outras. Continuam vindo até hoje e virão até não sei quando (espero que até o fim dos meus dias). Parafraseando Buñuel (por que eu sou cabeça pra caralho): esse obscuro objeto do desejo. O ano de 1982 e os meus 10 de idade já vão longe, mas continuo sendo aquele guri completamente estupefato frente à visão de pêlos pubianos negros e fartos como os da Verinha. Que lindinho, não?
terça-feira, 13 de maio de 2008
Maio de 68
Por conta das atividades relembrando o Maio de 68, tenho feito algumas ilustrações alusivas à data. Na hora da tradicional garimpagem de imagens no Google (digito em português, inglês, francês, espanhol e, quando me recordo das aulas de alemão, digito até no idioma de Goethe) achei um monte de cartazes da época. Tri bonitos. Gostei da estética do negócio. Não é o realismo socialista chato (que eu acho chato pelo menos) do Diego Rivera. É estilístico, semiótico, bem humorado até. Muito bom mesmo. Achei que seria legal publicar alguns aqui no meu blog "vermelho socialista".
Meus amigos - London Eye
Cartão postal enviado pelo meu camarada Wilson em novembro do ano passado. A roda-gigante gigante de Londres. Meu privilegiado amigo pode ver de perto esta maravilha da engenharia, eu tive de me contentar em ir ao Wikipédia para descobrir mais sobre a "Roda do Milênio" - assim também chamada por que sua inauguração foi um marco da entrada do terceiro milênio. Vocês sabiam que o "brinquedinho" foi construído sobre o rio Tâmisa e depois foi içado aos céus? As diversas partes da estrutura vieram de barco rio acima (por que as ruas londrinas eram estreitas demais para o transporte das peças). Hoje a roda não é mais a maior do mundo (já existem duas que a superam em tamanho), mas permanece fantástica. Pra quem se interessa pelo assunto, leia aqui tudo o que eu li.
Ah, Will... brigado pelo postal.