segunda-feira, 14 de março de 2011

Viagem


Yo estuve en Montevideo. Meu portunhol melhorou um pouco. Meu astral melhorou um monte. Esse negócio de viajar até que é bem legal. Vou fazer isso com mais freqüência daqui pra frente. Ficamos, eu e dois amigos, num hostel. Quem já ficou num, sabe como é. Uma beleza! Gente de várias partes do mundo, galera se entrosando num portunhol claudicante ou num inglês macarrônico, muita cerveja e festa. Quartos mistos onde você pode ir dormir com uma argentina e acordar com uma inglesa (cada um na sua cama, infelizmente).
Montevideo é uma cidade interessante. Bonita, claro. Em muitos aspectos é parecida com Porto Alegre, mas as pessoas são muito mais civilizadas, o trânsito não é tão caótico e as ruas são, quase todas, arborizadas. Verdadeiros túneis verdes. E o ar é mais cosmopolita, evidente. É uma cidade turística com um quê de decadente. Se eu tivesse nascido lá, talvez me apaixonasse ao ponto de não trocá-la por cidade nenhuma do mundo.
A mulher uruguaia é serena. Parece que lá elas não estão assim tão ansiosas pela beleza. São elegantes com simplicidade. Não usam salto alto, por exemplo. E as demonstrações de interesse praticamente inexistem. Poderia achar que o problema era comigo, mas vi pouquíssimos sinais de flerte entre os homens e mulheres de lá. Ou eles são mais sutis. Talvez porque a cidade tem praias, as mulheres são um tanto “descuidadas” com a postura. Vi muitas sentadas de saia e com as pernas abertas. Os caras não dão a mínima, mas eu, confesso, tive que fazer um esforço grande pra não pagar uma de “brasileiro tarado”.
Me descobri um turista atípico. Fiz muito poucas fotos e não comprei souvenir algum. Mesmo livros comprei poucos. O fato de a cidade ter muitíssimas livrarias e a famosa feira dominical de Tristan Narvaja juntar um monte de sebos na rua, não mudou muito o meu perfil de garimpeiro literário. Compro os bons e baratos. E buenas, eles não estavam mais baratos por lá. Os preços se equiparavam aos daqui, com a desvantagem de serem livros em espanhol (eu leio na boa, mas pra vender não é legal). Trouxe na mochila um Borges, um Beckett, um Levi-Strauss e um uruguaio desconhecido que me recomendaram, Hector Galmes.
Tenho muitíssimas outras impressões pra compartilhar, mas isso de contar de viagens é meio chatinho, eu acho. Quem quiser saber mais sobre Montevideo deve ir até lá. Vale a pena.

3 comentários:

Maria Cláudia Cabral|Aika disse...

Eita que fostes a minha capital predileta do Mercosul. Perdoem-me os portenhos, Buenos Aires é incrível, mas Montevidéu tem qualidades únicas, muitas delas percebidas por ti. Simplicidade e serenidade. Há uma simpatia tranquila em seus habitantes, há quem diga que para solteir@s não é lá essas coisas, por ser o 'planeta-dos-casais-felizes'. Se esse lugar existir deve mesmo se parecer com Montevidéu.
De todo modo, sinto muito que não vá compartilhar mais sobre a viagem. Diferente de você adoro contar minhas experiências em outras culturas, sobre POA mesmo tenho pelo menos 3 posts. O olhar sobre um novo lugar, o primeiro olhar é único, como a primeira vez que comemos algodão doce.
Na próxima semana estarei mais uma vez em POA, será a quarta ou quinta passagem pela capital gaúcha, e desejo muito ver pela primeira vez o muito que ainda me falta conhecer dessa terra e dessa gente.

wilson disse...

E agora, como explicar pros japoneses que um evento assim tão desconectado da realidade deles (o Telmo saindo da toca) tenha sido o responsável pelo movimento das placas tectônicas?

Brincaderinha, Guerreiro. Te invejo nessa, velho...

Telmo disse...

Deixa estar, Will. Comecei a juntar coragem pra uma viagem mais longa, algo assim tipo as terras da rainha. Tem um colchonete sobrando aí?