Ok, momento ego total (o quê??? mais do que vinha sendo até agora?!!!). É... mais. Se alguém se der ao trabalho de procurar, vai ver que a terceira postagem feita neste blog - lá em fevereiro de 2008 - intitula-se "a inexorabilidade do tempo". São imagens de uma família que se fotografa todos anos (desde mil novecentos e lá vai pedrada) e nas quais se pode perceber a juventude indo embora aos poucos (triste, né?). Eu tentei fazer algo parecido aí em cima, mas por mais narcisista que eu seja, não consegui juntar uma foto de cada ano. E claro, o narcisismo aí é completamente injustificado: um cara sem sobrancelhas, com orelhas de abano e cada vez mais careca (sem falar na pose, quase sempre a mesma, pra disfarçar o vertiginoso desvio de septo)... tsc, tsc, tsc. Buenas, o ego é grande, admito, mas não se trata apenas disso. Trata-se de um gancho pra dissecar outros assuntos. A partir de mim, claro (o Protágoras já não dizia que o homem é a medida de todas as coisas? Então sente o silogismo: Telmo é homem, logo Telmo é a medida de todas as coisas (ah, meus tempos de filosofia!)). Na verdade a verdade mesmo é que estou meio que vivendo um pânico controlado (não é figura de linguagem, já tive crises de pânico - lá pelos meus 21 - e sei do que estou falando). Tá caindo a ficha de alguma coisa que eu ainda não consegui definir bem, mas acho dá pra simplificar dizendo que é a maldita crise dos 40 (deve ser isso... SÓ PODE SER ISSO).
Quando entrei na Filosofia, em 2005, era um cara de 33 que rapidamente se enturmou com a gurizadinha recém saída do 2º grau. Eles tinham 18, 19 e eram uma gente fantástica. Eu tinha quase o dobro da idade deles, mas isso não me incomodava. Me sentia jovem, jovem como eles. Mas agora, de repente, CABRUM!!!! caiu em cima de mim esse negócio: VELHO! Quando foi exatamente? Não sei. Comemorei meus 40 anos num barzinho da Cidade Baixa, cercado de bons amigos e me achando um cara até que inteirinho pra 40. Não fiz 42 ainda, como pode o meu astral ter mudado tão radicalmente em pouco mais de um ano? Porque estou me sentindo em fim de carreira? Será alguma coisa a ver com o fato de estar vivendo quase como um eremita aqui no litoral? O que me fez abrir os olhos de repente e começar a ver que todo o meu mundo envelheceu? As pessoas da TV, meus antigos amigos, meus antigos colegas de trabalho, as crianças da família, meus pais... Por que, de repente, me dei conta de que o tempo passou pra todo mundo? Por que antes não era assim? O que mudou? Alguém sabe de alguma teoria esotérica, alguma explicação baseada em física quântica, qualquer coisa, enfim, que responda POR QUE??? Tô aceitando de tudo pra acabar com esta angústia.
Uma vez alguém disse: jovens, envelheçam (eu poderia procurar isso no Google, mas tô com preguiça). Aí o Caetano Veloso (parece que foi ele) disse: velhos, rejuvenesçam. Claro, o Caê deve dividir comigo a opinião de que a juventude é coisa mais linda que existe (é irônico, pois a figura do Caetano é uma das coisas que mais me faz ver que o tempo passou. Todos aqueles caras da MPB que a gente gostava estão velhos, beeem velhos). E sim, eu presto um tributo constante à minha juventude - que nem foi tão sensacional quanto eu desejei, mas era juventude afinal de contas. Eu GOSTAVA de ser jovem, eu queria ser jovem pra sempre. Não sei quanto aos outros "novos" quarentões do pedaço, mas pra mim tá sendo barra. As razões para isso são várias, mas talvez a principal delas seja o fato de que dia desses me peguei protelando pela bilionésima vez algum projeto (de música ou de desenho) e uma voz interior me disse: cara, tu já não pode se dar a esse luxo... na real, tu já demorou demais... já era pra ter feito há muito tempo. E a voz continuou: te liga, sem-noção... aquela tua síndrome de Peter-pan já não tem mais onde se escorar... olha tua carinha no espelho e aceita, el tiempo pasa!
Tenho um amigo da mesma idade passando por crises parecidas. No caso dele o que parece estar pegando é o fato de que não produziu nada para a posteridade. O cara tem (ou tinha) pretensões artísticas, mas não escreveu o livro que a Companhia das Letras quer publicar, não desenhou a HQ ganhadora do prêmio Eisner, não deixou, enfim, o nome na calçada da fama. Isso não me torna melhor nem pior, mas preciso dizer que a minha frustração é de um matiz diferente: há muito tempo estou resignado com isso de não ter produzido nada de significativo no campo das artes. Tentei várias vezes, mas não foi demorado - e nem traumático - pra perceber minha mediocridade e aceitar o fato de que eu não tinha nada pra dizer (nada de original, pelo menos). As coisas são como são, um Rimbaud ou um Orson Welles não nascem todo dia. É aceitar isso ou nutrir a esperança de ser como o Kant, um cara que só foi produzir algo significativo (e bota significativo nisso: A Crítica da Razão Pura) quando tinha 57 anos. Um consolo para os de alma nobre que fazem arte pela arte, mas para mim o virtuosismo artístico deveria andar sempre de braço dado com o vigor da juventude, que sabe torná-lo mais festivo e sabe também usufruir melhor dos seus frutos. Tudo bem, sei que há controvérsias, mas ainda não sou velho o suficiente pra abrir mão desta opinião.
Mas voltando: se eu não compartilho o tipo de angústia do meu camarada, porque me incomoda o fato de não mais poder protelar meus projetos artísticos? Parece contraditório, uma vez que eu já havia aceitado minha incapacidade de dar ao mundo uma obra de arte de valor. Buenas, não se trata de preocupação com a obra, trata-se de preocupação (indignação) com vitalidade. Não vou morrer de desgosto se o mundo não souber quem é o Telmo, mas vou ficar muito triste por não poder mais brincar (simplesmente brincar) com a possibilidade de, quem sabe por acidente, acabar produzindo alguma coisa legal afinal de contas. E como tenho aquela opinião sobre virtuosismo/juventude, é claro que daqui pra frente só vou esmorecendo. Dá pra entender? Eu não queria perder o lúdico da coisa, e o lúdico da coisa não tem nada a ver com um senhor maduro. Por favor, não pensem que sou preconceituoso. É claro que velhos também podem brincar, mas não do mesmo jeito que jovens. Quer um exemplo? Tome um porre (de cerveja barata, sentado no meio fio) aos 20 e tome outro aos 40. No dia seguinte fale comigo. Essa é apenas uma das minhas ideias de diversão. Eu sei que com a idade os prazeres mudam, mas é foda... eu penso como o Jack London, a plenitude física tem muito valor pra mim. Talvez acabe morrendo da forma triste que ele morreu (e também o Nietzsche, um cara que por sinal o London admirava). Ou talvez a ciência descubra uma forma de garantir a imortalidade. Hum... pois é, mas a imortalidade não me interessa. Eu quero morrer um dia e passar logo pra fase seguinte, se é que ela existe. E quero ficar jovem até esse dia. É foda...
Quando entrei na Filosofia, em 2005, era um cara de 33 que rapidamente se enturmou com a gurizadinha recém saída do 2º grau. Eles tinham 18, 19 e eram uma gente fantástica. Eu tinha quase o dobro da idade deles, mas isso não me incomodava. Me sentia jovem, jovem como eles. Mas agora, de repente, CABRUM!!!! caiu em cima de mim esse negócio: VELHO! Quando foi exatamente? Não sei. Comemorei meus 40 anos num barzinho da Cidade Baixa, cercado de bons amigos e me achando um cara até que inteirinho pra 40. Não fiz 42 ainda, como pode o meu astral ter mudado tão radicalmente em pouco mais de um ano? Porque estou me sentindo em fim de carreira? Será alguma coisa a ver com o fato de estar vivendo quase como um eremita aqui no litoral? O que me fez abrir os olhos de repente e começar a ver que todo o meu mundo envelheceu? As pessoas da TV, meus antigos amigos, meus antigos colegas de trabalho, as crianças da família, meus pais... Por que, de repente, me dei conta de que o tempo passou pra todo mundo? Por que antes não era assim? O que mudou? Alguém sabe de alguma teoria esotérica, alguma explicação baseada em física quântica, qualquer coisa, enfim, que responda POR QUE??? Tô aceitando de tudo pra acabar com esta angústia.
Uma vez alguém disse: jovens, envelheçam (eu poderia procurar isso no Google, mas tô com preguiça). Aí o Caetano Veloso (parece que foi ele) disse: velhos, rejuvenesçam. Claro, o Caê deve dividir comigo a opinião de que a juventude é coisa mais linda que existe (é irônico, pois a figura do Caetano é uma das coisas que mais me faz ver que o tempo passou. Todos aqueles caras da MPB que a gente gostava estão velhos, beeem velhos). E sim, eu presto um tributo constante à minha juventude - que nem foi tão sensacional quanto eu desejei, mas era juventude afinal de contas. Eu GOSTAVA de ser jovem, eu queria ser jovem pra sempre. Não sei quanto aos outros "novos" quarentões do pedaço, mas pra mim tá sendo barra. As razões para isso são várias, mas talvez a principal delas seja o fato de que dia desses me peguei protelando pela bilionésima vez algum projeto (de música ou de desenho) e uma voz interior me disse: cara, tu já não pode se dar a esse luxo... na real, tu já demorou demais... já era pra ter feito há muito tempo. E a voz continuou: te liga, sem-noção... aquela tua síndrome de Peter-pan já não tem mais onde se escorar... olha tua carinha no espelho e aceita, el tiempo pasa!
Tenho um amigo da mesma idade passando por crises parecidas. No caso dele o que parece estar pegando é o fato de que não produziu nada para a posteridade. O cara tem (ou tinha) pretensões artísticas, mas não escreveu o livro que a Companhia das Letras quer publicar, não desenhou a HQ ganhadora do prêmio Eisner, não deixou, enfim, o nome na calçada da fama. Isso não me torna melhor nem pior, mas preciso dizer que a minha frustração é de um matiz diferente: há muito tempo estou resignado com isso de não ter produzido nada de significativo no campo das artes. Tentei várias vezes, mas não foi demorado - e nem traumático - pra perceber minha mediocridade e aceitar o fato de que eu não tinha nada pra dizer (nada de original, pelo menos). As coisas são como são, um Rimbaud ou um Orson Welles não nascem todo dia. É aceitar isso ou nutrir a esperança de ser como o Kant, um cara que só foi produzir algo significativo (e bota significativo nisso: A Crítica da Razão Pura) quando tinha 57 anos. Um consolo para os de alma nobre que fazem arte pela arte, mas para mim o virtuosismo artístico deveria andar sempre de braço dado com o vigor da juventude, que sabe torná-lo mais festivo e sabe também usufruir melhor dos seus frutos. Tudo bem, sei que há controvérsias, mas ainda não sou velho o suficiente pra abrir mão desta opinião.
Mas voltando: se eu não compartilho o tipo de angústia do meu camarada, porque me incomoda o fato de não mais poder protelar meus projetos artísticos? Parece contraditório, uma vez que eu já havia aceitado minha incapacidade de dar ao mundo uma obra de arte de valor. Buenas, não se trata de preocupação com a obra, trata-se de preocupação (indignação) com vitalidade. Não vou morrer de desgosto se o mundo não souber quem é o Telmo, mas vou ficar muito triste por não poder mais brincar (simplesmente brincar) com a possibilidade de, quem sabe por acidente, acabar produzindo alguma coisa legal afinal de contas. E como tenho aquela opinião sobre virtuosismo/juventude, é claro que daqui pra frente só vou esmorecendo. Dá pra entender? Eu não queria perder o lúdico da coisa, e o lúdico da coisa não tem nada a ver com um senhor maduro. Por favor, não pensem que sou preconceituoso. É claro que velhos também podem brincar, mas não do mesmo jeito que jovens. Quer um exemplo? Tome um porre (de cerveja barata, sentado no meio fio) aos 20 e tome outro aos 40. No dia seguinte fale comigo. Essa é apenas uma das minhas ideias de diversão. Eu sei que com a idade os prazeres mudam, mas é foda... eu penso como o Jack London, a plenitude física tem muito valor pra mim. Talvez acabe morrendo da forma triste que ele morreu (e também o Nietzsche, um cara que por sinal o London admirava). Ou talvez a ciência descubra uma forma de garantir a imortalidade. Hum... pois é, mas a imortalidade não me interessa. Eu quero morrer um dia e passar logo pra fase seguinte, se é que ela existe. E quero ficar jovem até esse dia. É foda...
Um comentário:
"O tempo é apenas um sujeito infeliz
que tenta me fazer chorar
nas noites de isônia" - Fragmentos
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