Conheci, por intermédio da minha amiga Naira Hofmeister, um escritor e poeta cubano chamado Felix Contreras. O homem tem 67 anos e sua cultura corresponde à idade. Em algumas mesas de bar (Naval e Lancheria do Parque - que caiu nas graças do cubano), Contreras contou-nos histórias de fazer inveja. Além de ter viajado por muitos lugares, conheceu gente importante que escreveu a história da América Latina na última metade do século - Luis Carlos Prestes, pra citar um exemplo. Mas não só por isso ouvi-lo é um grande prazer. Contreras é pobre, poeta, socialista e viveu muito... fica difícil imaginar pessoa mais interessante para se conversar. Em Cuba é amigo de todo mundo. Falamos mal - ele, principalmente - de Pedro Juan Gutierrez, falamos bem de Reinaldo Montero (As Afinidades - releitura das Afinidades Eletivas, de Goethe) e de muitos outros escritores, poetas e artistas em geral. Falamos de mulheres, claro. Contreras, do alto dos seus 67, podia ser - a controgosto, imagino - um personagem de um livro escrito em parceria por Pedro Juan e Philip Roth. Do Pedro Juan, sei o que ele pensa, do Roth, esqueci de perguntar... que pena. Contreras nos brindou, no exíguo espaço entre mesas do bar Naval, com uma imitação de como as brasileiras caminham. Segundo ele, as bundas femininas daqui passam nas ruas numa eterna cadência de sim-e-não. Nádega pra cima, nádega pra baixo, sim, não, sim, não. Sua imitação foi hilária e um comentário assim, vindo de um cubano (por que dizem que as cubanas "también tienen culo"), me faz pensar que realmente somos privilegiados no quesito "bunda". Vejam só... bunda e literatura, bunda e arte. É incrível como estas coisas andam juntas.
Dei uma pesquisada na internet e encontrei três livros de autoria do Contreras. Poesia e música. Um, publicado no Brasil, se intitula "Eu Conheci Benny Moré". Roubei a sinopse lá do site da Livraria Cultura: Benny Moré foi a culminação de todo caminho percorrido pela arte musical em Cuba. Sua voz passava da interpretação de uma canção suave a um guaguancó, quase sem se notar. Conhecido como o Bárbaro do Rítmo. Percorreu a frente de sua tribo, assim chamava a sua orquestra, muitos países Americanos. Este livro conta a sua vida e a sua trajetória artística.
Ah, Contreras também é uma autoridade em tango. Nos informou que o tango mais bonito que já ouviu foi composto em Porto Alegre. Eu, infelizmente, não lembro direito da história (estava muy borracho, entonces). Parece que um grande compositor passava por aqui quando ouviu uma linda voz feminina cantando. Foi atrás e descobriu quem era. Para esta mulher - que se chamava Maria Helena - compôs "Malena" (sim, é a mesma do autógrafo ilustrado aí em cima). Histórias iguais a esta, Contreras tinha as pencas para contar. Pero, ahora ya se fué... foi pra São Paulo visitar o filho. Deixou comigo e com o meu colega Gabriel (o doutor) um cartão de visitas com seu endereço e o convite para visitá-lo. Putz, conhecer Cuba seria muito legal. Acho que vou. Um dia...
Ei, Contrerito... vaya con Díos (si te gusta). Um abraço.
terça-feira, 30 de setembro de 2008
Novas amizades
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2 comentários:
Quis deixar um comentario ontem, mas as palavras me faltaram. Sublime, talvez seja isso... Encontro mágico...
Foi, Lu... foi muito legal mesmo. Tá cheio de gente interessantíssima no mundo. É uma sorte danada quando topamos com uma delas. Foi um privilégio, com certeza.
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