Eu não dava a mínima pra esta história de signos até os meus onze anos de idade. Começou numa viagem de escola pra Gramado (os famigerados passeios de fim de ano). Lá, entramos numa loja de lembrancinhas. Tudo caro, eu não sabia o que comprar. Aí vi uma plaquinha de madeira com o desenho de um escorpião. “Olha... o meu signo”. Baratinha e tal, comprei. Além da figura do aracnídeo, tinha também uma lista de qualidades e defeitos. Não dei muita bola, mas no ônibus o pessoal começou a comentar. Uma professora me disse: é, Telmo... tu é bem assim mesmo. Aí, fudeu.
Fui uma criança tímida e insegura, mas me sentia o máximo cada vez que lia as “qualidades” do meu signo solar. Da plaquinha evoluí pra revistinhas, pequenos livros e textos jornalísticos sobre o assunto. O tempo passou e eu não sei bem o que aconteceu entre aqueles dias da plaquinha de madeira e os de hoje, quando minha primeira curiosidade em relação a qualquer pessoa é sobre o signo. Mas é um fato, o interesse e o conhecimento do assunto cresceram significativamente (não o suficiente para fazer uma defesa embasada em dados científico/matemáticos – deus me livre daqueles cálculos complexos que os astrólogos sérios conseguem fazer - , mas o bastante para eu, de vez em quando, trazer o assunto à baila e me expor às críticas e caras de incredulidade).
Fiquei dois anos e meio numa faculdade de Filosofia. Foi tão pouco tempo, e o meu aproveitamento tão pífio, que seria uma afetação (e uma irresponsabilidade) dizer que isso me autoriza a falar com mais propriedade de algum assunto (a bem da verdade, a filosofia é tão rica em correntes e litígios que, mesmo entre os grandões, as “autoridades” estão longe de ser consensuais). Mas pelo menos mostra que o Telminho foi um pouco além da literatura circunscrita aos mapas astrais. Sugere – e podem acreditar – que eu devo ter algumas noções de lógica, epistemologia, metafísica e outras coisinhas complicadas que mudaram o mundo desde que o “seu” Sócrates surgiu com aquele papo de “maiêutica”. Ademais, antes ainda de travar contato com os “amigos do saber” já faziam minha cabeça os Dostoiévskis da vida. Portanto, não é um obscurantista este que vos escreve.
É importante fazer uma distinção aqui. Quando falo em astrologia, não estou me referindo a coisas como horóscopo diário, estas bobagens que as pessoas lêem no jornal pra saber como será o seu dia. O que sempre me interessou foi o estudo da personalidade dos indivíduos. E esse interesse só ganhou corpo com o passar dos anos porque a correspondência entre a teoria e a vida real é muito grande. São “coincidências” freqüentes demais pra se refutar assim na maior. Ou seja, faço uma defesa respaldada em conhecimento empírico. Comparo pessoas de mesmo signo. Comparo relações entre pessoas de signo “X” e pessoas de signo “Y”. Vejo que pais de um determinado signo geralmente têm filhos deste ou daquele outro signo. Percebo a incidência de casais de um mesmo par de signos (gêmeos e sagitário, por exemplo). Sei que atraio gurias de um determinado signo e passo completamente despercebido por mulheres de outro. Vejo que, frequentemente, as pessoas de um certo signo apresentam características do seu oposto complementar. Percebo características físicas e psicológicas e essas coisas são tão flagrantes que há algum tempo inventei uma brincadeira: tentava adivinhar o signo das pessoas. Acho que posso dizer que o meu índice de acertos era bastante alto. E diria mais: acho que se pode adivinhar o signo SOLAR de uma pessoa, mesmo das que já desenvolveram bastante as características do seu ascendente e mesmo das que diferem muito do seu signo solar por conta de uma configuração astrológica incomum.
Os críticos da astrologia apresentam vários argumentos (aparentemente muito bons) pra invalidar a “ciência dos astros”. Por exemplo: como pode acontecer de irmãos gêmeos, que nasceram ao mesmo tempo, serem completamente diferentes um do outro? (a resposta é fácil: é impossível nascer “ao mesmo tempo” e, pra astrologia, uma diferença de minutos pode mudar radicalmente a personalidade de uma pessoa. O ascendente de um pode ser capricórnio (sério, circunspecto, estável, pesado – elemento terra) e o de outro aquário (um signo de transformação, vanguardista – elemento ar). E aí tem os doze signos (de cada pessoa) distribuídos por casas diversas, com diversas significações. Para os céticos pode parecer que esse mundaréu de combinações não passa de um subterfúgio dos astrólogos pra explicar por que aquele canceriano é tão diferente daquele outro, mas o aprofundamento (que eu não fiz, mas do qual tenho noção) no estudo destes cálculos vai mostrar que a coisa é fundamentada.
De qualquer modo, não faz diferença para mim. Anos de observação foram o suficiente pra me convencer de que tem alguma coisa aí. Eu não sei se é realmente Plutão (que não existia nos mapas iniciais, depois foi descoberto e agora deixou de ser planeta) que faz com que um escorpiano seja assim ou assado. Não sei até onde é válida a mitologia do negócio (arianos são briguentos por que o seu planeta regente é Marte, deus mítico da guerra). Não sei muitas coisas, e não só em astrologia (quem me dera). O que sei é que as pessoas são diferentes entre si e a astrologia funciona bem (assim como outras coisas funcionam) para sistematizar as informações a respeito delas. Portanto, vou continuar curioso em relação a isso.
Qual o teu signo?
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