sexta-feira, 22 de julho de 2011

Facebookeanas...

O fato de eu ter entrado no Facebook colabora bastante na diminuição das postagens por aqui. Agora polemizo por lá e esqueço do blog. Buenas, é hora de inverter isso. Publico abaixo meu comentário ao post de uma amiga lá do Face (publico o post dela também).

Os aficcionados que me crucifiquem, mas por favor, não sem antes me explicar, preferencialmente de modo conciso e convincente, como é que aguentam assistir a mais de 3 minutos de novela. Tenho grande interesse antropológico nisso porque, pelamor, que troço bem chato!

(aqui vinham uns trinta e poucos comentários...)


Ser conciso com um assunto desses é provavelmente impossível. Por que é difícil falar da coisa sem meter antropologia, comunicação, sociologia, filosofia (já digo por que) e etc no meio. Gosto se discute sim (e religião e política - esses que os relativistas adoram dizer QUE NÃO SE DISCUTE (PORRA, É O QUE MAIS SE DISCUTE!!!). Mas a coisa é simples, termina sempre na pergunta: é ético? Fazendo um resumo (bruto) do imperativo categórico do Kant, pode-se dizer "minha liberdade termina onde começa a do outro". Delimitar isso é que é foda. Eu penso que uma novela (e os funks em geral, só pra citar outro exemplo entre milhares possíveis) presta um desserviço fenomenal pra evolução das pessoas. Não se trata só de estética. Estética não se justifica por si mesma. Uma novela é pensada a partir de uma realidade que já é completamente distorcida (do ponto de vista filosófico). Então o que ela reproduz são os anseios de uma gente pobre que adora ver gente rica, o merchandising rola direto (e viva o consumismo), as diversidades são tratadas superficialmente (caricaturadas quase sempre) e várias outras “liberdades” são tomadas em nome do entretenimento. Claro, novela ÉÉÉ entretenimento. Se as pessoas realmente quisessem aprender alguma coisa, assistiriam um programa cabeça (putz, existe isso na TV?). Mas ESTA é a questão. Que direito as pessoas têm a um entretenimento que dá corpo a um monte de equívocos e injustiças neste país maluco que é o nosso? E essa “lassidão” da vontade é, por si só, um problema a ser debitado na conta dos irresponsáveis da Televisão Brasileira. Pesquisas científicas já comprovaram que assistir TV causa uma espécie de dependência. Quanto mais o sujeito assiste, mais “plasta” vai ficando. É um troço físico mesmo. A novela foi só o gancho, na real acho que a TV é um grande vilão. Tem coisas boas (poucas), mas a imensa quantidade de lixo faz a gente pensar que é muito melhor mantê-la desligada. E sim, eu sei que tudo o que escrevi aqui dá margem pra discussões infindáveis. Sei que até numa fina flor da MPB a gente arranja assunto pra polemizar do ponto vista ético (minha briga nem é só com o funk). Sei que um programa como o Provocações (ainda existe isso?) pode muito bem fazer com que um ou outro perca as estribeiras. Enfim, se alguém souber de um mundo redondinho, perfeitinho, me avisa que vou correndo pra lá. Mas é foda ver a coisa toda descambando (violência, catástrofes climáticas, políticos safados, fundamentalismo religioso, cidades congestionadas, etc, etc) e notar que as pessoas que gostam de novela não percebem a sua parcela de culpa nisso. (Giselle, por favor, não dá meu endereço pra ninguém depois disso – rs).

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