Peguei um gripão. Não dormi de domingo pra segunda, nem de segunda pra terça. Febre, dor de cabeça, tremedeira, tosse. Um gosto ruim na boca, as coisas perdem o sabor. Enfim, cheguei a pensar que fosse a tal Gripe A, também chamada H1N1, também chamada Suína, também chamada Influenza. Cada vez que fico doente, penso que vou morrer. Só muito recentemente fui descobrir que isso é uma característica comum aos homens (putz...). Ainda acho que a dor dói mais em mim, mesmo assim resolvi publicar esse poeminha que achei na internet e que tira um sarro dos "candidatos ao túmulo" como eu. E porque é do António Lobo Antunes, e isso não é pouca coisa.
Pachos na testa, terço na mão,
Uma botija, chá de limão,
Zaragatoas, vinho com mel,
Três aspirinas, creme na pele
Grito de medo, chamo a mulher.
Ai Lurdes que vou morrer.
Mede-me a febre, olha-me a goela,
Cala os miúdos, fecha a janela,
Não quero canja, nem a salada,
Ai Lurdes, Lurdes, não vales nada.
Se tu sonhasses como me sinto,
Já vejo a morte nunca te minto,
Já vejo o inferno, chamas, diabos,
Anjos estranhos, cornos e rabos,
Vejo demónios nas suas danças
Tigres sem listras, bodes sem tranças
Choros de coruja, risos de grilo
Ai Lurdes, Lurdes fica comigo
Não é o pingo de uma torneira,
Põe-me a Santinha à cabeceira,
Compõe-me a colcha,
Fala ao prior,
Pousa o Jesus no cobertor.
Chama o Doutor, passa a chamada,
Ai Lurdes, Lurdes nem dás por nada.
Faz-me tisana e pão de ló,
Não te levantes que fico só,
Aqui sozinho a apodrecer,
Ai Lurdes, Lurdes que vou morrer.
António Lobo Antunes
quarta-feira, 27 de julho de 2011
Poema aos homens com gripe
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3 comentários:
Cara, não se rende. Faz um chá de folha de laranjeira, adoça com mel e toma com um analgésico. Se enfie na cama, use bastante cobertas pra tomar um suador. Pra aliviar a garganta e poder dormir dá-lhe própolis, tem que ser aquele forte mesmo.
Nem precisa de alho...
Valeu, maninho! Já meiorei!
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