Nas minhas primeiras semanas tive vários stress com o
pessoal da agência de correios daqui. A incompetência é fenomenal. Os livros
que vendo na internet são postados na modalidade "Registro Econômico"
(ou Registro Módico). Tu não imagina o quanto de incomodação eu tive pra
conseguir realizar o simples envio de um livro. Não vou entrar em detalhes
porque me irrito só de lembrar, mas pra tu ter uma ideia, na última vez tive
que ir a Tramandaí (40 minutos de ônibus) porque o sistema dos belezas tinha
caído e eles NÃO TINHAM UMA TABELA FÍSICA para fazer a coisa sem o uso do
computador. Enfim, aqui ainda estão na Era Mezozóica, mais ou menos.
Fora isso,
me transferi pra cá bem na época das eleições. Neste momento fico feliz de
morar bem no fim da praia, pq aí então os caminhões de som não se dão ao
trabalho de ir tão longe. Mas é horrível. Acontece aqui o mesmo que acontece em
Canoas (e nas cidades pequenas ou nem tanto do Brasil inteiro, imagino): eles
pegam uma música que já é ruim (sertaneja, pagode, funk) e adaptam uma letra
enaltecendo o candidato. Então dá-lhe "eu quero um tchum, eu quero um
tchá", "ai, se eu te pego", "kuduru" (é assim que se
escreve essa merda?) e outros lixos que a massa acéfala ouve passivamente. Eu
não sou o maior dos fãs do ECAD, mas esses caras não deveriam fiscalizar este
tipo de coisa? Digo, essa apropriação desautorizada (imagino que seja
desautorizada) das músicas desses "artistas"? Lá em Canoas (além de
um cara que se elegeu vereador usando o nome e imagem do Pateta, da Disney) o
atual candidato a prefeito pelo PSDB chegou a câmara, há alguns anos, depois de
vários meses estourando os tímpanos das pessoas com um enorme carro de som que
repetia à exaustão a adaptação de uma música idiota da igualmente idiota Ivete
Sangalo. Esse cara depois se tornou o braço direito da Yeda Crusius, o que me
levou ao seguinte raciocínio: Yeda Crusius, do mal. Braço direito da Yeda
Crusius, do mal. Consequemente Ivete Sangalo do mal. Mas acho que pode se
inverter essa ordem sem qualquer prejuízo... rs.
Buenas, tô me dispersando.
Voltando à vidinha na praia: internet foi outro problema. Esperei por meses uns
sujeitos que prometeram uma conexão via rádio. Só me enrolaram. Como estava de
saco cheio de pedalar até o centro todos os dias pra conferir meus emails
(principalmente os pedidos de livros), decidi apelar pro 3G (completamente
inseguro, pois os relatos sobre qual era a melhor operadora - ou a cobertura
menos ruim - variavam muito). Numa loja da Vivo em Tramandaí fiquei sabendo da
existência de um roteador. O negócio parece que funciona bem (é o que estou
usando neste momento pra te escrever este email) e oferece os gigas do modem 3G
por um preço mais em conta. O único porém é que não é completamente portátil
(até dá pra levar, mas precisa de uma tomada pra funcionar - como ainda sou um
neandertal que apenas usa o pc, tá de boa).
Continuando: vim pra cá com a ideia
fixa de tocar uns projetos de serigrafia. Demorou pra eu arriscar uma impressão
de verdade, mas o resultado, depois de umas 5 camisetas velhas ficarem
definitivamente inutilizáveis, até que foi bom. Estou nisso agora, corrigindo
pequenas falhas, acertando dosagens de químicos, tempos de exposição, etc.
Preciso comprar uma mesa “carrossel” para impressão serigráfica. Já procurei no
Mercado Livre, mas aqui no RS parece não existir tal artefato. Fora a
serigrafia, aproveito a total ausência de vizinhos próximos pra brincar pra
valer com a minha bateria. Não digo que estou tocando (agora, com internet e
uns videozinhos do YouTube, talvez eu acabe aprendendo), mas já é uma
satisfação poder fazer barulho a pleno. Barulho, aliás, tenho feito também com
a guitarra, o teclado e um trompete que um amigo emprestou (tchê, que
instrumento mais complicado!!!).
E o que mais? Tem uma cadela aqui comigo, a
Luma. Ela é tri bonita, acho que é policial, ou capa-preta... não entendo muito
de raças de cães, mas sei que ela parece um lobo. O problema é que além dela
tem mais 4 cachorros que não saem da volta da casa. Aqui em Cidreira, cada
quadra tem a sua matilha de cães abandonados. Dá uma pena, cara. O pior é que
tem uns cachorros bem bonitos, uns gigantes que chega a dar medo de passar por
perto. Eu tava disposto a cuidar da matilha da minha quadra, mas essas bandas
que dou até os mercados pra buscar restos de carne (eu peço “carne pra
cachorro”) me cansam e tomam um tempo danado (e custam uns pilas também). Além
disso, estou tendo problemas com os pulguentos que não saem do meu portão. Eles
ladram pra todo mundo que passa na rua, as pessoas pensam eles são meus. Um dos
meus stress com o correio daqui foi porque o carteiro simplesmente se recusa a
entrar na minha rua. Fui na agência buscar um livro que não chegava nunca. Na
embalagem, a explicação do carteiro: cão solto. Não adiantou eu dizer que a
porra do cachorro não era meu, que eu nada tinha a ver com o fato de o bicho
andar a solta. Enfim, o problema maior é o abandono. Espero que chegue logo o
verão (com seus veranistas) e que eles debandem pro portão de alguma casa que
tenha mais a oferecer (eu nem sequer como carne, pô!).
Tenho ido a Canoas/Porto Alegre numa média de duas vezes por
mês, mas quero espaçar mais estas viagens. Apesar de aproveitar pra comprar
coisas, ir ao dentista e garimpar livros, perco muito tempo na “capital”. Prefiro
ficar aqui, enfurnado no silêncio desta casa ao lado das dunas (é um cenário
bonito). A Melissa não gostou muito desta minha mudança, mas vamos nos
adaptando. Neste fim de semana ela vem pra cá. Eu agora só volto à cidade pras
eleições. Com muitas ressalvas, darei meu voto pro Jairo Jorge. Vereador ainda
não escolhi. Estou mais curioso com o resultado de Porto Alegre.
Dia destes acabei ficando uma semana inteira por aí
(desculpe por não ter feito uma visita). Fiquei porque o pessoal do Diário de
Canoas (a primeira turma) organizou um encontro – no fim de semana subsequente ao
da minha estada - pra comemorar os 20 anos do jornal. Achei que era melhor
ficar do que fazer mais duas viagens (e gastar – agora sou um homem
desempregado). Foi bem legal, Mittmann. Estavam lá o Dejair, o Lourenço, o
Flávio, o Elias, o Nauro e o Ricardo, um fotógrafo que já tinha saído do DC quando
eu entrei. Da turma feminina vieram a Stela, a Naná, a Valéria, a Raquel e a
Marília. Enfim, toda a redação original. Além destes estavam a Rita e a
Sherelia, que eram da circulação, se não me engano. Foi um encontro massa. O
Nauro escreveu um texto bem legal, ilustrado com as fotos do dia, no blog dele.
Clica aqui, que tu vai ver. Muita gente mudou (claro, foram quase duas décadas)
e eu fiquei meio baqueado, nenhum outro acontecimento nas minhas atividades
recentes fez com que caísse tão sonoramente a ficha de que eu sou um quarentão.
Mas foi tudo ótimo. Tão ótimo que eu bebi demais e terminei vomitando. O
Lourenço foi extremamente gentil e me levou pra casa (o encontro foi no
Italianíssimo, mas já estávamos então em Porto Alegre). Eu poderia te contar
detalhes sobre a vida atual de cada um deles, mas aí este email, que já tá
extenso pra caramba, ia ter o dobro do tamanho, Mimi. Então vou deixar essa
conversa para quando nos encontrarmos pessoalmente.
De resto, espero ter satisfeito a tua pergunta sobre como
anda minha vida. Claro que muitas coisas não escrevi aqui. A verdade é que
estou pensando em colocar este email no meu pra lá de abandonado blog (espero
que tu não te importe) e preciso cuidar pra não ficar contando de cada vírgula,
de cada suspiro do meu dia-a-dia (o que tornaria enfadonho algo que já não é lá
muito excitante).
Um abraço pro Lorenzo (que já deve estar bem grandão) e um
beijo pra Weridiana (ela vai votar nos direitosos este ano?).
Abração, Mittmann.
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