Tenho baixado muitas músicas, muitos filmes e muitos
quadrinhos. Os filmes e quadrinhos vou guardando para dias vindouros, mas as
músicas baixo e já ouço. A música brasileira deve ser mesmo a mais foda do mundo.
Porra, como tem coisa! Aproveitei que minha internet agora é boa e fui ouvindo
todos aqueles nomes que eu conhecia de “ouvir falar”. Alguns são sensacionais,
outros nem tanto e outros ainda bem fraquinhos mesmo. Tá cheio de neguinho
conceituado na nossa MPB que não passa de um belo embuste: a musicalidade é
legal, mas o discurso é uma merda. Não adianta, se o cara não tem inteligência,
leituras e/ou vivências, não tem o que dizer. Mas claro, música é uma coisa tão
difícil de categorizar que até alguns textos vazios se tornam agradáveis de ser
ouvidos.
Dentre os muitos artistas que conheci mais a fundo, o que
mais gostei foi o Luiz Tatit. É um professor de Linguística da USP que foi um
dos criadores do Grupo Rumo, lá por meados da década de 70. Esse Rumo, junto
com Itamar Assumpção, Arrigo Barnabé, Premeditando o Breque e outros, fez parte
do que ficou conhecida como a Vanguarda Paulista. Ou seja, um cara com uma longa história e o
desinformado aqui só foi conhecê-lo agora. Bom, isso não é de todo verdade. Há
alguns anos (uns dez, eu acho), uma cantora aqui de Porto Alegre – a Adriana
Deffenti – gravou a música “Capitu”, uma composição do Tatit. Eu ouvi e achei
sensacional, mas não fui além daquilo. Não lembro o que me levou, recentemente, a
buscar o cara na internet. O fato é que gostei muito. Aí fui catando tudo o que
achava do artista: músicas, entrevistas, referências literárias (ele escreve
sobre música), parcerias, etc. No encarte do CD "Com Defeito de Fabricação", obra genialíssima do Tom Zé, tá lá escrito: "dedicado a Luiz Tatit, por sua música". Acha que isso é pouca coisa, meu amigo?
Tipo sensacional esse Luiz Tatit. Vozinha calma, barbudo,
cabeludo, óculos... Eu penso num Chico Buarque mais lúdico, mas também mais
professoral. Letras muito bem elaboradas, uma musicalidade... como dizer? Fora
do convencional? Acho que sim. O jeito de cantar é quase que uma fala, coloquial.
E no entanto tem momentos que são verdadeiros achados melódicos. Aliás, esse
negócio da fala – das alternâncias e ênfases da fala – é (se eu entendi bem a
história) um objeto de estudo do Tatit. Esta entrevista é longa, mas vale a
pena ser assistida do início ao fim, pois é uma verdadeira aula sobre origens
da música brasileira, entre outras coisas.
Fiz abaixo uma seleção de algumas das músicas que mais gosto
do simpático (queria ter colocado mais duas: Final Feliz e Quase, mas não achei vídeos dessas).
Ouçam aí, gente. Vale a pena.
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