Esse é o Totó, o cachorro lá da casa dos meus pais (esse nome ridículo foi meu pai quem botou). Às vezes fico pensando o que fica pensando um cachorro como o Totó. Cada um o trata de um jeito. Meu pai dá comida (por que o cachorro é dele), brinca e surra o cachorro (meu pai é um pouco agressivo, pode-se dizer). Minha mãe xinga o coitado do bicho o tempo todo. Ela odeia bichos. Meu irmão River nem sabe da existência dele. O River é indiferente ao mundo (acho que ele é uma forma mais evoluída de vida). Meu irmão Dani adora "judiar" do coitadinho. Aquelas brincadeiras de criança malvada, entende? Minha filha Melissa é como o River, não tá nem aí. Mas se ele se aproxima, ela tem medo. Minha sobrinha Larissa abraça, beija na boca, brinca, chacoalha, monta, desmonta, corre com ele... faz o diabo. Ela adora bichos. A mãe dela, a Michele, também trata os bichos com muito carinho. Acho isso bonito. Eu chego lá, dou um "oi" pra ele e faço um afago na cabeça. Gosto de bichos, mas sou como as prostitutas: beijo na boca, não.
Bom... dizem que os bichos adquirem as características do dono. O Totó tem um ar meio triste, como é o ar ensimesmado e melancólico que o meu pai - um legítimo escorpiano do bem e do mal - carrega desde sempre. O Totó fica trancado no pátio, mas não perde oportunidade de escapar e aprontar poucas e boas. Dia desses apareceu mais morto do que vivo em casa. A dúvida era se ele tinha apanhado de um Pitt-bull ou de um Hotweiller. Meu pai nunca apareceu neste estado, mas já teve seu tempo das escapadas (enfim, os pais são humanos). E assim é a vida do Totó. Me pergunto quantos anos ainda ele vai viver. Me pergunto se cachorros têm alma. Me pergunto se ele entende o que falamos (meu pai conversa com ele). Me pergunto se ele realmente enxerga em preto e branco - e como quem afirma isso pode ter certeza. Me pergunto se eles enxergam a aura das pessoas (gostaria de perguntar que tal é a minha). Me pergunto muitas coisas quando vou lá pra casa da mãe, pego um livro pra ler no gramado e vem o Totó se aninhar aos meus pés. É um cachorro simpático. Um vira-latas meio rueiro e vagabundo (e talvez muito de sua simpatia resida aí) que se fosse gente eu convidaria pra tomar uma cerveja. Falaríamos de mulheres e cadelas... de cadelas e mulheres.
Ah, muito certamente lhe emprestaria uns livros do Jack London.
quinta-feira, 28 de agosto de 2008
Totó
Só os quadrinhos salvam
Uma vez, inspirado por Love & Rockets (os quadrinhos mais sensacionais do mundo), bolei uns personagens e um universo mais ou menos na mesma linha. Assim... mais pra menos do que pra mais. Quem me dera ter metade do gênio dos irmãos Hernandez. Fiz umas três páginas e desisti. Outra vez, inspirado por Major Fatal (A Garagem Hermética), de Moebius, comecei outra história numa linha parecida. Bom, minha vida tá cheia de "linhas parecidas". Quando li o Cavaleiro das Trevas, do Frank Miller, quase enlouqueci. Quando li o "Minhas Mulheres", do Crumb, quis fazer algo igual... Sou o que se chama geralmente de "pilha fraca", ou "Fogo de Palha". Tenho muitas "primeiras páginas" lá em casa pra comprovar a crítica. Aí, logo abaixo, fotografei umas e trouxe pra botar no blog. Se existisse mercado de quadrinhos neste país, eu não seria tão fogo de palha, tenho certeza. Mas me digam: quem é que tem ânimo de tocar seus projetos pessoais depois de oito horas de trabalho estressante na frente de um computador? Eu não tenho. E o mundo perde a obra de um grande gênio! Huahuahuahauhauhauhauahuahuahuahahauh...
terça-feira, 26 de agosto de 2008
Valêncio Xavier
Terminei de ler por estes dias "Rremembranças da Menina de Rua Morta Nua e Outros Livros", do escritor Valêncio Xavier. O Valêncio nasceu em São Paulo, mas é considerado um escritor paranaense, assim como o Cristóvão Tezza, que nasceu em Santa Catarina, mas adotou Curitiba. Tenho um apreço muito grande por alguns escritores curitibanos. Dalton Trevisan, Cristóvão Tezza, Jamil Snege (um genial escritor sobre quem já escrevi neste blog) e Valêncio Xavier. Não, nunca li Paulo Leminski... mas sei da fama do sujeitinho. Um dia eu encaro. Bom, dos que eu li, cada um é completamente diferente do outro. O Vampiro Trevisan dispensa comentários. O Tezza - de quem li O Terrorista Lírico, O Ensaio da Paixão (livros de início de carreira) e Breve Espaço Entre Cor e Sombra - sempre me fazia pensar: se esse cara se puxar um pouco, vai ser um Cortázar, tenho certeza. Pode ser que a comparação não tenha nada a ver, mas é como eu pensava... não sou crítico literário. O Snege com seus "Como Eu Se Fiz Por Si Mesmo", "O Jardim, A Tempestade", "Viver é Prejudicial à Saúde", "Os Verões da Grande Leitoa Branca" e "Como Tornar-se Invisível em Curitiba" já garantiu um lugar no meu coração até o fim dos tempos. E o Valêncio, que talvez seja o mais diferente dos escritores - e não estou falando apenas dos paranaenses -, foi uma descoberta valiosíssima que devo ao meu amigo Jeferson Assumção (uma das muitas que devo a ele) que me emprestou há vários anos O Mez da Grippe e Outros Livros, volume que saiu pela Companhia das Letras e que juntou os seis livros do Valêncio publicados - de modo quase marginal - até então. É difícil descrever a literatura daquelas páginas. Eu chamo de poesia visual, entre outras coisas. Jornalista e cineasta, o cara trabalha com fotos, películas, ilustrações, grafismos, recortes de jornal, trucagens fotográficas, embalagens de produtos, mapas, semiologia e etimologia e, claro, texto escrito também. Se você pensa que desta mistureba é pouco provável que saia o que se pode chamar de boa literatura, então aceite a sugestão de ir correndo comprar os livros do Seu Valêncio pra tirar a dúvida. O cara é um monstro, consegue juntar tudo isso e fazer uma poesia tocante, uma semiótica brutal e humanizadora (ó, eu falando bonito). Mas é isso. O Mez da Grippe, Minha Mãe Morrendo e o Menino Mentido (que ainda não li, mas vou adquirir sem falta) e este último, Rremembranças da Menina de Rua Morta Nua, obras de um escritor pra lá de sui generis que vale muito a pena. Falou o mestre em literatura pela Real Academia dos Chinelões de Canoas que Botaram Alguma Coisa na Cabeça.
Texto inacabado II - ou Por que sou melhor que a torcida do Flamengo
Eu estava no supermercado tentando comprar o que as pessoas geralmente compram. Detesto esses lugares, estava tendo dificuldades. Andei de prateleira em prateleira pegando várias coisas apenas para largá-las um pouco mais adiante. Fiz uma boa bagunça misturando iogurtes com cadernos, caixas de leite com tapetes de banheiro. O problema é que os produtos no cestinho não me pareciam REALMENTE necessários. Apesar disso, quando cheguei ao caixa minha cesta estava pesada. Dentro dela duas latas de conserva, uma dúzia de ovos e dois fardos de cerveja. Havia fila em todos os caixas. Pensei "Deus, as pessoas devem adorar fazer isso". Me dirigi a um que só atendia clientes com no máximo 10 produtos. Estava louco pra sair daquele lugar horrível que repetia incessantemente uma musiquinha ridícula de Natal. Não sei como os funcionários conseguiam ouvir aquilo o dia inteiro e não enlouquecer. Na verdade sei... sei que as pessoas são estúpidas, suportam qualquer coisa e são até capazes de gostar. Minha teoria particular é a de que pessoas são como verduras ou legumes numa horta: elas existem pra suprir o mercado. Tem gente poderosa no mundo inteiro controlando a plantação de pessoas. Explosão demográfica? Que nada! Vamos inventar mercados e fazer essa gentarada trabalhar pra nós. Pessoas são melhores do que autômatos, pois aceitam uma programação e ainda consomem. Que grande negócio, hein? Eu sei... essa teoria não é original e não é só minha.
Na fila tinha uma morena, tinha uma morena na fila. Cabelos pretos e lisos, puxados para frente por sobre o ombro direito, um ideograma tatuado no pescoço e um tribal no cóccix. Vestia uma calça saint-tropez que deixava à mostra um quadril sensacional, a bunda era perfeita, as pernas eram grossas - mas sem exagero - e os seios, pequenos. Era o meu tipo de mulher. Sim, e da torcida do Flamengo também. O fato é que eu às vezes dou sorte com as preferidas da torcida do Flamengo. Tenho uma cara meio cansada, um jeito de quem já viu de tudo nesse mundo. As mulheres olham pra mim e pensam que eu poderia ser bonito, se quisesse, e isso já é o suficiente. O que elas não sabem é que essa cara é minha alma: ando realmente muito cansado e já vi coisas do arco da velha. Mas tive a sorte de conseguir manter o tédio afastado da testosterona. Portanto, ali estava eu novamente descobrindo o sentido da existência. O problema é que a fila andava rápido e a minha cabeça devagar. Não conseguia pensar em nada pra chamar a atenção. Foi quando olhei pra cestinha dela. Ela também levava dois fardinhos de cerveja além de umas poucas bobagens. Era um sinal, Deus, tinha que ser! Preparei a minha melhor cara de cara cansado e superior, mas nada da gostosa olhar pra trás. Na fila ao lado tinha uma outra gostosinha, loira, que de vez em quando me fitava com interesse. Não era de se jogar fora, mas eu agora só tinha olhos pra morena. Chegou a vez dela no caixa e o máximo que consegui foi uma lenta transição da minha melhor fisionomia fodona pra uma cara de bunda bem autêntica. Até a loirinha desistiu de mim. Então ouvi a voz da morena:
- Ai, não! Peguei o produto errado, este não é light, né? Dá pra trocar?
A menina do caixa disse que sim e um guri que parecia uma versão mais jovem do Woody Allen foi trocar o negócio.
- Desculpa, tá? - ela disse, finalmente olhando para mim. Fui pego de surpresa e não tive tempo de desfazer a cara de bunda. Só consegui dizer um "tudo bem" que, pra ajudar, saiu falseteado. Belo machão!
O Woody Allen júnior voltou, ela pagou suas compras, juntou suas sacolas e foi embora. Ver aqueles 98,
Dei mais uns dez passos e de repente ouvi um sonoro "PORRA" à minha esquerda. Era a morena. A razão de ter saído porra daquela boca linda é que uma das suas sacolas tinha arrebentado e parte de suas cervejas caído no chão.
- Quer uma ajuda? - perguntei.
- Ah, obrigado. Estas sacolas são umas merdas. Será que quebrou alguma?
- Acho que não. Tu teve sorte. Quer que eu te ajude a levar?
- Tu não te importa? Eu quero. Moro ali, ó... naquele edifício.
Ela morava praticamente na frente do supermercado. Não deu pra conversar muito, mas pelo menos ganhei um olhar esquadrinhador que prometia alguma simpatia e não falei mais
- Quer uma água?
- Pra falar a verdade tô louco por uma cerveja.
- Hum... eu tenho umas geladas. Senta aí.
Vocês ouviram? “Senta aí”. Alô torcida do Flamengo: aquele abraço.
- Pode ser Heinneken? Eu acho um pouco amarga, mas é só o que tem.
- Tá perfeito - respondi.
Tomamos uma Heinneken, duas Heinnekens, três Heinnekens e depois partimos pra cima dos seus fardos recém comprados.
- Ei, já estão gelados!!! - comentei.
- Meu freezer é poderoso! - ela disse rindo.
O nome dela era Renata. Fazia Biblioteconomia e vivia da grana que os pais mandavam do interior. Talvez fosse efeito da bebida, mas ela agora parecia ainda mais gostosa do que no supermercado. Sentada no sofá, seu quadril e suas coxas pareciam ter dobrado de tamanho. Eu estava naquele momento excitante que mistura ansiedade e tranquilidade, aquela hora em que tu já sente um climão se fechando à volta, quando tu tem a certeza de que vai comer aquela deusa e que, apesar de ela ficar falando e falando e falando, está pensando na mesma coisa que tu. Quando ela foi pegar mais uma long-neck, levantei e fingi que olhava os livros na estante. Quando ela voltou, sentei ao seu lado. Ela serviu meu copo sem me olhar nos olhos. Quando me passou a cerveja, eu disse:
- Quero te beijar.
- Tá.
O resto não precisa de descrição. Tem sido praticamente a mesma coisa há milhares de anos. A verdade é que uma transa nunca faz jus às expectativas. Quando a gente olha uma mulher, fica admirando mil coisas: a pele dos ombros, as pintinhas no colo dos seios, a curvatura do músculo da coxa, as veias delicadas no peito do pé, os nós dos dedos longos e finos, as supostas auréolas rosadas dos seios, o presumível desenho dos pêlos pubianos, etc, etc. É um arrolamento doce e prazeroso. Mas na primeira - ou nas primeiras - transa, tudo isso se perde num turbilhão de sons e cheiros e gestos. É uma espécie de alheamento, mas claro, é o melhor alheamento.
Depois ficamos deitados um tempo sem falar nada. Então ela se virou e de maneira brincalhona esfregou a bunda no meu pau. Abracei-a por trás e encaixei o bicho no meio das suas nádegas.
- Teu pau é bonito - ela disse.
- Tu achou?
- Sim. Ele é bem formado, tem uma cor bonita e é cheio de veias. É um pau de personalidade.
- Não são todos iguais?
- Claro que não. Tem uns paus horríveis. É que nem buceta. Vai dizer que todas as bucetas são bonitas?
- Não, é verdade. A tua é fantástica.
- Brigada...
- O que significa este desenho no teu pescoço?
- Tristeza.
- Tristeza? Interessante...
- Interessante nada. É horrível. Era pra ser "Felicidade", mas o puto do meu ex-namorado me sacaneou.
- Ah é?
- Ele é tatuador. Eu pedi um ideograma de "Felicidade" no pescoço, só que o merda descobriu que eu tinha dado pra um amigo dele e aprontou essa comigo.
- Hum...
- O nosso namoro já tava indo pro espaço. Aquele idiota vivia dando em cima das minhas amigas.
- Mas tristeza pode ser uma coisa legal. É bonita, poética...
- Que horror! Quem é que acha a tristeza bonita? Eu vou é tatuar outra coisa por cima quando sobrar uma grana
- Cuidado pra não exagerar. Mulher cheia de tatuagens não é legal. Vocês têm peles tão bonitas.
- Nem todas nós, gostoso. E esse pau duro aí embaixo? Já tá pronto pra outra?
- Hum... Só mais umas trinta... depois tenho que ir embora.
Este texto termina aqui por que o seu autor, que sempre foi nutrido a Dostoiévski, Borges, Cortázar, Calvino, Machadão, Philip Roth, Beckett, Shaw e outros vários fodões, não acredita neste tipo de sub-literatura (e nem consegue fazer coisa melhor).
quarta-feira, 20 de agosto de 2008
Hoje é festa lá no meu apê
Cara, dançar sozinho é o maior barato. Acho que estou ficando louco. Não só por dançar sozinho, mas por ainda ter coragem de registrar isso e trazer a público as imagens. Já fui mais centrado. Em outros tempos eu estaria lendo um daqueles muitos livros que aparecem ao fundo. Bom, já li vários, se é que isso me redime um pouco. Mas, como diria o sábio Lobão: pense e dance. Dá pra ler e pogar... tudo a seu tempo. Uhhhhhúúúúúúúúú!!!!!!!!!!!!!!!!
terça-feira, 19 de agosto de 2008
Estante Virtual
Tenho vendido muitos livros no Estante Virtual. Beleeeeeza! Meus tempos de livreiro no Brique da Redenção acabaram, mas graças ao EV - onde o livro que você procura está muito mais barato, pode ter certeza - continuo no negócio. Trata-se do maior portal de sebos da internet brasileira. Além dos 200 livrinhos que eu cadastrei no site, você encontra milhões de outros títulos. Também compro por lá. Tudo funciona direitinho. Aí em cima estão as últimas qualificações que recebi do pessoal que comprou livros de mim.
Outros caras
Achei muito engraçado - e pertinente - esse cartum sobre o aquecimento global. Tem caras que têm as manhas de fazer coisas engraçadas.
Desenhos antigos
Achei no meio das minhas coisas umas tirinhas que desenhei há muito tempo. Mais um dos meus incontáveis projetos que não saíram da primeira página. Tava relendo e não achei tão ruins. Claro, sou extremamente condescendente comigo mesmo...
segunda-feira, 18 de agosto de 2008
Damned!!!
Reproduzo aqui uma página da Rue Morgue Magazine - uma revista canadense de cultura de horror - abrilhantada pela Damn Laser Vampires, a banda mais a fudê que surgiu em Porto Alegre nos últimos tempos.
Sou amigo da Francis K. e do Ronaldo Selistre há vários anos. A Francis é uma baita desenhista, estilista, pintora, maluca... O Ronaldo, além de desenhista, também escreve umas coisas muito boas. Há algum tempo os dois se juntaram ao Michel Munhoz, outro que desenha pra caramba, e deslancharam com a Damn Laser Vampires. Meu forte não é música, por isso não vou me arriscar a adjetivar o som deles. Sei que eu gosto. Muita gente gosta. E sei também que ninguém merece mais do que eles o sucesso que estão fazendo. Como diria meu amigo Wilson, eles são muito foda!
quarta-feira, 13 de agosto de 2008
terça-feira, 12 de agosto de 2008
As urnas foram abertas!!!
Terminou o prazo da minha enquete. Muito obrigado a todos os amigos que votaram. Agora, munido do egocentrismo que me é peculiar e do bem nutrido narcisismo que mantenho apesar de todas as razões para não fazê-lo, gostaria de comentar o resultado.
Mulher: 3 votos
Não teria me incomodado se esta opção tivesse ganho. Ao longo destes meus sofridos 36 anos de vida, fui amansando meu romantismo exacerbado, mas ainda estou longe de dizer que me livrei dele. Hoje não escuto as músicas piegas e mela-cuecas que ouvia na adolescência e nem passo dois anos apaixonado pela mesma pessoa, mas - muito raramente, é certo - ainda caio na armadilha de acreditar em um amor e uma cabana quando vejo uma guria que me balança as estruturas. Tenho o ascendente em capricórnio, e isso seria ótimo... mas minha lua é em escorpião. Este aracnídeo em dose dupla já é overdose, já dá pra matar. Morrer de amor... que lindo, hein?!!! Mas não se preocupem, Werther não é mais o meu livro de cabeceira. Nem Os Trabalhadores do Mar, nem O Barão nas Árvores, nem Noites Brancas e nem La Invención de Morel. Não vou morrer de amor. Ou será que vou?
Mulheres: 8 votos
Quase que esta ganhou. Ficou em segundo lugar. Bom, estaria mais próximo das minhas atuais leituras de cabeceira. O Homem que Amava as Mulheres, do mestre Truffaut, Mulheres, do velho safado, Minhas Mulheres, do mestre Crumb e por aí vai. Irresistível a vontade de contar sobre as mulheres da nossa vida, né? Eu, que só pego gripe, já me senti tentado inúmeras vezes a fazer isso. O problema é que sou vil e desprezível. Minhas histórias são ilícitas... nem expiação posso fazer, pois estes relatos envolvem pessoas que não querem ser citadas. Mas é isto... quem não precisa das mulheres? Só elas mesmas e os gays - ainda assim com exceções. Eu, do centro do lugar comum onde estão todos os homens toscos ou nem tanto deste mundo declaro em alto e bom tom que gostaria de ter todas as mulheres do mundo (todas as que eu botasse o olho, pelo menos). Grande novidade! Vamos adiante.
Dinheiro: 3 votos
Pouco votada. Ao contrário do item "Mulher", fico feliz que tenha sido assim. Quero crer que o meu desapego à grana é uma coisa bastante visível. Claro que eu queria ter dinheiro. Tenho todo um estúdio musical pra montar e uns pequenos consertos pra fazer neste corpinho modesto que Deus (acho que foi ele) me deu. Mas não faço da grana - E PRINCIPALMENTE NÃO FAÇO DO TRABALHO - o centro da minha existência. Ces't vrai.
Psicanalista: 1 voto
O menos votado. Isso é bom e mau. Bom por que de uma votação tão baixa depreendo que as pessoas me consideram "analisado" (digam que sim, por favor!). Mau por que EU QUERIA. Porra, adoro o Woddy Allen e quando assistia, há anos, aquelas conversas do Paulo Santana com o Dr. Paulo Rebelato na TV Com, tinha a certeza de que um bom psicanalista tornaria minha vidinha cheia de neuras bem menos desconfortável. Claro que eu nutria, lá no fundo do meu serzinho monomaníaco, a esperança de que o psicanalista seria do sexo feminino, usaria um vestido longo que subiria automaticamente até a metade das coxas quando ela cruzasse as pernas e que ela diria com os olhos "vamos fazer sexo animal neste divã" enquanto sua boca pronunciava "uhum... me fale mais sobre isso". Sou freudiano, devo avisar.
Encontrar Deus: 7 votos
Olha! Me surpreendeu esta. A idéia de Deus é uma coisa tão fora do meu espectro de interesses que vê-lo assim, tão presente na vida dos meus amigos (estamos falando de 8 pessoas, eu sei, mas deixem eu brincar que isso é importante e lembrem-se que as pesquisas de opinião fazem uma projeção relativamente boa a partir de uma parcela ínfima da sociedade) me espantou realmente. Gosto, assim como Dostoiévski, de Jesus Cristo. Não gosto do Sócrates, aquele chato, gosto do Platão. Gosto das pessoas boas. Nelas gosto de Deus. Acho que Deus são os meus amigos, são as pessoas que te fazem rir da idéia de tudo ter saído de um aminoácido. Deus sou eu, por que não dizer? Deus somos todos nós. É o que eu penso. Mas tudo isso carece de embasamento... e eu não sou bobo de sacar do coldre a minha intuição simplesmente. Mas é ela... o que posso fazer?. Só que, como eu disse, vamos deixar Deus pra lá... por enquanto.
Largar tudo e viver como um andarilho: 4 votos
Tá bom, entendi. O pessoal não quer que eu saia daqui. Tudo bem gente... já vão longe os anos em que eu, bem empolgado com leituras de Jack London, George Orwell, Cortázar e outros (devo citar À Mão Esquerda, do Fausto Wolff, aquele mala que escreveu um bom livro), jurava que ia ganhar o mundo com uma mochila nas costas. Hoje sei que não vou virar um cidadão marginal do globo. Sou um cagão.
Levar uma boa surra: 12 votos
Campeoníssima. Pois é... Eu poderia dizer que já apanhei muito até hoje. Pelo visto não adiantou. O pessoal ainda quer me surrar. Eu proponho aos poucos amigos que vão ler esta bobagem toda que me escrevam e digam: se eu levasse uma surra, e esta surra me tornasse uma pessoa melhor, como isto se refletiria neste balanço que agora vos ofereço?
Beijos a todos. Como diria o meu amigo Fábio Klein: amo vocês!
Um poema
Tá cheio de blogs publicando coisas de outras pessoas (e não as de seus autores). Talvez não seja assim tão ruim como eu penso, mas existem tantos blogs fazendo isso que a coisa perdeu a graça. Eu raramente publico coisas de outros autores, mas às vezes cedo à tentação. É o caso deste poema do Drummond, que eu acho muito bonito:
Canção Amiga
Eu preparo uma canção
Em que minha mãe se reconheça
Todas as mães se reconheçam
E que fale como dois olhos
Caminho por uma rua
Que passa em muitos países
Se não me vêem, eu vejo
E saúdo velhos amigos
Eu distribuo um segredo
Como quem ama ou sorri
No jeito mais natural
Dois carinhos se procuram
Minha vida, nossas vidas
Formam um só diamante
Aprendi novas palavras
E tornei outras mais belas
Eu preparo uma canção
Que faça acordar os homens
E adormecer as crianças
Bons tempos
Eu trabalhava no Diário de Canoas. Fiquei lá de 93 a 96. Foi bom por que conheci muita gente legal: Dejair, Lourenço, Flávio, Elias, Nauro, Sobral, Adrianas, Cláudias, Valéria, Stela, Raquel, Naná, Claiton... uma galera (sei que tô esquecendo gente). E tinha mais um pessoal com quem eu já tinha trabalhado em outras ocasiões (Marília, Viviane, Jeferson, Mittmann). Tirando o fato de que eu tinha que fazer todos os dias, inclusive domingos e feriados, a mesma coisa chata (diagramação), era uma época legal. Fazia umas ilustrações e charges também. Naqueles dias em que o glorioso Grêmio do Felipão tava indo pro Mundial, eram inevitáveis as discussões acaloradas com os colorados (com o perdão do trocadilho). Sei que perdi uma caixa de Norteña pro meu amigo Claiton Magalhães numa aposta de que o Grêmio ganharia o jogo contra o holandês Ajax. Paguei. Mas um pouco antes da ida do Tricolor pra final, escrevi um texto e botei no mural da redação. Foi engraçado. Ficou mais engraçado ainda por que meu amigo Magalhães respondeu. Buenas... eu tava revirando minhas coisas lá em casa e achei os textinhos. São legais. Resolvi publicá-los aqui.
terça-feira, 5 de agosto de 2008
Nunca mais, nunca mais...
Achei este desenho na internet. Gostei. Em homenagem ao meu grande amigo Edgar Allan Poe, resolvi publicá-lo neste blog que, não obstante uma que outra bobagem, costuma fazer a sua apologia da boa literatura.