Terminei de ler por estes dias "Rremembranças da Menina de Rua Morta Nua e Outros Livros", do escritor Valêncio Xavier. O Valêncio nasceu em São Paulo, mas é considerado um escritor paranaense, assim como o Cristóvão Tezza, que nasceu em Santa Catarina, mas adotou Curitiba. Tenho um apreço muito grande por alguns escritores curitibanos. Dalton Trevisan, Cristóvão Tezza, Jamil Snege (um genial escritor sobre quem já escrevi neste blog) e Valêncio Xavier. Não, nunca li Paulo Leminski... mas sei da fama do sujeitinho. Um dia eu encaro. Bom, dos que eu li, cada um é completamente diferente do outro. O Vampiro Trevisan dispensa comentários. O Tezza - de quem li O Terrorista Lírico, O Ensaio da Paixão (livros de início de carreira) e Breve Espaço Entre Cor e Sombra - sempre me fazia pensar: se esse cara se puxar um pouco, vai ser um Cortázar, tenho certeza. Pode ser que a comparação não tenha nada a ver, mas é como eu pensava... não sou crítico literário. O Snege com seus "Como Eu Se Fiz Por Si Mesmo", "O Jardim, A Tempestade", "Viver é Prejudicial à Saúde", "Os Verões da Grande Leitoa Branca" e "Como Tornar-se Invisível em Curitiba" já garantiu um lugar no meu coração até o fim dos tempos. E o Valêncio, que talvez seja o mais diferente dos escritores - e não estou falando apenas dos paranaenses -, foi uma descoberta valiosíssima que devo ao meu amigo Jeferson Assumção (uma das muitas que devo a ele) que me emprestou há vários anos O Mez da Grippe e Outros Livros, volume que saiu pela Companhia das Letras e que juntou os seis livros do Valêncio publicados - de modo quase marginal - até então. É difícil descrever a literatura daquelas páginas. Eu chamo de poesia visual, entre outras coisas. Jornalista e cineasta, o cara trabalha com fotos, películas, ilustrações, grafismos, recortes de jornal, trucagens fotográficas, embalagens de produtos, mapas, semiologia e etimologia e, claro, texto escrito também. Se você pensa que desta mistureba é pouco provável que saia o que se pode chamar de boa literatura, então aceite a sugestão de ir correndo comprar os livros do Seu Valêncio pra tirar a dúvida. O cara é um monstro, consegue juntar tudo isso e fazer uma poesia tocante, uma semiótica brutal e humanizadora (ó, eu falando bonito). Mas é isso. O Mez da Grippe, Minha Mãe Morrendo e o Menino Mentido (que ainda não li, mas vou adquirir sem falta) e este último, Rremembranças da Menina de Rua Morta Nua, obras de um escritor pra lá de sui generis que vale muito a pena. Falou o mestre em literatura pela Real Academia dos Chinelões de Canoas que Botaram Alguma Coisa na Cabeça.
terça-feira, 26 de agosto de 2008
Valêncio Xavier
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