quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Então é Natal...

Recebi este "cartão" de Natal do camarada Jozz, um quadrinista de São Paulo que conheci na última feira do livro de Canoas. O Jozz tem um traço muito legal e produz bastante. E é gente boa.
Reproduzo o cartão porque fiquei impressionado com as coincidências entre a história contada e a minha vida. Meu camarada Emerson disse: desenhista deve ser tudo assim mesmo. Por que ele também se identificou.
É... é uma vidinha beeeem mais ou menos.
Valeu, Jozz!

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Dias ruins

Ilustração que fiz pra uma revista que está sendo produzida aqui na agência. Não saiu ainda, não sei se podia estar publicando o desenho agora. Buenas, o blog não é lido pelo pessoal do meu trabalho (fazem bem).

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Estudos

Desenhos que faço nas minhas horas ociosas (que não são muitas).

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Macaco velho...

O último desenho que fiz para o site de estampas de camiseta. Desisti da coisa. Me enche o saco ficar vetorizando meus desenhos. Acho o Photoshop mais amigável. A verdade é que eu deveria aprender a usar a tal Tablet, mas os anos passam e a gente vai perdendo a disposição de aprender coisas novas. Pelo menos as relativas à informática.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Banksy

Banksy é conhecido no mundo inteiro, mas sempre pode ter alguém que ainda não sabe do trabalho do cara (meu caso até agora). Para estes, coloco aqui este link: BANKSY. O sujeito é fodástico. Eu olho os troços dele e penso: "caramba... por que EU não imaginei uma coisa assim?"
Também coloco aqui um texto da minha amiga Ana Caroline (http://thepictures.wordpress.com/). É de maio de 2008 (o que mostra que a minha amiga é muito mais antenada do que eu) e dá uma boa ideia da importância do artista.

A Street Art e o artista guerrilheiro

Até agora, a trajetória de um artista contemporâneo consistia em escola de arte seguida da exposição em galerias e da compra das obras por colecionadores influentes e instituições públicas, tudo isso somado a convites para festas cool. Hoje, depois do MySpace transformar a indústria da música, dos blogs tomarem os espaços dos jornais e do YouTube roubar da TV o posto de provedor primeiro de informação instantânea, a Street Art, ou Arte de Rua, utiliza a Internet como mídia para invadir o mundo da arte. Prova disso é a popularidade de sites como www.woostercollective.com; www.graffiti.org e www.picturesonwalls.com.

Com origem nos Estados Unidos, a Street Art está hoje centrada na Inglaterra, assim como as casas de leilão, que desde 2006 oferecem as mais valorizadas obras do mundo, entre elas as de artistas de rua, e as vendem rapidamente a colecionadores de arte tradicionais e celebridades, apesar de os críticos de arte britânicos a chamarem de piada ou se recusarem a comentá-la. Se em 2002 Banksy, o mais cultuado e influente artista inglês, vendia suas obras por pouco mais de 50 libras nas feiras alternativas de Londres; em fevereiro passado, no primeiro leilão de Urban Art, ou Arte Urbana, seu macaco Laugh Now obteve o lance maior, de 228 mil libras.

Toda vez que um trabalho de Banksy vai a leilão, atinge novo recorde, abrindo caminho para artistas como Adam Neate e Nick Walker. Galerias especializadas em Street Art estão também conquistando espaço. A mais famosa delas é a Laz Inc, no Soho, que representa Banksy, Paul Insect e Mode 2, uma figura que desde os primeiros anos do movimento faz arte inspirada em quadrinhos. Ano passado, Dennis Hopper e Angelina Jolie faziam ali suas apostas, e a atriz e Brad Pitt gastaram um milhão de libras apenas em obras de Banksy.

O crítico de arte Ben Lewis está produzindo um documentário sobre o atual mercado da arte, chamado Brave New Art World, e afirma que o trabalho de Banksy é interessante e deve resistir à prova do tempo porque tem uma história política e uma história cultural jovem, além do respaldo de celebridades. A mídia frequentemente se refere a ele como ele mesmo se define: “terrorista da arte”, por chamar a atenção do mundo para temas atuais através, por exemplo, da exibição Santa’s Ghetto de 2007, que consistiu na criação de pinturas com spray ao longo da barreira que separa Israel da Palestina ou, recentemente, ao espalhar o graffiti “Vote Ken” pelos prédios de Londres em apoio ao candidato a prefeito do partido trabalhista, Ken Livingston.

Em agosto de 2006, Banksy e Danger Mouse – produtor de Attack & Release dos Black Keys – repuseram nas lojas de discos britânicas 500 cópias dos CDs de estréia de Paris Hilton, incluindo remixes intitulados “Why am I Famous?”, “What Have I Done?” e “What Am I For?” . No encarte, a socialite aparece topless, com uma cabeça de cachorro e saindo de um carro de luxo, cercada de sem tetos. Além da mensagem social, há anos a Street Art afeta o mundo da publicidade, da moda e do design, e enfim passa de uma resposta trangressora contra o sistema, feita nas ruas, para algo de valor e exposta em galerias.

A partir de 23 de maio e durante três meses, a Tate Modern de Londres – galeria de arte mais popular do mundo – exibe Street Art, permitindo que a fachada do prédio, às margens do Tâmisa, seja utilizada como canvas pelos artistas europeus Blu, JR e Sixeart, os americanos Faile e os brasileiros Nunca e Os Gêmeos. Banksy, que em 2005 entrava disfarçado nos museus de Nova York para pendurar nas paredes suas versões de pinturas clássicas, e que esse ano doou alguns de seus trabalhos para galerias de arte britânicas, não participa da exibição. A galeria anunciou que ele não foi convidado, enquanto ele se manteve ocupado organizando The Cans Festival, ou Festival de Latas, que exibia o trabalho de 40 artistas do mundo todo em um antigo túnel de trem a dez minutos de caminhada da Tate Modern.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Deve ser por causa do meu ascendente em capricórnio

Eu não dava a mínima pra esta história de signos até os meus onze anos de idade. Começou numa viagem de escola pra Gramado (os famigerados passeios de fim de ano). Lá, entramos numa loja de lembrancinhas. Tudo caro, eu não sabia o que comprar. Aí vi uma plaquinha de madeira com o desenho de um escorpião. “Olha... o meu signo”. Baratinha e tal, comprei. Além da figura do aracnídeo, tinha também uma lista de qualidades e defeitos. Não dei muita bola, mas no ônibus o pessoal começou a comentar. Uma professora me disse: é, Telmo... tu é bem assim mesmo. Aí, fudeu.

Fui uma criança tímida e insegura, mas me sentia o máximo cada vez que lia as “qualidades” do meu signo solar. Da plaquinha evoluí pra revistinhas, pequenos livros e textos jornalísticos sobre o assunto. O tempo passou e eu não sei bem o que aconteceu entre aqueles dias da plaquinha de madeira e os de hoje, quando minha primeira curiosidade em relação a qualquer pessoa é sobre o signo. Mas é um fato, o interesse e o conhecimento do assunto cresceram significativamente (não o suficiente para fazer uma defesa embasada em dados científico/matemáticos – deus me livre daqueles cálculos complexos que os astrólogos sérios conseguem fazer - , mas o bastante para eu, de vez em quando, trazer o assunto à baila e me expor às críticas e caras de incredulidade).

Fiquei dois anos e meio numa faculdade de Filosofia. Foi tão pouco tempo, e o meu aproveitamento tão pífio, que seria uma afetação (e uma irresponsabilidade) dizer que isso me autoriza a falar com mais propriedade de algum assunto (a bem da verdade, a filosofia é tão rica em correntes e litígios que, mesmo entre os grandões, as “autoridades” estão longe de ser consensuais). Mas pelo menos mostra que o Telminho foi um pouco além da literatura circunscrita aos mapas astrais. Sugere – e podem acreditar – que eu devo ter algumas noções de lógica, epistemologia, metafísica e outras coisinhas complicadas que mudaram o mundo desde que o “seu” Sócrates surgiu com aquele papo de “maiêutica”. Ademais, antes ainda de travar contato com os “amigos do saber” já faziam minha cabeça os Dostoiévskis da vida. Portanto, não é um obscurantista este que vos escreve.

É importante fazer uma distinção aqui. Quando falo em astrologia, não estou me referindo a coisas como horóscopo diário, estas bobagens que as pessoas lêem no jornal pra saber como será o seu dia. O que sempre me interessou foi o estudo da personalidade dos indivíduos. E esse interesse só ganhou corpo com o passar dos anos porque a correspondência entre a teoria e a vida real é muito grande. São “coincidências” freqüentes demais pra se refutar assim na maior. Ou seja, faço uma defesa respaldada em conhecimento empírico. Comparo pessoas de mesmo signo. Comparo relações entre pessoas de signo “X” e pessoas de signo “Y”. Vejo que pais de um determinado signo geralmente têm filhos deste ou daquele outro signo. Percebo a incidência de casais de um mesmo par de signos (gêmeos e sagitário, por exemplo). Sei que atraio gurias de um determinado signo e passo completamente despercebido por mulheres de outro. Vejo que, frequentemente, as pessoas de um certo signo apresentam características do seu oposto complementar. Percebo características físicas e psicológicas e essas coisas são tão flagrantes que há algum tempo inventei uma brincadeira: tentava adivinhar o signo das pessoas. Acho que posso dizer que o meu índice de acertos era bastante alto. E diria mais: acho que se pode adivinhar o signo SOLAR de uma pessoa, mesmo das que já desenvolveram bastante as características do seu ascendente e mesmo das que diferem muito do seu signo solar por conta de uma configuração astrológica incomum.

Os críticos da astrologia apresentam vários argumentos (aparentemente muito bons) pra invalidar a “ciência dos astros”. Por exemplo: como pode acontecer de irmãos gêmeos, que nasceram ao mesmo tempo, serem completamente diferentes um do outro? (a resposta é fácil: é impossível nascer “ao mesmo tempo” e, pra astrologia, uma diferença de minutos pode mudar radicalmente a personalidade de uma pessoa. O ascendente de um pode ser capricórnio (sério, circunspecto, estável, pesado – elemento terra) e o de outro aquário (um signo de transformação, vanguardista – elemento ar). E aí tem os doze signos (de cada pessoa) distribuídos por casas diversas, com diversas significações. Para os céticos pode parecer que esse mundaréu de combinações não passa de um subterfúgio dos astrólogos pra explicar por que aquele canceriano é tão diferente daquele outro, mas o aprofundamento (que eu não fiz, mas do qual tenho noção) no estudo destes cálculos vai mostrar que a coisa é fundamentada.

De qualquer modo, não faz diferença para mim. Anos de observação foram o suficiente pra me convencer de que tem alguma coisa aí. Eu não sei se é realmente Plutão (que não existia nos mapas iniciais, depois foi descoberto e agora deixou de ser planeta) que faz com que um escorpiano seja assim ou assado. Não sei até onde é válida a mitologia do negócio (arianos são briguentos por que o seu planeta regente é Marte, deus mítico da guerra). Não sei muitas coisas, e não só em astrologia (quem me dera). O que sei é que as pessoas são diferentes entre si e a astrologia funciona bem (assim como outras coisas funcionam) para sistematizar as informações a respeito delas. Portanto, vou continuar curioso em relação a isso.

Qual o teu signo?

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Ei... essa fila é pra que?

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Alexandre Andreyev




Massa esse cara. Tem mais coisas aqui.


Pinturas

Fiz umas reproduções de algumas pinturas famosas. A ideia era fazer pequenas alterações e publicar numa agenda pra um cliente da agência na qual trabalho. Trabalheira... e acabou não saindo. Valeu pela prática, mas claro, se eu pudesse escolher, NÃO TERIA FEITO.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Envelheço na cidade...

Quando eu era criança, vivia com as pernas, os braços e as dobras do corpo cobertas de feridas. Piorava tudo o fato de eu não resistir à vontade de tirar as casquinhas. Depois eu botava pedacinhos de papel no lugar delas. Aquilo grudava e só saía quando se formavam novas casquinhas, que eu é claro, novamente tirava. Infância pobre, os médicos do INAMPS (vejam só) recomendavam sempre a mesma pomadinha que não adiantava nada. Foi mais ou menos assim até os meus 14, 15 anos de idade, quando comecei a trabalhar. Um colega (Leandro, meu amigão até hoje) me disse: por que tu não procura um dermatologista? O que é isso, Leandro? É um médico que cuida da pele. E aí eu fui. A médica sentenciou: tu é um atópico, rapaz, vai ser alérgico assim a vida inteira. Tudo o que tu pode fazer é usar medicamentos pra controlar o prurido (a coceira). E desde então eu uso uma pomadinha à base de corticóides, lavo eu mesmo – à mão e sem Omo ou amaciante – minha roupa, tomo banho com sabonete de glicerina (agora tenho usado um Dove branco, que é bem bom) e não posso ter contato direto com lã ou tecidos diferentes do algodão. Além das perebas, tenho asma e rinite. Durante alguns períodos, uso bombinha direto. Quando estou maus de rinite, tudo é uma merda: pó, ar-condicionado (razão de eternas brigas com meus colegas de trabalho) e, claro, O MALDITO CIGARRO. Tenho vários amigos fumantes, e gosto deles, mas quando estou “rinitento” e alguém fuma perto de mim, gostaria de ter uma metralhadora e gastar toda a munição testando a pontaria nesta pessoa.
Bem, minhas pernas e braços já não têm mais feridas. Se elas ameaçam aparecer, eu saco minha “Betnovate Creme” e resolvo o problema. Em partes. As perebas agora se concentram no rosto. Não adianta eu usar a pomadinha. É um dia de rosto limpo pra uma semana de escamação, coceira, vermelhidão, ressecamento... Não sei mais o que fazer. Vou à minha médica (a mesma dos 14 anos) e faço o tratamento que ela me recomenda. Beleza, tudo melhora. Acaba o tratamento, as perebas voltam. Passo o tempo todo me coçando. Meu rosto é um estrago só. Minhas roupas escuras ficam cobertas de partículas brancas, uma espécie de “caspa do rosto”. Fico triste com isso, claro. Gostaria de ser uma pessoa normal. Mas é talvez como os próprios médicos me disseram uma vez: todo mundo tem um problema, um ponto onde se manifesta fisicamente o que não vai bem no psicológico. Uns têm dores de cabeça, outros têm úlcera ou gastrite, outros, problemas nervosos, etc, etc. Eu, pelo jeito, serei um eterno perebento. E é por isso que nunca vou me sentir completamente à vontade ao lado de uma mulher que tenha uma pele bonita. Dizem estudos que a pele é uma das coisas que as pessoas mais valorizam (consciente ou inconscientemente) no parceiro. Eu não sou diferente, é claro. Acho que, depois das pernas, a pele feminina é o atributo que eu mais admiro. Mas eu não mereço, sei que não mereço. O feio quer o belo...
E hoje o esquisito aqui ta fazendo 39 anos. Praticamente quatro décadas de coça-coça. DEUS, JÁ NÃO É O SUFICIENTE?!?!?!?! Ah, claro... eu não acredito em Deus. Caralho, vou reclamar com quem agora? Não sei. Não sei de nada. To esperando a vida melhorar assim, do nada, como um acontecimento que parece mágica por falta de explicação melhor. Tem um monte de coisas pegando e eu já nem me preocupo em pensar a respeito. Eu diria que sou um cara zen. Este texto, por exemplo, que só fica dizendo “eu isso”, “eu aquilo”, não deve ser levado a sério. Quanto mais penso, mais percebo como é ridículo, ingênuo, sentir orgulho, ódio, medo, desejo... Quase chego lá... mas bom, não fico pensando muito. O mundo me atrai de volta e eu começo a viver como todas as pessoas. Faço meus planinhos e tal. Mas quanto ao orgulho, especificamente, acho que vou bem. Bem no sentido de que possuo muito pouco. E como não penso em senti-lo mais do que isso, não faço planos de projeção pessoal. Artística e/ou profissional. Já fiz, é claro, mas passou. Já ouvi – não poucas vezes – que eu sou “muito bom”, que eu sou um “baita artista”, que é incompreensível que eu não esteja muito melhor financeiramente, etc, etc. Buenas, eu gostaria – e bastante – de estar melhor financeiramente. Mas não rolou. E não rolou, talvez, por que não estou disposto a trabalhar mais do que já trabalho. Então é assim: tenho idéias que julgo boas, que aliadas a uma disciplina mais rígida e a uma certa abnegação me trariam bons resultados. Sei disso. Mas não quero pagar este preço. As coisas me cansam. Projetos que requerem horas fiéis em frente a uma prancheta ou computador não me atraem, por mais que os resultados prometam. Eu prefiro ler. Prefiro sair pra beber. Prefiro tocar violão (há 20 anos as mesmas músicas), prefiro fazer exercícios físicos, prefiro me masturbar ou fazer sexo (ah, é tão bom quando acontece), prefiro limpar a casa (nossa!) a tocar um projeto que envolva desenho ou texto. Por que vou querer desenhar se é muito melhor ver o que a gurizada anda desenhando? Por que vou querer escrever se é muito mais prazeroso ler o que os outros estão escrevendo? Admiro esta gente que faz tudo o que estou me negando a fazer, mas ao mesmo tempo não consigo deixar de pensar: eles são meio estúpidos fazendo isso. Por que essa faina? Só pra ter o nome em evidência? Não, não é só isso. Tem gente que tem necessidade de falar, de mostrar o que está acontecendo consigo mesmo, como está vendo o mundo. Isso é a arte. E pra essas pessoas não é algo tão cansativo e estúpido ficar horas na frente de um pc ou de uma folha de A2. Mas eu vou morrer achando que seria muito melhor não fazer. Sim, sim... se todos pensassem deste modo não teríamos nem Shakespeare nem Mozart, eu sei. Na verdade acho que a minha bronca contra o labor humano é, mais que tudo, uma bronca existencial. E é tão presente na minha vida este negócio que vou parar de escrever agora (até o próximo post, claro – estes não me cansam tanto).

P.S. não precisam me dar presentes, mas alguém sabe o telefone da Paola Oliveira?

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Telminho atacando nos vetores


Trenzinhos que desenhei no Corel, o programa que já está na 15ª versão e continua dando pau e continua enlouquecendo arte-finalistas que, volta e meia, perdem tudo o que fizeram.

João Cabral de Melo Neto

Re, re, re...

Eu deveria desistir destas coisas

Quase um mês sem postar. Buenas... a vida é dura.

sábado, 16 de outubro de 2010

Leia aqui mesmo

Decidi postar aqui no blog o texto ao qual me referi na postagem anterior.

DOIS PESOS…

por Maria Rita Kehl, no Estadão

Este jornal teve uma atitude que considero digna: explicitou aos leitores que apoia o candidato Serra na presente eleição. Fica assim mais honesta a discussão que se faz em suas páginas. O debate eleitoral que nos conduzirá às urnas amanhã está acirrado. Eleitores se declaram exaustos e desiludidos com o vale-tudo que marcou a disputa pela Presidência da República. As campanhas, transformadas em espetáculo televisivo, não convencem mais ninguém. Apesar disso, alguma coisa importante está em jogo este ano. Parece até que temos luta de classes no Brasil: esta que muitos acreditam ter sido soterrada pelos últimos tijolos do Muro de Berlim. Na TV a briga é maquiada, mas na internet o jogo é duro.

Se o povão das chamadas classes D e E – os que vivem nos grotões perdidos do interior do Brasil – tivesse acesso à internet, talvez se revoltasse contra as inúmeras correntes de mensagens que desqualificam seus votos. O argumento já é familiar ao leitor: os votos dos pobres a favor da continuidade das políticas sociais implantadas durante oito anos de governo Lula não valem tanto quanto os nossos. Não são expressão consciente de vontade política. Teriam sido comprados ao preço do que parte da oposição chama de bolsa-esmola.

Uma dessas correntes chegou à minha caixa postal vinda de diversos destinatários. Reproduzia a denúncia feita por “uma prima” do autor, residente em Fortaleza. A denunciante, indignada com a indolência dos trabalhadores não qualificados de sua cidade, queixava-se de que ninguém mais queria ocupar a vaga de porteiro do prédio onde mora. Os candidatos naturais ao emprego preferiam viver na moleza, com o dinheiro da Bolsa-Família. Ora, essa. A que ponto chegamos. Não se fazem mais pés de chinelo como antigamente. Onde foram parar os verdadeiros humildes de quem o patronato cordial tanto gostava, capazes de trabalhar bem mais que as oito horas regulamentares por uma miséria? Sim, porque é curioso que ninguém tenha questionado o valor do salário oferecido pelo condomínio da capital cearense. A troca do emprego pela Bolsa-Família só seria vantajosa para os supostos espertalhões, preguiçosos e aproveitadores se o salário oferecido fosse inconstitucional: mais baixo do que metade do mínimo. R$ 200 é o valor máximo a que chega a soma de todos os benefícios do governo para quem tem mais de três filhos, com a condição de mantê-los na escola.

Outra denúncia indignada que corre pela internet é a de que na cidade do interior do Piauí onde vivem os parentes da empregada de algum paulistano, todos os moradores vivem do dinheiro dos programas do governo. Se for verdade, é estarrecedor imaginar do que viviam antes disso. Passava-se fome, na certa, como no assustador Garapa, filme de José Padilha. Passava-se fome todos os dias. Continuam pobres as famílias abaixo da classe C que hoje recebem a bolsa, somada ao dinheirinho de alguma aposentadoria. Só que agora comem. Alguns já conseguem até produzir e vender para outros que também começaram a comprar o que comer. O economista Paul Singer informa que, nas cidades pequenas, essa pouca entrada de dinheiro tem um efeito surpreendente sobre a economia local. A Bolsa-Família, acreditem se quiserem, proporciona as condições de consumo capazes de gerar empregos. O voto da turma da “esmolinha” é político e revela consciência de classe recém-adquirida.

O Brasil mudou nesse ponto. Mas ao contrário do que pensam os indignados da internet, mudou para melhor. Se até pouco tempo alguns empregadores costumavam contratar, por menos de um salário mínimo, pessoas sem alternativa de trabalho e sem consciência de seus direitos, hoje não é tão fácil encontrar quem aceite trabalhar nessas condições. Vale mais tentar a vida a partir da Bolsa-Família, que apesar de modesta, reduziu de 12% para 4,8% a faixa de população em estado de pobreza extrema. Será que o leitor paulistano tem ideia de quanto é preciso ser pobre, para sair dessa faixa por uma diferença de R$ 200? Quando o Estado começa a garantir alguns direitos mínimos à população, esta se politiza e passa a exigir que eles sejam cumpridos. Um amigo chamou esse efeito de “acumulação primitiva de democracia”.

Mas parece que o voto dessa gente ainda desperta o argumento de que os brasileiros, como na inesquecível observação de Pelé, não estão preparados para votar. Nem todos, é claro. Depois do segundo turno de 2006, o sociólogo Hélio Jaguaribe escreveu que os 60% de brasileiros que votaram em Lula teriam levado em conta apenas seus próprios interesses, enquanto os outros 40% de supostos eleitores instruídos pensavam nos interesses do País. Jaguaribe só não explicou como foi possível que o Brasil, dirigido pela elite instruída que se preocupava com os interesses de todos, tenha chegado ao terceiro milênio contando com 60% de sua população tão inculta a ponto de seu voto ser desqualificado como pouco republicano.

Agora que os mais pobres conseguiram levantar a cabeça acima da linha da mendicância e da dependência das relações de favor que sempre caracterizaram as políticas locais pelo interior do País, dizem que votar em causa própria não vale. Quando, pela primeira vez, os sem-cidadania conquistaram direitos mínimos que desejam preservar pela via democrática, parte dos cidadãos que se consideram classe A vem a público desqualificar a seriedade de seus votos.

Sobre hipocrisia e coisas ainda piores...

Eu não pretendia falar de política este ano (a despeito de quão importante o assunto é), pois gozava de uma relativa tranquilidade dando como certa a eleição da Dilma. Buenas, quem tem visto as campanhas sabe que o nível do debate tá lá embaixo. A hipocrisia é uma coisa que muito raramente deixa de acompanhar os discursos políticos. Tanto os de direita quanto os de esquerda. É um jogo, todo mundo sabe disso. A diferença está nas razões e na frequência com que cada lado recorre a ela. E quando a hipocrisia se soma ao mau-caratismo temos um caso como este que está tendo muito, mas muito mais repercussão do que mereceria num país onde o jogo fosse mais limpo e as pessoas não vivessem à sombra de uma suspeitabilíssima moral católica. Enfim, o povo também faz uso da hipocrisia.

Sim, estou me referindo à questão do aborto. Dia destes (ainda no primeiro turno, antes que esta celeuma tivesse sido criada) eu passava na esquina democrática e presenciei o protesto de um grupo de mulheres em prol da legalização do aborto. Segundo elas, “de cada dez mulheres que passavam naquela esquina, duas já tinham feito aborto”. Caramba, a proporção me assustou, jamais imaginei que era algo tão freqüente assim. Elas defendiam que era necessário acabar com a política anti-aborto que prejudica milhares de mulheres no país. Segundo elas, as classes rica e média recorrem à prática sem grandes problemas por que têm dinheiro pra isso. Já as mulheres pobres sofrem mais – e muitas acabam morrendo – por que aborto, pra elas que não têm dinheiro, é feito mais ou menos com métodos medievais. Enfim, nada que a maior parte das pessoas já não saiba. Aborto é - ainda segundo as moças e a cima de qualquer outra - uma questão de saúde pública.

Eu sou contra o aborto. Não vou explicitar minhas razões por que isso é coisa pra um debate filosófico, científico, humanista e espiritual que eu não quero (desconfio que nem mesmo tenho condições de) travar. Eu sou contra. A Dilma é a favor. É realmente uma pena que em meio à hipocrisia reinante ela não possa dizer isso abertamente. Se o mundo fosse perfeito, se todas as outras coisas estivessem no lugar, talvez eu deixasse de votar nela por conta desta divergência de opiniões. Mas o mundo é o que é, e exatamente por que um monte de gente ta fazendo um buraco no próprio barco, fica fácil perceber quem realmente ta tentando (e conseguindo) levar a embarcação adiante. Sempre votei no PT (desde 89) e hoje, mais do que nunca, não vejo razão alguma para mudar o meu voto. A Dilma é infinitamente melhor que o Serra pra governar o país, ela é a representante legítima de um projeto de governo que está revolucionando a vida de muita gente, principalmente (e viva o Lula por isso) a dos pobres do Brasil.

Para reforçar o que estou dizendo (exatamente este ponto sobre os pobres), gostaria de recomendar veementemente este artigo da psicanalista Maria Rita Kehl. Por favor, leiam. Trata-se de um texto que teve uma repercussão enorme na internet e que levou o jornal O Estado de S. Paulo a demitir a autora - aqui, explicitamente, mais uma ação da imprensa desqualificada, bandida e elitista do Brasil na sua oposição sistemática ao governo Lula. É bobagem, eu sei, pinçar um ou dois fatos num universo rico em demonstrações de mau caratismo como esse. A internet tem centenas (milhares?) deles. O jornalismo e o tele-jornalismo diário também, embora menos descarado. Recomendo este texto da Maria Rita Kehl por ser simples, claro, objetivo e por analisar a coisa por um ângulo que eu, se fosse um analista político, teria escolhido. É só um flanco, dentre muitos que precisam ser protegidos, mas merece destaque pela nobreza, pelo tapa que deu na cara da mediocridade privilegiada brasileira.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Yes, nós temos vacas!

Porto Alegre foi invadida por vacas. É a Cow Parade, um negócio que fez com que todo mundo sacasse sua máquina fotográfica ou seu celular pra registrar uma que outra desgarrada deste rebanho esquisito. É fato, você não passa por uma delas sem ver ao redor pessoas munidas de câmeras e celulares. Acho que estes bichos já são, de longe, a coisa mais fotografada em Porto Alegre este ano. Do lugar onde moro até o meu trabalho, passo por 7 delas, até onde pude perceber. São 81 ruminantes ao todo e estão espalhadas por toda a cidade, de norte a sul. Uma já foi roubada e recuperada, outra sofreu uma tentativa de incêndio e outra ainda foi "vítima" de pichação. Até o fim do evento é certo que mais acidentes acontecerão. Enfim, existe gente que ataca vacas por abigeato (para comer) e outros por que são bárbaros, vândalos incapazes de enxergar a beleza ou, na pior das hipóteses, o lúdico de uma exposição assim. Eu tinha a intenção de fotografar todas as que visse pela frente, mas desisti da ideia. Sempre tem gente fotografando, fazendo poses ao lado das "mimosas". Fica difícil (e meio constrangedor, pra falar a verdade), achar um momento para um clic das chifrudas. Abri uma exceção pra estas duas: a Iron Cow, que está instalada praticamente na quadra onde moro, e a Lorem Ipsum, que encontrei no domingo quando resolvi caminhar de casa até o aeroporto Salgado Filho (pra fotografar aviões, vejam só). A branquinha está placidamente instalada em frente à estátua do Laçador. Esta não tem perigo de fugir (re, re, re). Parece que ao final da "Parade" vão reunir todas num mesmo local. Pretendo ir até lá e dar uma olhada. Apesar do nome ridículo com que batizaram algumas (Vacaduto da Borges, Cowsmonauta, Cowversa comigo?, etc) e das empresas que outras representam (Coca-cola, Zero Hora, DCS, etc), acho que é uma coisa legal de se ver.
Aqui um linkzinho com o "mapa das vacas".

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Um absurdo no teatro

Voltei com o blog, mas foi como se não tivesse voltado. Um mês sem postar nada. Tô sem tempo e sem ter o que dizer. Além disso tô cuidando o apê de um amigo (onde eu morava antes). Aí tô sem computador (o que é irônico, pq tem internet lá). No trabalho não dá pra fazer nada.

Ontem fui ao teatro. O São Pedro... te mete! Uma peça de Beckett, dirigida por um cara chamado Bob Wilson (renomado, me falaram). Duração: 1 hora e 40 minutos. Aguentei 1 hora. Não que fosse ruim, nada disso. Beckett é muito interessante, já li um livro dele - Fim de Partida - e tentei ler alguns outros (O Inominável, Malone Morre, Pioravante Marche), mas não é pra qualquer um. O cara é considerado um dos maiores nomes do teatro do absurdo, e embora isso diga muito pouco sobre Beckett, diz o suficiente para entender por que não consigo gostar mais dele. Não é o meu tipo de literatura.

Buenas, abandonei a peça. Eu iria até o fim se estivesse assistindo o espetáculo em melhores condições, mas a verdade é que estava pessimamente acomodado. Foi a primeira (e provavelmente a última) peça de teatro que vi de cima. Meio estúpido isso. Tem lugares no teatro que simplesmente não possibilitam uma visão do palco. Por que eles permitem que isso aconteça? Aposto que a dona Eva Sopher nunca deu uma subida até o último andar. Mas tudo bem, apesar de os adornos do teto do teatro e o lustre gigantesco (tão próximos, dado o assento que me coube) disputarem (com algum sucesso, devo admitir) a atenção com a peça, eu podia ter encarado. Mas o texto era em francês, praticamente um monólogo ("... Adriana Asti, estrela de diretores como Visconti, Pasolini, Bertolucci, Vittorio de Sicca e Luis Buñuel..."). Essa moça falava e apareciam legendas na parte superior do palco traduzindo o que ela dizia. Bem, se você já leu Beckett, sabe que não é moleza entender a coisa numa primeira passada de olhos. Eu pelo menos lia e relia vários trechos para ver se entendia (e não estou dizendo que consegui), mas no teatro não tem como "reler". Perdeu a legenda, perdeu a fala. E isso também é chato porque quando se fica atento à legenda, se perde a interpretação da atriz, e vice-versa.

Bom, é isso. Peça de Beckett. Diretor renomado. Atriz famosa... e o bruto aqui abandonou a peça. Não entendo Beckett muito bem, não entendo francês, não estava entendendo o porquê de ficar lá (isso que ao meu lado tinha uma guriazinha muito linda, com sotaque de Portugal, que trocou dois ou três olhares simpáticos). Identifiquei o Luis Fernando Veríssimo na platéia, lá embaixo (beeeeem melhor posicionado do que eu - o que talvez seja justo...). Quase gritei pra ele: ei, Verissimo, muito legal da tua parte não aderir a esta história de Twitter. Mas achei que não seria de bom tom. Vocês acreditam que até o Arnaldo Batista tem Twitter? O Arnaldo Batista, caralho!!! Buenas... Mutatis Mutandis.

Tá... ãhn... vou postar mais seguido.


sábado, 7 de agosto de 2010

É que...

Aloooouuu pessoas do mundo. Antes de mais nada, quero reiterar uma opinião que tenho desde os meus 18 e que, bem... não me ajudou muito neste mundo de futebol, novelas, baladas, projetos de vida, religião, filosofias mil, sexo e etc: a vida não tem sentido. Ok, você já sabia. Então me explica esse negócio de projetar alguma coisa e acreditar nisso, porque o Telminho não consegue. Mas tá beleza agora. Vou levar adiante mesmo sem acreditar em nada. Neste frio glacial que tá fazendo aqui no sul, voltei a trabalhar. Êêêêê vidinha besta. Acorda cedo, 5 graus lá fora. Pega ônibus, pega trem. Trabalha. Almoça. Pega ônibus, pega engarrafamento. Chega em casa tiritando de frio. E às vezes tem chuva. Meu trabalho é legal. Antiga empresa, novos colegas. Gente boa. Quero voltar a morar em Porto Alegre. Aluguéis caros. JKs minúsculos não saem por menos de 500 pilas incluídos o condomínio e o famigerado IPTU. Papelada pra alugar qualquer cubículo. Fiadores, comprovantes disso e daquilo. Por que mesmo eu não me larguei pelo mundo na cara e na coragem quando tinha meus 18? Ah, sim... sou um cagalhão. Mas ó... se estes invernos continuarem assim rigorosos, vou dar um jeito de me mudar pra algum lugar do nordeste. João Pessoa, talvez. Quem sabe num puteiro em João Pessoa descubro que a vida é boa. Se eu não virar crente depois, tá ótimo. Ler? Não... sem ânimo. Minhas últimas leituras (as que lembro, afinal faz um mês que não pego um livro) foram: Cartas do Yage, William Burroughs; Passaporte, Fernando Bonassi; O Percevejo, Maiakóvski; O Segundo Tempo, Michel Laub; O Filho Eterno, Cristóvão Tezza e Fim de Partida, Samuel Beckett. Comecei vários outros e abandonei. Não acho nada legal, não tenho mais saco pra histórias longas. Alguns quadrinhos também li. O mais digno de nota: Viagem a Tulum, uma união das ideias de Fellini com o traço de Manara. É legal, mas já tô passando nos pilas. Adeus, arte... sou um capitalista sanguinário. Tô com um blog novo. ESTE. É um endereço pra colocar exclusivamente desenhos. Me cadastrei num site que paga por artes legais para estampar camisetas. Neste blog vou colocar, entre outros, os desenhos que pretendo enviar pro tal site. Tenho tentado, sem muito sucesso, tocar teclado a partir de vídeos do YouTube. Tô há semanas empacado numa execução muito simples de "Canon D", uma composição de Johann Pachelbel que, dizem, é música de casamento. Foda-se... é bonita. Querem ouvir uma versão rock and roll desta música? Cliquem AQUI (76605508 visualizações, fora as cópias do mesmo vídeo e as centenas de vezes que vi depois que baixei no meu pc). Vale a pena. Também tô tentando aprender bateria. Tudo isso fica mais difícil tendo que trabalhar. Vai ficar impossível se eu for morar num apartamento em POA. Bem... azar, faço o que posso. Ou o que penso que posso. Ou o que me disponho a fazer. Sacrifícios não são muito o meu forte. Mas esse lance de música é foda... muito sedutor. Queria tanto ter uma banda. Por que não tenho? Porque tu é um cagalhão, rapaz! Que mais? Bom, o Lost acabou. Faz algum tempo, eu sei, mas só fui ver agora. Decepcionante! Mesmo assim, triste. Chorei como tiazinha em final de novela. Bem, era uma novela mesmo. Uma novela com viagens no tempo, explosões nucleares, quedas de boeings, mortos-vivos e outras maluquices, mas ainda assim uma novela. Vou sentir saudades daquele pessoal. Pôxa, foram seis anos!
Na medida do possível atualizarei este blog. Por que? Nem eu sei. Mas meu contador de visitas diz que alguém esteve por aqui. Buenas, eu visito algumas pessoas também. Talvez exista uma razão para a interação entre as pessoas. Eu não tenho muita fé nisso, mas não me custa tanto assim dar um sinal de vida vez ou outra. Na verdade descobri que ficar em silêncio não é muito legal.