terça-feira, 30 de dezembro de 2008
segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
Saco!!!
Este blog anda mal das pernas. É o fim do ano. Sou particularmente susceptível às depressões desta época. Eu odeio a humanidade... e tô lendo Houellebecq (mais um), então já viu... melhor não escrever nada. Israelenses matam palestinos, terroristas atemorizam o mundo, a cidade de Porto Alegre implode... O projeto da Arena, do Grêmio, desrespeita o Plano Diretor... e o mundo, com todos os seus gremistas, colorados, flamenguistas, Real Madrileños, Chelseanos e O CARALHO segue ficando cada vez mais estúpido. Vejo gente que respeito comentando novela e acessando site de fofocas. Vejo gente que respeito torcendo por um time de futebol como se isso (o time) fosse alguma coisa fixa, imutável, e não apenas uma projeção besta... É claro que as coisas só pioram. Eu não me dava conta (não tinha como me dar), mas um cara aí disse a frase certa: o mundo já acabou, nós estamos apenas vivendo os estertores.
Por outro lado, me parece, estamos em vias de alcançar a vida eterna (aqui na terra). Eu queria que um vagalhão tsunamesco varresse a parte estúpida da humanidade e deixasse o planeta só pras pessoas legais. Idéia besta, eu sei. Ah, foda-se! Só sei que ando meio solitário e sem amigos. Aí essa sensação de ser uma criatura d'outro mundo se intensifica. Coitadinho do Telminho... perdido entre os consumidores simiescos...
Ainda me emociono com pernas femininas. Bem que as pernas femininas podiam se emocionar comigo, mas quem disse que o mundo é justo? Hein? Quem disse? Eu é que não vou dizer. Não nesta encarnação, pelo menos.
Feliz Ano Novo, rá, rá, rá, rá, rá, rá, rá, rá, rá, rá, rá, rá... (risada histérica - e consequentemente preocupante).
terça-feira, 16 de dezembro de 2008
Hino à Alegria
Vejam só... minha primeira aula de teclado e já saí tocando Beethoven. Ah, os gênios. Re, re, re... Que nada! Esse trechinho da música foi fácil, mas tô apanhando pra caralho pra aprender a tocar pra valer. É beeeem difícil. Mas tá tranquilo... não quero mais nada da vida além de aprender música. Queria ter feito várias coisas nestas férias, várias coisas com música, quero dizer. Não rolou. Não sei quando vai rolar. Mas quando acontecer, boto aqui. Gosto de me aparecer.
Ah, quero férias de novo.
segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
Ãhh...
... talvez eu tenha esquecido de avisar, mas estou em férias (mais que merecidas) e no período de 24 de novembro à 14 de dezembro não vou dar as caras aqui neste blog egocêntrico.
Buenas... era isso. Espero voltar com algo realmente bom pra mostrar. Nem que seja um bronzeado.
sexta-feira, 21 de novembro de 2008
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
Vira latas...
Não tô tendo tempo de atualizar este blog (a história do diário da Feira do Livro morreu na casca). Foda. Muito trabalho na agência. Vou entrar em férias na segunda-feira que vem, 20 dias. Depois disso acho que vou pedir demissão. O trabalho é uma das invenções mais injustas e bestas que existem. Não vou pagar a pensão da minha filha e vou ser preso. Tô brincando... vou pagar, sim. Vou mudar radicalmente de área. Vou fazer concurso na Carris e virar cobrador. Adeus horas na frente do computador quebrando a cabeça pra fazer coisas bonitas em tempo recorde, com um torno em forma de gente te pressionando, pressionando, pressionando...
Hoje tô fazendo 37. Putz... tô ficando velho meeeeeeesmo. Sou quase quarentão. Não acredito. É sério... não acredito. Bom, vou mudar de vida. Se tudo der certo, terei coisas pra publicar neste blog e não apenasmente essa minha chorumela de "oh, vida de trabalho desgraçada".
37... putz, não acredito.
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
Diário da Feira (capítulo 2)
Escrevi este texto abaixo como resposta ao comentário da minha amiga Luciana. Mas, como ele está dentro do espírito das coisas que quero falar sobre a Feira do Livro, resolvi publicá-lo aqui também.
Lu, vai por mim... bairrismo é ruim. Tudo bem que temos coisas boas aqui - e não tô concordando com todos os nomes que tu citou -, mas tá cheio de coisas boas (e talvez melhores) no resto do país também. Mundo a fora, então! O bairrismo nos limita. E a mim, porque fui muito bairrista, envergonha. Fazer a defesa de alguns escritores só por que são daqui é negar que a literatura transcende os caracteres locais, que um livro bom trata é do universal. O Tchekhov dizia que quem cantava sua aldeia cantava o mundo. Isso pode ser verdade. Mas não é todo mundo que sabe cantar, que tem a sensibilidade pra extrair essa universalidade da alma dos seus aldeões. A maioria do pessoal do "Clubinho Gaúcho dos Escritores" é meio "desafinada", na minha opinião. Claro que tem gente boa por aqui, mas tem gente boa por lá também. Se o teu critério pra preferir os daqui é unicamente o chão em comum, isso vai te privar de muitas coisas legais. O bairrismo é um atestado de espírito um tanto tacanho (não quero te ofender - veja bem: isto é um praticamente um mea culpa). Me livrei deste mal lendo. É um processo natural, a gente vai refinando a busca. Estou dizendo que tu não está refinando tuas buscas? Não. Tuas referências são muito mais poéticas do que as minhas (Carpinejar, Quintana, Paulo Hecker - cuja prosa, crônica e inteligência eu admirava muito, mas desconheço a poesia). Talvez o teu desenvolvimento seja um OUTRO refinamento. Acho que tu ainda não pensou seriamente no que significa “bairrismo”. Alguém com o teu perfil, com as leituras que tu já fez, não pode ser bairrista. Minha briga é com a tua frase: “gaúcho tem mais é que ser bairrista mesmo”. Isso tá errado. Não existe tanta gente boa quanto o teu “etc, etc, etc” sugere. Vou escolher um bairrismo pra mim, tá? Quero ser irlandês por causa de James Joyce, Samuel Beckett, Oscar Wilde, W. B. Yeats, Jonathan Swift e Bernard Shaw. Ou argentino por causa de Borges, Cortázar, Sábato e Bioy Casares (precisa mais que estes?). O mundo inteiro conhece esses caras. Eis aí, aparentemente, bons motivos pra ser bairrista. Mas quando a gente lê os amiguinhos citados, percebe que eles não são dos seus países... são de todos os lugares. Nesses momentos os bairrismos e, inevitavelmente, os escritores menores (pra não dizer medíocres), viram fumaça. Existe a boa e a má literatura, independente do papel que cumpra uma literatura mediana no desenvolvimento das pessoas. Não tô querendo dizer que só se pode valorizar a literatura gaúcha se estiver saindo daqui o próximo Shakespeare, mas sim que não dá pra ficar só no consumo interno, enaltecendo o nosso clubinho. Por que ele é pequeno, beeeem pequeno. E também porque tem alguns caras muito bons fora do Estado e principalmente fora do país. Deus me livre de estar cometendo alguma injustiça com este comentário (assim como “bairrista”, me envergonharia terrivelmente a carapuça de “preconceituoso”), mas ainda que bairrismo fosse algo justificável, eu vejo bem poucos motivos para adotá-lo por aqui.
segunda-feira, 3 de novembro de 2008
Diário da Feira (capítulo 1)
Houve um tempo em que eu adorava a Feira do Livro. Isto durou até mais ou menos aquela edição que o Paulo Hecker Filho foi o patrono (portanto, é relativamente recente). Depois eu comecei a ver certas coisas meio bestas que antes me escapavam. Enumero-as:
1 - a grande maioria das pessoas que se acotovela por lá (me impedindo de garimpar tranquilamente livrinhos bons perdidos entre as porcarias características dos saldões) não entende nada de literatura. Está lá pelo evento. A Feira do Livro é um grande evento. Claro que é muito nobre e importante atrair pessoas para o livro independente da qualidade inicial desta relação, mas foda-se, detesto atrolho.
2 - a Feira do Livro de Porto Alegre bem que podia se chamar a Feira da RBS. Filas enormes pra pegar autógrafo do Anonymus Gourmet... p'tasqueospariu!!!! E o resto da turma?!!! Talvez até tenha gente boa lá, mas é duro constatar o poder da mídia numa coisa que era pra ser um pouco mais elevada.
Ah, pensando bem, não vou enumerar mais nada. Teria várias coisas pra reclamar (não poderiam pedir pras pessoas não fumar enquanto transitam por lá?) mas posso deixar de ser tão chato e falar das coisas legais.
Dia 31 de outubro - Abertura: passei lá na tardinha, depois das 18h. Passada rápida mesmo. Comprei um livro da Clara Averbuck (Vida de Gato - 5 pilas). Só compro livros baratos. O legal é quando são BONS e baratos. É o que geralmente busco. Esse é legalzinho. Ouvia falar muito da guria e comprei por curiosidade. Buenas, ela não é do time do pessoal que eu gosto, mas o livro tem bons momentos. Acho que muitos destes escritores novos, que eu, pejorativamente, chamo de oriundos da Escolinha do Bukowski, fazem uso de basicamente duas coisas: inteligência e presunção. Eles saem falando mal de todo mundo, se colocam acima do resto da humanidade e confundem uma vida regada a sexo, drogas e rock and roll (nada contra, devo dizer) com conhecimento de mundo e de gênero humano. Tem algum talento ali, mas esta pose de nihilistas iconoclastas enche um pouco do saco. O Bukowski fez discípulos mundo a fora, discípulos que se apegam ao estilo, sem perceber (ou percebendo talvez) que no caso deles isso vira pura afetação. O Bukowski teve uma vida fodida e mergulhou pra valer naquela merda toda por que aquela merda toda é o que ele era. O álcool, o desemprego, a pobreza... tudo isso é REAL na vida do velho safado. Esse pessoal quer ser o Bukowski de dentro do apartamento, com papai e mamãe por trás, depois da faculdade. O velho Buko era ainda mais fodido do que seus livros deixam transparecer. Li uma biografia dele escrita por um tal de Howard Sounes. Buenas, o nosso amigo cachaceiro era bastante desprezível às vezes. Não tô dizendo que esta galera toda tem que sofrer de hemorróidas, apanhar do pai, dar duro durante 14 anos entregando cartas, vomitar sangue e o caralho pra escrever bem, mas que tenham um pouco de autenticidade. Ficou muito fácil escrever com o desapego bukowskiano depois que o Bukowski inventou a fórmula. Do jeito que estou falando até parece que sou o maior do fã do velho Buko. Não é isso. Gosto dele, mas até ali (quem leva a sério um cara que se considerava o maior poeta vivo desde de T. S. Eliot?). O desapego e a coragem do Bukowski (coragem que fica difícil de saber se não era covardia) são coisas legais. São as melhores coisas que vejo nele. Sam Shepard escreve coisas que lembram o universo bukowskiano às vezes, mas, na minha opiniãozona, o Shepard tem muito mais alma, um lirismo muito maior do que do Bukowski.
Buenas... chega de "crítica literária". Comprei o livro da Clarah, li no fim de semana e coloquei à venda lá no Estante Virtual. Comprem-no de mim se quiserem conhecê-la. Nada pessoal. Ultimamente quase todos os livros que tenho comprado são pra revender no Estante Vitual. Por isso sou um garimpeiro, por isso sou um rato de sebo. E por isso tenho achado coisas fenomenais por aí. Por exemplo? Comprei esta última edição do Imbecil Coletivo - do imbecil particular Olavo de Carvalho - por 15 pilas num sebo sem noção. Estão vendendo o mesmo livro na feira por R$ 85,00. Buenas, este também estou passando nos pilas. Tá lá no Estante Virtual por R$ 65,00. Sim, estou virando um capitalista desprezível. Ou nem tanto talvez. Sou capaz de guardar pra mim coisas que valem alguns reais lá no EV. Por exemplo? "Poe Desconhecido" (3 reais no sebo sem noção - trinta pilas no EV) que saiu pela L&PM. Depois achei outro por 9 na Martins Livreiro. Bom, agora tô vendendo um no EV. Comprem-no... 30 pilinhas (e é o valor mais baixo lá). Outro exemplo? "O Escritor e Seus Fantasmas", do Ernesto Sábato, que achei ontem na Feira. Outro exemplo? "Eles Eram Muitos Cavalos", do Luiz Ruffato (que vai estar na Feira), que tb comprei no sebo sem noção (devo ter pago 5 pilas). E por aí vai... a lista é imensa. Guardo os livros que são muito afudê. O resto, vendo. Às vezes vendo coisas muito afudê, mas que não são muito afudê pra mim. Meu melhor negócio foi um livro do Jean Cocteau intitulado La Bella y la Bestia. É um "diário de bordo" do filme que o Cocteau fez deste romance. Troço muito massa, mas não pra mim. Paguei 12, vendi por 140. Essa foi boa, hein?!!! É... mas não foi do sebo sem noção. Achei este livro lá na Londres, no Bom Fim. Ah, os livros!!!
Putz, tenho que voltar a trabalhar. Escrevo mais sobre a Feira (assunto do qual desviei completamente) nos próximos posts.
quinta-feira, 30 de outubro de 2008
Café, cabelo, cavalo, CARAAAACAS!!!!!!
Ela usou uma dose "cavalar" de shampoo pra dar este efeito.
(sim, eu vou morrer fazendo piadinhas cretinas e trocadalhos do carilho - é o tédio existencial, gente!).
segunda-feira, 27 de outubro de 2008
Telmo...
Por que o meu nome não é Theodor W. Adorno ou Sören Kierkegaard ou Antonin Leopold Dvorak ou Thelonious Monk ou John Coltrane ou Philip Marlowe ou Dashiell Hammett ou Conan Doyle ou Max Cavalera ou Matt Damon ou Isaac Bábel ou Ernesto Sábato ou Arrigo Barnabé ou Samuel Beckett ou Ezra Pound ou Rimbaud ou Rambo ou Molière ou Lobo Antunes ou Truman Capote ou Burgo Partridge ou Louis-Ferdinand Céline ou Lenny Kravitz ou Oliver Sacks ou Dennis Arcand ou St. John Perse ou Otto Maria Carpeaux ou Toulouse-Lautrec ou Calvin Klein?
terça-feira, 21 de outubro de 2008
A conversa dos poetas
Meu desenho mais recente. É para ilustrar um texto sobre o encontro do poeta Mario Quintana com o poeta Felix Contreras (sim, aquele cubano sobre quem escrevi logo mais abaixo).
Mestres...
Bons músicos, maus músicos...
Toque, bonitão... toque mais um pouco, mas tenha a decência de virar aquele John Coltrane pro outro lado... o cara não precisa deste nível de tortura.
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
É primaveeeeeeeeeraaaaaaa... ti amuuuuuuu...
Em homenagem à entrada do horário de verão - que me gusta - o desenhozinho aquele em uma nova etapa.
sábado, 11 de outubro de 2008
I love Jack White like a little brother (e Kate Moss like a deusa que ela é)
Uma das coisas mais lindas que vi nos últimos tempos é este clip da música "I just don't know what to do with myself", do White Stripes. A música, na verdade, é uma regravação. Foi escrita por B. Bacharach e H. David. Não conheço a versão original. Gostaria de ouvir, mas já me dou por satisfeito em ter a versão do senhor Jack White devidamente "emepetresiada" no meu computador. Essa e todas as outras do CD "Elephant". É incrível a sonzeira que esse pessoal faz (o Jack e sua ex-esposa, Meg White). O CD foi todo escrito, gravado, mixado e masterizado sem usar computadores. Não tenho nada contra computadores, mas acho legal esse lance meio "vintage" de alguns artistas.
E o clipe... ah, o clipe!!! Simples... é somente a Kate Moss dançando em dois "queijinhos". Preto e branco, só luz e sombra. Mas, como dizem na publicidade: menos é mais. O resultado é matador. Eu nem gosto do tipo magra da Kate Moss e a dança dela, pra falar a verdade, é meio dura, mas pra negar que aquilo tudo é muito sensual, só se o cara não tiver um décimo de mililitro de testosterona no corpo.
Vejam bem, não é a descoberta da América. Este clipe é antigo e foi eleito um dos dez mais sensuais aí num ranking qualquer. Estou falando dele aqui por que 1) é bonito; 2) tá difícil produzir coisas pra este blog; 3) sempre tem alguém que ainda não conhece.
Tentei colocar o vídeo aqui, mas não rolou. Tive que fazer várias capturas de tela e montar aquela sequência lá de cima. Não vou negar que foi um trabalho prazeroso. Buenas, pra quem ainda não viu a estonteante Kate Moss dançando ao som da matadora versão do White Stripes, por favor, queira clicar aqui.
Agora, pra finalizar, quero deixar registrado que, assim que montar minimamente o estúdio musical caseiro que estou planejando, a primeira coisa que vou gravar será uma versão de "I just don't know what to do with myself". Vou fazer as vezes do Jack White, da Meg White e, se me der na telha, até da Kate Moss... afinal de contas, também sou meio duro pra dançar.
HUAHUAHAUHAUHAUAHUAHAUHAUHAUHUA!!!!
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
"... all the leaves are brown..."
Outro desenho que fiz pra agenda que estou diagramando. Este está mais acabado. A correria tá punk, pessoal. Queria ter escrito várias coisas no blog, principalmente sobre as eleições, mas não deu (talvez tenha sido melhor - sou muito irascível quando opino sobre a estupidez humana, esta que fica tão óbvia em épocas de eleição). Buenas, desenhando sou mais "bonitinho". Vou adiante...
terça-feira, 30 de setembro de 2008
Novas amizades
Conheci, por intermédio da minha amiga Naira Hofmeister, um escritor e poeta cubano chamado Felix Contreras. O homem tem 67 anos e sua cultura corresponde à idade. Em algumas mesas de bar (Naval e Lancheria do Parque - que caiu nas graças do cubano), Contreras contou-nos histórias de fazer inveja. Além de ter viajado por muitos lugares, conheceu gente importante que escreveu a história da América Latina na última metade do século - Luis Carlos Prestes, pra citar um exemplo. Mas não só por isso ouvi-lo é um grande prazer. Contreras é pobre, poeta, socialista e viveu muito... fica difícil imaginar pessoa mais interessante para se conversar. Em Cuba é amigo de todo mundo. Falamos mal - ele, principalmente - de Pedro Juan Gutierrez, falamos bem de Reinaldo Montero (As Afinidades - releitura das Afinidades Eletivas, de Goethe) e de muitos outros escritores, poetas e artistas em geral. Falamos de mulheres, claro. Contreras, do alto dos seus 67, podia ser - a controgosto, imagino - um personagem de um livro escrito em parceria por Pedro Juan e Philip Roth. Do Pedro Juan, sei o que ele pensa, do Roth, esqueci de perguntar... que pena. Contreras nos brindou, no exíguo espaço entre mesas do bar Naval, com uma imitação de como as brasileiras caminham. Segundo ele, as bundas femininas daqui passam nas ruas numa eterna cadência de sim-e-não. Nádega pra cima, nádega pra baixo, sim, não, sim, não. Sua imitação foi hilária e um comentário assim, vindo de um cubano (por que dizem que as cubanas "también tienen culo"), me faz pensar que realmente somos privilegiados no quesito "bunda". Vejam só... bunda e literatura, bunda e arte. É incrível como estas coisas andam juntas.
Dei uma pesquisada na internet e encontrei três livros de autoria do Contreras. Poesia e música. Um, publicado no Brasil, se intitula "Eu Conheci Benny Moré". Roubei a sinopse lá do site da Livraria Cultura: Benny Moré foi a culminação de todo caminho percorrido pela arte musical em Cuba. Sua voz passava da interpretação de uma canção suave a um guaguancó, quase sem se notar. Conhecido como o Bárbaro do Rítmo. Percorreu a frente de sua tribo, assim chamava a sua orquestra, muitos países Americanos. Este livro conta a sua vida e a sua trajetória artística.
Ah, Contreras também é uma autoridade em tango. Nos informou que o tango mais bonito que já ouviu foi composto em Porto Alegre. Eu, infelizmente, não lembro direito da história (estava muy borracho, entonces). Parece que um grande compositor passava por aqui quando ouviu uma linda voz feminina cantando. Foi atrás e descobriu quem era. Para esta mulher - que se chamava Maria Helena - compôs "Malena" (sim, é a mesma do autógrafo ilustrado aí em cima). Histórias iguais a esta, Contreras tinha as pencas para contar. Pero, ahora ya se fué... foi pra São Paulo visitar o filho. Deixou comigo e com o meu colega Gabriel (o doutor) um cartão de visitas com seu endereço e o convite para visitá-lo. Putz, conhecer Cuba seria muito legal. Acho que vou. Um dia...
Ei, Contrerito... vaya con Díos (si te gusta). Um abraço.
quinta-feira, 25 de setembro de 2008
Trabalho, trabalho, trabalho...
Tô fazendo uma agenda lá na agência (fazendo no sentido de confeccionar, não de agendar). Caracas, nunca imaginei que fosse tão trabalhoso! Agora tô sabendo tudo de datas comemorativas, solstícios, equinócios, afélios e periélios. A agenda é temática: arte, cultura e resistência. Então tem muita informação legal, letras de música, dicas de livros e filmes. Vai ficar bonita depois de pronta, e eu vou ter envelhecido uns dez anos, mas tudo bem...
Enquanto isso meu pobre bloguinho fica meio largado. Tô postando isso aqui por que minha chefe não veio pela manhã (sim, sou igual a todo mundo). É um desenho (inacabado) que fiz pra tal agenda. Vai ilustrar o início da primavera...
Buenas... o escravo aqui vai voltar ao trabalho agora.
quinta-feira, 18 de setembro de 2008
Nostalgia...
Bill Watterson parou de fazer as tirinhas de Calvin & Hobbes (ou Haroldo) no dia 31 de dezembro de 1995. Perdemos os dois carinhas mais legais do pedaço.
Não sei o que o autor anda fazendo, mas penso em como ele consegue resistir a um impulso incontrolável que deve bater de vez em quando - sempre que uma idéia muito engraçada surge e ele percebe que cairia como uma luva numa tira do espertíssimo Calvin e seu amigo felino imaginário. Que outros projetos pode ter o criador de Calvin e Haroldo, porra?
Na verdade sei. O Watterson escreve livros também. Há alguns anos li um romancezinho (inho por que era pequeno, não estou sendo pejorativo) de sua lavra. Era bom até. O título é "Partículas de Deus", e saiu pela Ediouro. Uma edição bem bonita, por sinal. Era um pequeno tratado metafísico-ontológico romanceado. Leitura rápida e indolor. O pior é que a idéia central do livro já tinha me ocorrido há algum tempo. Não é uma elaboração das mais complexas e, a grosso modo, pode-se dizer que está presente em muitos outros livros (no Eureka, de Edgar Allan Poe, por exemplo). Pra um agnóstico de visão despreocupada e honesta, tá de bom tamanho.
O Watterson é um cara legal. Parece que escreveu vários outros livros (nenhum me caiu nas mãos). Parece também que dá palestras e tal. Bom, pelo legado em quadrinhos que deixou, sou obrigado a esperar que ele esteja bem. É o mínimo que posso desejar... por que eu fico muito bem lendo as tirinhas do Calvin. Genial.
terça-feira, 16 de setembro de 2008
Obrigado, Bandeira!
Não sou um bom leitor de poesia, nunca escondi isso de ninguém. Prefiro a prosa. O Caetano Veloso - e muita gente mais - acha que a poesia é superior. Eu desconfio que é mesmo, mas continuo prosaico. Sou capaz de gostar de alguns poetas (Fernando Pessoa, Ferreira Gullar, Drummond e Manoel de Barros, principalmente), mas os poetas maiores me incomodam terrivelmente. Já disseram que poesia não é pra ser entendida, mas sentida. Isso não me basta. Leio alguns trechos de T. S. Eliot, outros de Rimbaud, outros ainda de Rilke e, como entendo muito pouco, acho chato. Já li de cabo a rabo Uma Temporada no Inferno e Illuminations, do Rimbaud, pra ver se na insistência alguma coisa em mim despertava, mas foram horas de leitura estéril. Tenho lá em casa muitos livros de poesia sobre os quais pretendo um dia - quando tiver evoluído o bastante - me debruçar. Por enquanto permaneço com os romancistas, contistas, dramaturgos e cronistas de sempre. Uma prosa poética até encaro.
Mas, vejam só, de vez enquanto alguma coisa acontece no meu coração. Ontem comprei um livro do Manuel Bandeira intitulado "Meus Poemas Preferidos". Trata-se de uma seleção que o autor fez de alguns de seus melhores poemas com outros que traduziu. Tem uma turma bem eclética lá. Dos poucos que eu conhecia (pelo menos de nome), cravei os olhos num poema de Emily Dickinson intitulado "Beleza e Verdade". Amiguinhos, creiam, é lindo. Lembrei então que tinha um pequeno volume da Emily publicado pela L&PM Pocket e corri procurar. Beleza... lá estava o tal poema, em português e no original (ah, as edições bilíngües). Não, não entendo muito de inglês, mas valorizo este tipo de coisa por que a poesia, muito mais que a prosa, agrega um valor adicional pela sua musicalidade, ritmo, rimas, beleza de certas palavras, etc, etc, etc. Por melhor que seja uma tradução, é sempre uma outra obra. E eu posso vir a aprender a língua de Milton qualquer dia, ora essa.
Bom, o poema fala, entre outras coisas, que beleza e verdade são iguais. Eu, intuitivamente, sempre gostei desta idéia (e juro, já gostava antes de ter lido essa mesma afirmação num diálogo platônico - Górgias ou Teeteto). Claro que tenho uma dificuldade enorme pra explicar coisas como a Jennifer Lopez ou a Jessica Alba - seres nos quais vejo muita beleza, mas pouca ou nenhuma verdade - mas isso não tira nem um pouco da beleza (e da verdade?) do poema em questão. Portanto, para enriquecer a vida de todos os meus amados amigos que de vez em quando passam por aqui, eis o poema:
Beleza e Verdade
Morri pela beleza, mas estava apenas
No sepulcro acomodada
Quando alguém que pela verdade morrera
Foi posto na tumba ao lado
Perguntou-me baixinho o que me matara:
"A Beleza", respondi.
"A mim, a Verdade - são ambas a mesma coisa,
Somos irmãos".
E assim, como parentes que certa noite se encontram,
Conversamos de jazigo a jazigo,
Até que o musgo alcançou nossos lábios
E cobriu os nossos nomes.
Emily Dickinson
sexta-feira, 12 de setembro de 2008
Ich habe nicht gewolt!
A Alemanha já deu ao mundo gente do calibre de Kant, Goethe, Beethoven e Marx (e nunca nos esqueçamos de Claudia Schiffer). É um país muitíssimo interessante, na minha humilde opinião. Tenho a impressão de que todo mundo por lá anda pelas ruas elaborando sistemas filosóficos, compondo música erudita ou construindo carros arrojados e máquinas de alta precisão. E, se as pessoas são mais inteligentes em Deutschland, nada mais natural que os cachorros também o sejam, não é mesmo?
(Fiz três cadeiras de alemão e não lembro mais de nada. A frase lá do título significa "eu não queria que tivesse acontecido", e foi tirada de um conto de Bernard Shaw que li numa coletânea de autores ingleses. Não tem nada a ver, mas foi o que se pode arranjar. Perdão Claudia Schiffer!).
terça-feira, 9 de setembro de 2008
Seus problemas acabaram!!!
Resolvi abrir pra galera o porquê de eu ter uma vida tão bem sucedida: tenho um guru espiritual. Pai Ambrósio. Ele, como se pode ver no cartaz, joga cartas, bingo e bilhar... huahuahuahauhauhauhauhauhauahuahuahauhauhauhauahuahauhauhauahua...
Cara, que coisa mais engraçada! Obrigado à minha amiga Patrícia Spindler pelos emails que me manda.
quarta-feira, 3 de setembro de 2008
Entre Arcádios e Aurelianos...
Terminei de reler há algum tempo o Cem Anos de Solidão. Na primeira vez que li tinha 17, e isso já faz quase duas décadas. Livros são uma coisa nobre, mas as atitudes de quem gosta deles, nem sempre. Eu, por exemplo, roubei este livro do García Márquez. Estava de caseiro pra uma amiga e só me interessei pelo volume por que não tinha nada pra fazer. Lia apenas quadrinhos naquela época e, apesar de ter muita coisa boa no universo dos Comics, não era o caso dos meus gibis, devo admitir. O "Gabo" veio me salvar. O que principalmente me chamou a atenção foi o título. Não é pela capa que se conhece um livro, mas um bom título ajuda bastante. Neste caso foi crucial. Abri na primeira página e começou umas das experiências mais prazerosas que já tive. Como minha temporada de caseiro estava por terminar, mas a leitura não, tomei “emprestado” o volume. Crime sem perdão, eu sei. Mas paguei com juros o delito. Durante meus já longos anos de relação com a literatura, tive muitos livros perdidos. Livros que eu sabia que não devia emprestar, mas emprestei e nunca mais voltaram. Dentre esses vários títulos, o mesmo Cem Anos de Solidão.
Bom, quanto ao livro: a Macondo de GGM - é por demais rica, bonita e grande para que eu me atreva a fazer uma resenha neste humilde blog que não se propõe aprofundar assunto algum. Todavia recomendo (veementemente) aos poucos amigos que me lêem que por nada nas suas vidas deixem de conhecer Cem Anos de Solidão. Eu não sei como pude esperar vinte anos para relê-lo. Quer dizer, sei: releguei García Márquez a um segundo plano quando tive contato com outros escritores que também mexeram muito com a minha cabeça. Imediatamente após o impacto de Cem Anos, iniciei a leitura de Relato de Um Náufrago e não gostei. Aí fiquei com aquela impressão de que o colombiano era escritor de um livro só. Muitos anos depois vim a ter
Ta dada a dica.
Ah, e se pedirem um livro emprestado, não façam o que eu fiz. Devolvam!
quinta-feira, 28 de agosto de 2008
Totó
Esse é o Totó, o cachorro lá da casa dos meus pais (esse nome ridículo foi meu pai quem botou). Às vezes fico pensando o que fica pensando um cachorro como o Totó. Cada um o trata de um jeito. Meu pai dá comida (por que o cachorro é dele), brinca e surra o cachorro (meu pai é um pouco agressivo, pode-se dizer). Minha mãe xinga o coitado do bicho o tempo todo. Ela odeia bichos. Meu irmão River nem sabe da existência dele. O River é indiferente ao mundo (acho que ele é uma forma mais evoluída de vida). Meu irmão Dani adora "judiar" do coitadinho. Aquelas brincadeiras de criança malvada, entende? Minha filha Melissa é como o River, não tá nem aí. Mas se ele se aproxima, ela tem medo. Minha sobrinha Larissa abraça, beija na boca, brinca, chacoalha, monta, desmonta, corre com ele... faz o diabo. Ela adora bichos. A mãe dela, a Michele, também trata os bichos com muito carinho. Acho isso bonito. Eu chego lá, dou um "oi" pra ele e faço um afago na cabeça. Gosto de bichos, mas sou como as prostitutas: beijo na boca, não.
Bom... dizem que os bichos adquirem as características do dono. O Totó tem um ar meio triste, como é o ar ensimesmado e melancólico que o meu pai - um legítimo escorpiano do bem e do mal - carrega desde sempre. O Totó fica trancado no pátio, mas não perde oportunidade de escapar e aprontar poucas e boas. Dia desses apareceu mais morto do que vivo em casa. A dúvida era se ele tinha apanhado de um Pitt-bull ou de um Hotweiller. Meu pai nunca apareceu neste estado, mas já teve seu tempo das escapadas (enfim, os pais são humanos). E assim é a vida do Totó. Me pergunto quantos anos ainda ele vai viver. Me pergunto se cachorros têm alma. Me pergunto se ele entende o que falamos (meu pai conversa com ele). Me pergunto se ele realmente enxerga em preto e branco - e como quem afirma isso pode ter certeza. Me pergunto se eles enxergam a aura das pessoas (gostaria de perguntar que tal é a minha). Me pergunto muitas coisas quando vou lá pra casa da mãe, pego um livro pra ler no gramado e vem o Totó se aninhar aos meus pés. É um cachorro simpático. Um vira-latas meio rueiro e vagabundo (e talvez muito de sua simpatia resida aí) que se fosse gente eu convidaria pra tomar uma cerveja. Falaríamos de mulheres e cadelas... de cadelas e mulheres.
Ah, muito certamente lhe emprestaria uns livros do Jack London.
Só os quadrinhos salvam
Uma vez, inspirado por Love & Rockets (os quadrinhos mais sensacionais do mundo), bolei uns personagens e um universo mais ou menos na mesma linha. Assim... mais pra menos do que pra mais. Quem me dera ter metade do gênio dos irmãos Hernandez. Fiz umas três páginas e desisti. Outra vez, inspirado por Major Fatal (A Garagem Hermética), de Moebius, comecei outra história numa linha parecida. Bom, minha vida tá cheia de "linhas parecidas". Quando li o Cavaleiro das Trevas, do Frank Miller, quase enlouqueci. Quando li o "Minhas Mulheres", do Crumb, quis fazer algo igual... Sou o que se chama geralmente de "pilha fraca", ou "Fogo de Palha". Tenho muitas "primeiras páginas" lá em casa pra comprovar a crítica. Aí, logo abaixo, fotografei umas e trouxe pra botar no blog. Se existisse mercado de quadrinhos neste país, eu não seria tão fogo de palha, tenho certeza. Mas me digam: quem é que tem ânimo de tocar seus projetos pessoais depois de oito horas de trabalho estressante na frente de um computador? Eu não tenho. E o mundo perde a obra de um grande gênio! Huahuahuahauhauhauhauahuahuahuahahauh...
terça-feira, 26 de agosto de 2008
Valêncio Xavier
Terminei de ler por estes dias "Rremembranças da Menina de Rua Morta Nua e Outros Livros", do escritor Valêncio Xavier. O Valêncio nasceu em São Paulo, mas é considerado um escritor paranaense, assim como o Cristóvão Tezza, que nasceu em Santa Catarina, mas adotou Curitiba. Tenho um apreço muito grande por alguns escritores curitibanos. Dalton Trevisan, Cristóvão Tezza, Jamil Snege (um genial escritor sobre quem já escrevi neste blog) e Valêncio Xavier. Não, nunca li Paulo Leminski... mas sei da fama do sujeitinho. Um dia eu encaro. Bom, dos que eu li, cada um é completamente diferente do outro. O Vampiro Trevisan dispensa comentários. O Tezza - de quem li O Terrorista Lírico, O Ensaio da Paixão (livros de início de carreira) e Breve Espaço Entre Cor e Sombra - sempre me fazia pensar: se esse cara se puxar um pouco, vai ser um Cortázar, tenho certeza. Pode ser que a comparação não tenha nada a ver, mas é como eu pensava... não sou crítico literário. O Snege com seus "Como Eu Se Fiz Por Si Mesmo", "O Jardim, A Tempestade", "Viver é Prejudicial à Saúde", "Os Verões da Grande Leitoa Branca" e "Como Tornar-se Invisível em Curitiba" já garantiu um lugar no meu coração até o fim dos tempos. E o Valêncio, que talvez seja o mais diferente dos escritores - e não estou falando apenas dos paranaenses -, foi uma descoberta valiosíssima que devo ao meu amigo Jeferson Assumção (uma das muitas que devo a ele) que me emprestou há vários anos O Mez da Grippe e Outros Livros, volume que saiu pela Companhia das Letras e que juntou os seis livros do Valêncio publicados - de modo quase marginal - até então. É difícil descrever a literatura daquelas páginas. Eu chamo de poesia visual, entre outras coisas. Jornalista e cineasta, o cara trabalha com fotos, películas, ilustrações, grafismos, recortes de jornal, trucagens fotográficas, embalagens de produtos, mapas, semiologia e etimologia e, claro, texto escrito também. Se você pensa que desta mistureba é pouco provável que saia o que se pode chamar de boa literatura, então aceite a sugestão de ir correndo comprar os livros do Seu Valêncio pra tirar a dúvida. O cara é um monstro, consegue juntar tudo isso e fazer uma poesia tocante, uma semiótica brutal e humanizadora (ó, eu falando bonito). Mas é isso. O Mez da Grippe, Minha Mãe Morrendo e o Menino Mentido (que ainda não li, mas vou adquirir sem falta) e este último, Rremembranças da Menina de Rua Morta Nua, obras de um escritor pra lá de sui generis que vale muito a pena. Falou o mestre em literatura pela Real Academia dos Chinelões de Canoas que Botaram Alguma Coisa na Cabeça.
Texto inacabado II - ou Por que sou melhor que a torcida do Flamengo
Eu estava no supermercado tentando comprar o que as pessoas geralmente compram. Detesto esses lugares, estava tendo dificuldades. Andei de prateleira em prateleira pegando várias coisas apenas para largá-las um pouco mais adiante. Fiz uma boa bagunça misturando iogurtes com cadernos, caixas de leite com tapetes de banheiro. O problema é que os produtos no cestinho não me pareciam REALMENTE necessários. Apesar disso, quando cheguei ao caixa minha cesta estava pesada. Dentro dela duas latas de conserva, uma dúzia de ovos e dois fardos de cerveja. Havia fila em todos os caixas. Pensei "Deus, as pessoas devem adorar fazer isso". Me dirigi a um que só atendia clientes com no máximo 10 produtos. Estava louco pra sair daquele lugar horrível que repetia incessantemente uma musiquinha ridícula de Natal. Não sei como os funcionários conseguiam ouvir aquilo o dia inteiro e não enlouquecer. Na verdade sei... sei que as pessoas são estúpidas, suportam qualquer coisa e são até capazes de gostar. Minha teoria particular é a de que pessoas são como verduras ou legumes numa horta: elas existem pra suprir o mercado. Tem gente poderosa no mundo inteiro controlando a plantação de pessoas. Explosão demográfica? Que nada! Vamos inventar mercados e fazer essa gentarada trabalhar pra nós. Pessoas são melhores do que autômatos, pois aceitam uma programação e ainda consomem. Que grande negócio, hein? Eu sei... essa teoria não é original e não é só minha.
Na fila tinha uma morena, tinha uma morena na fila. Cabelos pretos e lisos, puxados para frente por sobre o ombro direito, um ideograma tatuado no pescoço e um tribal no cóccix. Vestia uma calça saint-tropez que deixava à mostra um quadril sensacional, a bunda era perfeita, as pernas eram grossas - mas sem exagero - e os seios, pequenos. Era o meu tipo de mulher. Sim, e da torcida do Flamengo também. O fato é que eu às vezes dou sorte com as preferidas da torcida do Flamengo. Tenho uma cara meio cansada, um jeito de quem já viu de tudo nesse mundo. As mulheres olham pra mim e pensam que eu poderia ser bonito, se quisesse, e isso já é o suficiente. O que elas não sabem é que essa cara é minha alma: ando realmente muito cansado e já vi coisas do arco da velha. Mas tive a sorte de conseguir manter o tédio afastado da testosterona. Portanto, ali estava eu novamente descobrindo o sentido da existência. O problema é que a fila andava rápido e a minha cabeça devagar. Não conseguia pensar em nada pra chamar a atenção. Foi quando olhei pra cestinha dela. Ela também levava dois fardinhos de cerveja além de umas poucas bobagens. Era um sinal, Deus, tinha que ser! Preparei a minha melhor cara de cara cansado e superior, mas nada da gostosa olhar pra trás. Na fila ao lado tinha uma outra gostosinha, loira, que de vez em quando me fitava com interesse. Não era de se jogar fora, mas eu agora só tinha olhos pra morena. Chegou a vez dela no caixa e o máximo que consegui foi uma lenta transição da minha melhor fisionomia fodona pra uma cara de bunda bem autêntica. Até a loirinha desistiu de mim. Então ouvi a voz da morena:
- Ai, não! Peguei o produto errado, este não é light, né? Dá pra trocar?
A menina do caixa disse que sim e um guri que parecia uma versão mais jovem do Woody Allen foi trocar o negócio.
- Desculpa, tá? - ela disse, finalmente olhando para mim. Fui pego de surpresa e não tive tempo de desfazer a cara de bunda. Só consegui dizer um "tudo bem" que, pra ajudar, saiu falseteado. Belo machão!
O Woody Allen júnior voltou, ela pagou suas compras, juntou suas sacolas e foi embora. Ver aqueles 98,
Dei mais uns dez passos e de repente ouvi um sonoro "PORRA" à minha esquerda. Era a morena. A razão de ter saído porra daquela boca linda é que uma das suas sacolas tinha arrebentado e parte de suas cervejas caído no chão.
- Quer uma ajuda? - perguntei.
- Ah, obrigado. Estas sacolas são umas merdas. Será que quebrou alguma?
- Acho que não. Tu teve sorte. Quer que eu te ajude a levar?
- Tu não te importa? Eu quero. Moro ali, ó... naquele edifício.
Ela morava praticamente na frente do supermercado. Não deu pra conversar muito, mas pelo menos ganhei um olhar esquadrinhador que prometia alguma simpatia e não falei mais
- Quer uma água?
- Pra falar a verdade tô louco por uma cerveja.
- Hum... eu tenho umas geladas. Senta aí.
Vocês ouviram? “Senta aí”. Alô torcida do Flamengo: aquele abraço.
- Pode ser Heinneken? Eu acho um pouco amarga, mas é só o que tem.
- Tá perfeito - respondi.
Tomamos uma Heinneken, duas Heinnekens, três Heinnekens e depois partimos pra cima dos seus fardos recém comprados.
- Ei, já estão gelados!!! - comentei.
- Meu freezer é poderoso! - ela disse rindo.
O nome dela era Renata. Fazia Biblioteconomia e vivia da grana que os pais mandavam do interior. Talvez fosse efeito da bebida, mas ela agora parecia ainda mais gostosa do que no supermercado. Sentada no sofá, seu quadril e suas coxas pareciam ter dobrado de tamanho. Eu estava naquele momento excitante que mistura ansiedade e tranquilidade, aquela hora em que tu já sente um climão se fechando à volta, quando tu tem a certeza de que vai comer aquela deusa e que, apesar de ela ficar falando e falando e falando, está pensando na mesma coisa que tu. Quando ela foi pegar mais uma long-neck, levantei e fingi que olhava os livros na estante. Quando ela voltou, sentei ao seu lado. Ela serviu meu copo sem me olhar nos olhos. Quando me passou a cerveja, eu disse:
- Quero te beijar.
- Tá.
O resto não precisa de descrição. Tem sido praticamente a mesma coisa há milhares de anos. A verdade é que uma transa nunca faz jus às expectativas. Quando a gente olha uma mulher, fica admirando mil coisas: a pele dos ombros, as pintinhas no colo dos seios, a curvatura do músculo da coxa, as veias delicadas no peito do pé, os nós dos dedos longos e finos, as supostas auréolas rosadas dos seios, o presumível desenho dos pêlos pubianos, etc, etc. É um arrolamento doce e prazeroso. Mas na primeira - ou nas primeiras - transa, tudo isso se perde num turbilhão de sons e cheiros e gestos. É uma espécie de alheamento, mas claro, é o melhor alheamento.
Depois ficamos deitados um tempo sem falar nada. Então ela se virou e de maneira brincalhona esfregou a bunda no meu pau. Abracei-a por trás e encaixei o bicho no meio das suas nádegas.
- Teu pau é bonito - ela disse.
- Tu achou?
- Sim. Ele é bem formado, tem uma cor bonita e é cheio de veias. É um pau de personalidade.
- Não são todos iguais?
- Claro que não. Tem uns paus horríveis. É que nem buceta. Vai dizer que todas as bucetas são bonitas?
- Não, é verdade. A tua é fantástica.
- Brigada...
- O que significa este desenho no teu pescoço?
- Tristeza.
- Tristeza? Interessante...
- Interessante nada. É horrível. Era pra ser "Felicidade", mas o puto do meu ex-namorado me sacaneou.
- Ah é?
- Ele é tatuador. Eu pedi um ideograma de "Felicidade" no pescoço, só que o merda descobriu que eu tinha dado pra um amigo dele e aprontou essa comigo.
- Hum...
- O nosso namoro já tava indo pro espaço. Aquele idiota vivia dando em cima das minhas amigas.
- Mas tristeza pode ser uma coisa legal. É bonita, poética...
- Que horror! Quem é que acha a tristeza bonita? Eu vou é tatuar outra coisa por cima quando sobrar uma grana
- Cuidado pra não exagerar. Mulher cheia de tatuagens não é legal. Vocês têm peles tão bonitas.
- Nem todas nós, gostoso. E esse pau duro aí embaixo? Já tá pronto pra outra?
- Hum... Só mais umas trinta... depois tenho que ir embora.
Este texto termina aqui por que o seu autor, que sempre foi nutrido a Dostoiévski, Borges, Cortázar, Calvino, Machadão, Philip Roth, Beckett, Shaw e outros vários fodões, não acredita neste tipo de sub-literatura (e nem consegue fazer coisa melhor).
quarta-feira, 20 de agosto de 2008
Hoje é festa lá no meu apê
Cara, dançar sozinho é o maior barato. Acho que estou ficando louco. Não só por dançar sozinho, mas por ainda ter coragem de registrar isso e trazer a público as imagens. Já fui mais centrado. Em outros tempos eu estaria lendo um daqueles muitos livros que aparecem ao fundo. Bom, já li vários, se é que isso me redime um pouco. Mas, como diria o sábio Lobão: pense e dance. Dá pra ler e pogar... tudo a seu tempo. Uhhhhhúúúúúúúúú!!!!!!!!!!!!!!!!
terça-feira, 19 de agosto de 2008
Estante Virtual
Tenho vendido muitos livros no Estante Virtual. Beleeeeeza! Meus tempos de livreiro no Brique da Redenção acabaram, mas graças ao EV - onde o livro que você procura está muito mais barato, pode ter certeza - continuo no negócio. Trata-se do maior portal de sebos da internet brasileira. Além dos 200 livrinhos que eu cadastrei no site, você encontra milhões de outros títulos. Também compro por lá. Tudo funciona direitinho. Aí em cima estão as últimas qualificações que recebi do pessoal que comprou livros de mim.
Outros caras
Achei muito engraçado - e pertinente - esse cartum sobre o aquecimento global. Tem caras que têm as manhas de fazer coisas engraçadas.
Desenhos antigos
Achei no meio das minhas coisas umas tirinhas que desenhei há muito tempo. Mais um dos meus incontáveis projetos que não saíram da primeira página. Tava relendo e não achei tão ruins. Claro, sou extremamente condescendente comigo mesmo...
segunda-feira, 18 de agosto de 2008
Damned!!!
Reproduzo aqui uma página da Rue Morgue Magazine - uma revista canadense de cultura de horror - abrilhantada pela Damn Laser Vampires, a banda mais a fudê que surgiu em Porto Alegre nos últimos tempos.
Sou amigo da Francis K. e do Ronaldo Selistre há vários anos. A Francis é uma baita desenhista, estilista, pintora, maluca... O Ronaldo, além de desenhista, também escreve umas coisas muito boas. Há algum tempo os dois se juntaram ao Michel Munhoz, outro que desenha pra caramba, e deslancharam com a Damn Laser Vampires. Meu forte não é música, por isso não vou me arriscar a adjetivar o som deles. Sei que eu gosto. Muita gente gosta. E sei também que ninguém merece mais do que eles o sucesso que estão fazendo. Como diria meu amigo Wilson, eles são muito foda!
quarta-feira, 13 de agosto de 2008
terça-feira, 12 de agosto de 2008
As urnas foram abertas!!!
Terminou o prazo da minha enquete. Muito obrigado a todos os amigos que votaram. Agora, munido do egocentrismo que me é peculiar e do bem nutrido narcisismo que mantenho apesar de todas as razões para não fazê-lo, gostaria de comentar o resultado.
Mulher: 3 votos
Não teria me incomodado se esta opção tivesse ganho. Ao longo destes meus sofridos 36 anos de vida, fui amansando meu romantismo exacerbado, mas ainda estou longe de dizer que me livrei dele. Hoje não escuto as músicas piegas e mela-cuecas que ouvia na adolescência e nem passo dois anos apaixonado pela mesma pessoa, mas - muito raramente, é certo - ainda caio na armadilha de acreditar em um amor e uma cabana quando vejo uma guria que me balança as estruturas. Tenho o ascendente em capricórnio, e isso seria ótimo... mas minha lua é em escorpião. Este aracnídeo em dose dupla já é overdose, já dá pra matar. Morrer de amor... que lindo, hein?!!! Mas não se preocupem, Werther não é mais o meu livro de cabeceira. Nem Os Trabalhadores do Mar, nem O Barão nas Árvores, nem Noites Brancas e nem La Invención de Morel. Não vou morrer de amor. Ou será que vou?
Mulheres: 8 votos
Quase que esta ganhou. Ficou em segundo lugar. Bom, estaria mais próximo das minhas atuais leituras de cabeceira. O Homem que Amava as Mulheres, do mestre Truffaut, Mulheres, do velho safado, Minhas Mulheres, do mestre Crumb e por aí vai. Irresistível a vontade de contar sobre as mulheres da nossa vida, né? Eu, que só pego gripe, já me senti tentado inúmeras vezes a fazer isso. O problema é que sou vil e desprezível. Minhas histórias são ilícitas... nem expiação posso fazer, pois estes relatos envolvem pessoas que não querem ser citadas. Mas é isto... quem não precisa das mulheres? Só elas mesmas e os gays - ainda assim com exceções. Eu, do centro do lugar comum onde estão todos os homens toscos ou nem tanto deste mundo declaro em alto e bom tom que gostaria de ter todas as mulheres do mundo (todas as que eu botasse o olho, pelo menos). Grande novidade! Vamos adiante.
Dinheiro: 3 votos
Pouco votada. Ao contrário do item "Mulher", fico feliz que tenha sido assim. Quero crer que o meu desapego à grana é uma coisa bastante visível. Claro que eu queria ter dinheiro. Tenho todo um estúdio musical pra montar e uns pequenos consertos pra fazer neste corpinho modesto que Deus (acho que foi ele) me deu. Mas não faço da grana - E PRINCIPALMENTE NÃO FAÇO DO TRABALHO - o centro da minha existência. Ces't vrai.
Psicanalista: 1 voto
O menos votado. Isso é bom e mau. Bom por que de uma votação tão baixa depreendo que as pessoas me consideram "analisado" (digam que sim, por favor!). Mau por que EU QUERIA. Porra, adoro o Woddy Allen e quando assistia, há anos, aquelas conversas do Paulo Santana com o Dr. Paulo Rebelato na TV Com, tinha a certeza de que um bom psicanalista tornaria minha vidinha cheia de neuras bem menos desconfortável. Claro que eu nutria, lá no fundo do meu serzinho monomaníaco, a esperança de que o psicanalista seria do sexo feminino, usaria um vestido longo que subiria automaticamente até a metade das coxas quando ela cruzasse as pernas e que ela diria com os olhos "vamos fazer sexo animal neste divã" enquanto sua boca pronunciava "uhum... me fale mais sobre isso". Sou freudiano, devo avisar.
Encontrar Deus: 7 votos
Olha! Me surpreendeu esta. A idéia de Deus é uma coisa tão fora do meu espectro de interesses que vê-lo assim, tão presente na vida dos meus amigos (estamos falando de 8 pessoas, eu sei, mas deixem eu brincar que isso é importante e lembrem-se que as pesquisas de opinião fazem uma projeção relativamente boa a partir de uma parcela ínfima da sociedade) me espantou realmente. Gosto, assim como Dostoiévski, de Jesus Cristo. Não gosto do Sócrates, aquele chato, gosto do Platão. Gosto das pessoas boas. Nelas gosto de Deus. Acho que Deus são os meus amigos, são as pessoas que te fazem rir da idéia de tudo ter saído de um aminoácido. Deus sou eu, por que não dizer? Deus somos todos nós. É o que eu penso. Mas tudo isso carece de embasamento... e eu não sou bobo de sacar do coldre a minha intuição simplesmente. Mas é ela... o que posso fazer?. Só que, como eu disse, vamos deixar Deus pra lá... por enquanto.
Largar tudo e viver como um andarilho: 4 votos
Tá bom, entendi. O pessoal não quer que eu saia daqui. Tudo bem gente... já vão longe os anos em que eu, bem empolgado com leituras de Jack London, George Orwell, Cortázar e outros (devo citar À Mão Esquerda, do Fausto Wolff, aquele mala que escreveu um bom livro), jurava que ia ganhar o mundo com uma mochila nas costas. Hoje sei que não vou virar um cidadão marginal do globo. Sou um cagão.
Levar uma boa surra: 12 votos
Campeoníssima. Pois é... Eu poderia dizer que já apanhei muito até hoje. Pelo visto não adiantou. O pessoal ainda quer me surrar. Eu proponho aos poucos amigos que vão ler esta bobagem toda que me escrevam e digam: se eu levasse uma surra, e esta surra me tornasse uma pessoa melhor, como isto se refletiria neste balanço que agora vos ofereço?
Beijos a todos. Como diria o meu amigo Fábio Klein: amo vocês!
Um poema
Tá cheio de blogs publicando coisas de outras pessoas (e não as de seus autores). Talvez não seja assim tão ruim como eu penso, mas existem tantos blogs fazendo isso que a coisa perdeu a graça. Eu raramente publico coisas de outros autores, mas às vezes cedo à tentação. É o caso deste poema do Drummond, que eu acho muito bonito:
Canção Amiga
Eu preparo uma canção
Em que minha mãe se reconheça
Todas as mães se reconheçam
E que fale como dois olhos
Caminho por uma rua
Que passa em muitos países
Se não me vêem, eu vejo
E saúdo velhos amigos
Eu distribuo um segredo
Como quem ama ou sorri
No jeito mais natural
Dois carinhos se procuram
Minha vida, nossas vidas
Formam um só diamante
Aprendi novas palavras
E tornei outras mais belas
Eu preparo uma canção
Que faça acordar os homens
E adormecer as crianças
Bons tempos
Eu trabalhava no Diário de Canoas. Fiquei lá de 93 a 96. Foi bom por que conheci muita gente legal: Dejair, Lourenço, Flávio, Elias, Nauro, Sobral, Adrianas, Cláudias, Valéria, Stela, Raquel, Naná, Claiton... uma galera (sei que tô esquecendo gente). E tinha mais um pessoal com quem eu já tinha trabalhado em outras ocasiões (Marília, Viviane, Jeferson, Mittmann). Tirando o fato de que eu tinha que fazer todos os dias, inclusive domingos e feriados, a mesma coisa chata (diagramação), era uma época legal. Fazia umas ilustrações e charges também. Naqueles dias em que o glorioso Grêmio do Felipão tava indo pro Mundial, eram inevitáveis as discussões acaloradas com os colorados (com o perdão do trocadilho). Sei que perdi uma caixa de Norteña pro meu amigo Claiton Magalhães numa aposta de que o Grêmio ganharia o jogo contra o holandês Ajax. Paguei. Mas um pouco antes da ida do Tricolor pra final, escrevi um texto e botei no mural da redação. Foi engraçado. Ficou mais engraçado ainda por que meu amigo Magalhães respondeu. Buenas... eu tava revirando minhas coisas lá em casa e achei os textinhos. São legais. Resolvi publicá-los aqui.
terça-feira, 5 de agosto de 2008
Nunca mais, nunca mais...
Achei este desenho na internet. Gostei. Em homenagem ao meu grande amigo Edgar Allan Poe, resolvi publicá-lo neste blog que, não obstante uma que outra bobagem, costuma fazer a sua apologia da boa literatura.
quinta-feira, 31 de julho de 2008
Não sou patriota...
... nem sou bairrista. Aliás, me incomodam os bairrismos. As pessoas, em sua maioria, são péssimas em qualquer lugar do planeta (pelos menos naqueles que conheço in loco e pela televisão - nada sei da galera do Katmandu, por exemplo). Gaúchos, cariocas, capixabas, calangos, barriga verdes, guatemaltecos, portenhos, esquimós, cossacos, montenegrinos, eslavos, semitas, nórdicos, gregos, troianos, marcianos, montecchios e capuletos... cada um no seu quadrado (péssima referência, eu sei) e todo mundo vai ficar quadrado. Jesus Cristo tava certo: o lance é amar todo mundo. Óbvio, mas sempre esquecido. Tá... eu não tô assim tão cheio de amor pra dar, mas pelo menos a minha falta de amor é dividida de maneira equânime. Tenho falta de amor para com os imbecis do Sri Lanka tanto quanto para com os bestas que cruzo na rua todos os dias aqui em Porto Alegre. Gosto das pessoas legais de qualquer língua, e é isso. O desenho é meu e é pra mostrar o que deveríamos fazer com as bandeiras.
quinta-feira, 17 de julho de 2008
Coisas que se vê por aí
Fiz este desenho pra ilustrar uma notinha sobre aquele túnel que supostamente ligava Londres à Nova Iorque. Bobagens da internet que se espalham pelo mundo inteiro. Agora estão pensando em fazer um túnel que ligue Porto Alegre à Paris... é pra ver se a gente enxerga a Cidade Luz no fim do túnel... re, re, re. Piadinha infame pra manter a fama.
Não jogue remédio na privada, rapá!
Fiz esta ilustração pra uma matéria sobre a incidência, já grande, de casos de águas contaminadas por remédios descartados de maneira irresponsável. Usei uma técnica que nunca tinha tentado. Ficou mais ou menos... não vou fazer de novo. Dá uma trabalheira do cão.
Poder de persuasão
Ilustração que fiz pra um artigo sobre o carisma e a picaretagem do presidente colombiano Álvaro Uribe. O narcotraficante e o para-militar são tipo assim... cabos eleitorais do cara.