domingo, 8 de novembro de 2009

Meu número

Ah, esta eu tinha que registrar. Olha o número de visitas no blog: 7171. Meus números favoritos. Nasci em 17-11-71 (de trás pra frente dá a mesma coisa) e por isso não consigo me livrar das superstições relacionadas a estes dígitos. A bem da verdade, acho que não me deram muita sorte até hoje, mas vou continuar acreditando.
Ah... meu aniversário tá chegando, caso alguém não tenha se ligado que "11" é novembro. Por favor, amigos, nada de presentes muito caros. Eu disse "MUITO" caros.

Muito sangue no fim de semana

Paguei exorbitantes 10 reais para ver um filme no cinema neste fim de semana (saudades dos tempos da minha carteirinha da Ufrgs). E não era cinema de shopping, pois só entro nestes templos de consumo da massa acéfala se não tenho opção de outras salas. Não, era o Vitória, sala pequena, simplinha... Porra!!! Dez reais?!?!?! Quase que saquei a nota de 20 falsa que um taxista filho da puta me passou noutro fim de semana e eu, bêbado e meio p. da cara (por razões que não vou contar) não percebi (hoje juntei coragem e rasguei a maldita - não ia ter cara de passar aquilo adiante). Buenas, mas pior foi pagar 10 reais pra ver um filme ruim. Bastardos Inglórios, do sempre festejado Tarantino. Buenas... não vou me estender: o cara errou a mão. O filme tem mais de duas horas e meia, é longo demais e em diversos momentos perde o fio condutor. Usa várias linguagens e, por conta daquela mistureba de referências que o diretor sempre faz, vira uma coisa que desta vez (em alguns filmes deu certo) não acabou numa unidade estética maior. Tem também neste filme outra coisa que as pessoas costumam elogiar nos filmes do Tarantino como se fosse uma sacada genial: o banho de sangue. Putz, tá certo que tem uns filmes de merda que nem com todo o sangue do mundo conseguem se tornar interessantes, mas daí a dizer que isso é um ponto positivo no Sr. Pulp Fiction... tsc, tsc.
O Tarantino tá perdendo a mãããoo, o Tarantino tá perdendo a mããããooo...
O legal do dia (um dia chuvoso horrível, diga-se) foi ter passado antes na Feira do Livro. Não pela Feira em si, que eu já não tenho mais saco pra ela (conheço quase todas as bancas e seus respectivos livreiros, sei quais são as caras - e são a maioria - sei quais são os saldos de qualidade - e são quase nenhum - e sei que a maior parte dos livros que estão à venda lá encontro mais baratos no Estante Virtual). O legal foi o livrinho que comprei: Sangue Ruim, de Joe Coleman. Não ando na crista da onda, não sei nunca da última novidade... geralmente acabo sabendo - e raras vezes curtindo - de alguma coisa depois que o frisson passou - e não é pra fazer tipo, sou desinformado mesmo, muito centrado nas coisas que já conheço. Quero dizer que talvez o Joe Coleman já seja conhecido de quase todo mundo. Anyway... se for, vou escrever para aqueles que, como eu, nunca antes ouviram falar do cara.
Sangue ruim é um livrinho publicado pela Conrad com quatro histórias escritas e desenhadas por Joe Coleman. Histórias reais, segundo o livro. São quase 180 páginas, metade textos, metade ilustrações. Quando botei os olhos no livro achei que o traço do cara lembrava o do Mutarelli - a capa principalmente - e também o do Crumb. Na contracapa tem aqueles tradicionais textinhos de gente de renome elogiando o autor. Um deles é exatamente do Crumb. Um outro é do Charles Manson (vocês saberão por quê), e o terceiro, extraído do prefácio pra lá de generoso, é do Jim Jarmusch. Buenas, pois é o Jarmusch quem diz - respaldado por um coro de agentes de arte interessados nas pinturas do cara - que o Coleman é um grande artista.
É um trabalho impactante. O tema das histórias do livro é a vida errante de quatro "outsiders" norteamericanos: três homens e uma mulher. Assaltantes, ladrões, vagabundos, drogados, assassinos, estupradores, prostitutas, bêbados, presidiários... eis o universo verídico que Coleman retrata. Abaixo reproduzo o trecho que uma página, pra dar uma ideia mais clara do que se trata:
"Na minha vida, assassinei 21 seres humanos, pratiquei milhares de arrombamentos, roubos, furtos, incêndios criminosos e , por último, mas não menos importante, pratiquei sodomia com mais de 1.000 seres humanos do sexo masculino. Não tenho o menor arrependimento por ter feito todas essas coisas. Não tenho consciência, então, isso não me preocupa. Não acredito no homem, em Deus ou no Diabo. Odeio toda essa raça humana desgraçada, incluindo eu mesmo. Se você ou outra pessoa se der ao trabalho e tiver inteligência ou a paciência para seguir e examinar todos os meus crimes, descobrirá que eu segui uma ideia com consistência durante toda a minha vida. Minhas vítimas eram os fracos, os inofensivos e os ingênuos. Essa lição eu aprendi com os outros: contra a força não há argumentos".
Sentiram a candura? Essa declaração aí de cima é de Carl Panzram, um dos retratados e, segundo o texto do Jamursch, um santo moderno para Joe Coleman. Sim, sim... o cara é daquele time de autores amorais, o cara é do mal. Eu estou longe - e espero permanecer lá - de concordar com esta visão de mundo, mas não posso negar estes caras que se debruçam sobre temas tão polêmicos, e têm coragem de mostrá-los como seus, são leituras interessantes.
A ilustração que reproduzi neste post não está no livro - os desenhos lá são em preto e branco - mas coloquei-a pra tornar meu estômago menos sensível.