quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Os esquisitos herdarão o mundo, Melissa!

E continuando a tradição deste blog, mais um vídeo de um sujeito estranho dançando de um jeito esquisito. O outro, que postei há muito tempo, era do R.E.M. (este). Embora eu não tenha nada (odeio essas negações da negação) contra o Michael Stipe, gosto mais deste, do meu amigo Jack White.
Dancem, esquisitos, dancem!

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Blaise Cendrars

Há alguns anos eu morava com meu amigo Jéferson Assumção, e como a biblioteca dele era pelo menos cinco vezes maior que a minha, volta e meia eu tomava algum dos seus livros emprestado. Uma vez passei a mão num volume de entrevistas. Negócio fino, conversas com Borges, Faulkner, Céline, Ezra Pound, T. S. Eliot, Nabokov e outros de igual calibre. Chamava-se “Os Escritores – As Históricas Entrevistas da Paris Review”, Companhia das Letras. Não me recordo se era o primeiro ou o segundo volume – saiu um em 1988 e o outro no ano seguinte -, mas lembro de ter lido quase todas as entrevistas.

Dia desses, por acaso, descobri que os livros foram reeditados. Dei uma bisbilhotada na internet e constatei que estas reedições não repetem alguns dos entrevistados que li. Philip Roth e Henry Miller, por exemplo. Além desses, não consta na capa de nenhum dos calhamaços o nome de Blaise Cendrars, certamente a entrevista que me ficou mais vívida na lembrança. Buenas, desconfiei que em algum recôndito deste vasto universo chamado internet haveria uma reprodução daquela entrevista e fui atrás. Não foi preciso procurar muito, digitei as palavras-chave e já no primeiro link... voilá, eis a relíquia. Apesar de alguns erros de digitação (e/ou ortografia), ela está neste endereço, para quem quiser conferir.
Blaise Cendrars foi um escritor/poeta (entre várias outras coisas) da primeira metade do século passado que influenciou muita gente (seu amigo Apollinaire, por exemplo) e teve uma vida agitada e prolífica. Viveu um tempo no Brasil - que considerava como sua segunda pátria espiritual - e foi amigo dos modernistas. Segundo resenha do site da Companhia das Letras, parte do seu livro Morravagin foi escrito por aqui. Eu tenho duas edições desta obra. Uma, da editora Ulisseia, de Portugal, reproduz o título original, “Moravagine”, mas não tem o complemento que vale o subtítulo da edição brasileira: “O Fim do Mundo Filmado Pelo Anjo Notre-Dame”. Há algum tempo tentei ler, mas a coisa não fluiu, achei chato (mesmo experimentando ora uma, ora outra edição). Talvez venha a reencetar a leitura, mas o que importa aqui não é a obra e sim a vida e o pensamento deste sujeito, Blaise Cendrars. Ou melhor dizendo, a obra importa sim, mas aqui, neste meu pequeno apanhado, só no contexto da significação que ela teve para o próprio autor. É muito maluca, excêntrica ou absolutamente implacável talvez a maneira como esse escritor lidou com a literatura, com a arte e com a sua própria produção.
Para atiçar as curiosidades, separei uns trechos mais interessantes abaixo (o que foi difícil, pois a entrevista é toda muito boa).

- Todos os escritores se queixam das restrições sob as quais trabalham e da dificuldade de escrever.

Para se tornarem interessantes; e exageram. Deviam falar um pouco mais dos seus privilégios e da sorte que têm em poder receber algum retorno financeiro pela prática de sua arte, uma prática que pessoalmente detesto, é verdade, mas que, de qualquer forma, é um nobre privilégio, comparado com a sina da maioria das pessoas, que vive como parte de uma máquina, que vive só para manter os eixos da sociedade girando inutilmente. Sinto pena delas, de todo o coração. Desde que voltei a Paris, venho me entristecendo como nunca diante da multidão anônima que vejo da janela, se aglomerando metrô adentro ou jorrando do metrô, em horários fixos. Falando sério, aquilo não é vida. Não é humano. Tem que ter um fim. E escravidão... não só para os pobres e humildes, mas o absurdo da vida em geral.
Quando uma pessoa simples como eu, que acredita na vida moderna, que admira todas essas fábricas bonitas, todas essas máquinas sofisticadas, pára e pensa aonde tudo isso leva, não pode fazer outra coisa a não ser condenar esse tipo de vida porque, realmente, não é bem o que se chamaria de encorajador.

- E seus hábitos de trabalho? Disse uma vez que se levanta de madrugada e trabalha horas a fio.

Nunca esqueço que o trabalho é uma praga - e, exatamente por isso, jamais fiz dele um hábito... ...Não tenho nenhum método de trabalho. Experimentei um, funcionou, mas isso não é motivo para me ater a ele pelo resto da vida. Tenho mais o que fazer na vida, além de escrever livros.

- Onde começou seu interesse por literatura folclórica?

...Devo a Gérard de Nerval meu amor à música e à poesia populares e, em todos os países do mundo, procurei ouvir, anotar e ler alguma coisa da música, poesia e da literatura do povo, em especial na Rússia, China e Brasil... ...Se a literatura de cordel está um pouco fora de moda em Paris, em um país como Brasil (que é um país novo, tudo parece novo para ele), camadas inteiras da população, que mal aprenderam a ler, estão descobrindo essas histórias de bruxarias, lobisomem. mula-sem-cabeça, fantasmas, humor negro, romance, contos de fada, novelas  de cavalaria, contos infantis, aventuras de bandoleiros e célebres crimes passionais; um repertório de maravilhas que não é mais banal e medíocre em si do que, em países muito mais avançados, as novelas policiais da Inglaterra, as histórias de gângsters dos Estados Unidos e os grandes filmes de amor nos cinemas do mundo inteiro, que também fazem parte das antigas tradições do folclore, da literatura popular.

- Mas no Brasil esse folclore não é inteiramente herdado dos negros?

De forma alguma. O folclore literário é de origem portuguesa. A literatura de cordel foi importada de Portugal...

- Mas os negros que foram levados para lá, eles escreviam?

Os negros levados para lá - quer dizer, os escravos - não escreviam. Eram proibidos de escrever e foi algo completamente excepcional o fato de alguns conseguirem aprender a ler ou escrever. Mais ainda, era proibido imprimir livros no Brasil, vinha tudo de Portugal. A primeira máquina impressora só foi instalada em 1818 no Rio de Janeiro, durante o império. Assim, as Obras completas de Gregório de Matos (1633-96), chamado, com toda a razão, de o François Villon do Brasil e a quem seus contemporâneos chamavam de Boca do inferno, tamanha a violência de suas sátiras à sociedade colonial, não foram publicadas no Rio até 1882, Até então, tinham sido transmitidas por tradição oral e por cópias manuscritas, que circulavam em um determinado grupo da sociedade brasileira: os boêmios da Bahia.

- Ele era negro?

Não, no máximo, bastante moreno, um mestiço, um pardo, como dizem por lá... ...Ele teve a sorte de ser enviado a Coimbra para estudar Direito... ...Quando voltou à Bahia, sua boca maldita e invectivas infernais custaram a ele uma temporada em Angola, no exílio, de onde voltou, mais enfurecido do que nunca, para se fixar em Pernambuco, em regime de prisão domiciliar. Ao invés de se emendar, levou uma vida de embriaguez e devassidão com as garotas negras da beira do cais, Todas as suas canções de amor, algumas realmente muito bonitas, celebram a Vênus negra. Ele morreu na   miséria. Diz a tradição que foi enterrado como o mais miserável entre os miseráveis, com o violão, seu único bem.

- Quando fugiu de casa, com quinze anos, o senhor havia planejado sua fuga? Tinha algum objetivo ou alguma esperança de voltar?

Eu sei lá. Fui para o leste porque o primeiro trem que passou na estação me levou para o leste; se fosse um trem indo para o oeste, eu teria chegado em Lisboa e seguido para a América em vez da Ásia.

- ...por que não continuou a experiência que havia começado com Pâques à New York, Transsibérien e Panama...

Em 1917 eu havia acabado de escrever um poema que me espantava pela plenitude de sua modernidade, por tudo que eu havia colocado nele. Era tão antipoético! Fiquei encantado. E, naquele exato momento, decidi não publicá-lo, para deixar a poesia moderna seguir seu caminho sem mim, para ver o que aconteceria. Guardei o poema não publicado em uma caixa no sótão da casa de campo; e dei a mim mesmo um prazo de 10 anos antes de publicá-lo. Isso foi há mais de trinta unos, e acho que ainda não chegou a hora de publicar esse poema.

- O senhor era mais alegre porque a vida era mais divertida nos bons e velhos tempos?

Meu caro amigo, na Belle Époque, escritores ganhavam um sou por linha nos jornais e um Apollinaire teve que esperar meses, anos, antes que pudesse assinar seus artigos e contar com um emprego estável, com pagamento regular. Por isso ele ele escrevia pornografia... ...Antes de 1914, aqueles que queriam um emprego faziam fila na porta, ou guichê de um balcão de empregos que nunca se abria... ...Para o inferno com o emprego e a vida decente. Nós dávamos risada. As garotas de Paris eram bonitas.

- O senhor anunciou trinta e três livros para o futuro. Por que trinta e três?

A lista de trinta e três livros, que venho anunciando há quarenta anos, não é exclusiva, restritiva ou proibitiva; o número trinta e três é o número-chave da atividade, da vida... ...Não incluí nela os títulos dos romances que nunca escreverei... ...Também encontram-se relacionados os dez volumes de Notre pain quotidien, que já estão escritos, mas que deixei em diversas caixas-fortes em bancos da América do Sul e que, se Deus quiser, serão encontrados por acaso algum dia - os papéis não estão assinados e foram depositados com um nome falso. Também incluí um grupo de poemas que amo mais do que os meus próprios olhos mas que não me decidi a publicar - não por timidez ou orgulho, mas por amor. E tem os livros que estavam escritos, prontos para publicação, mas que eu queimei para a infinita tristeza de meus editores: por exemplo, La vie et Ia mort du soldat inconnu, em cinco volumes. E, por fim, há os bastardos, as larvas e os abortos que provavelmente nunca virei a escrever.

- Conhecia Sinclair Lewis também, não é?

...Ele me mandou um recado dizendo que precisava me encontrar urgentemente. Pedi-lhe que viesse ao estúdio, mas ele me disse que estava resfriado, não gostava de filmes e que, de qualquer forma, não tinha tempo, porque partia para Estocolmo na manhã seguinte, para receber o Prêmio Nobel... ...A porta do banheiro estava entreaberta e a água quente corria pelo corredor. Entrei. A banheira estava transbordando e as torneiras abertas ao máximo. Dois pés, ostentando sapatos finos, novíssimos, pendiam para fora da banheira e, no fundo, um homem de smoking estava se afogando. Foi esse o Sinclair Lewis que conheci. Puxei-o para fora, tirando-o daquela posição infeliz e foi assim que salvei sua vida...
 No dia seguinte eu o coloquei no trem - ele nem sequer me pagou um drinque. É verdade que estava com uma ressaca e tanto, e que provavelmente não queria saber de bebida, ou, talvez, tivesse feito um juramento de nunca mais beber.  Mas promessa de bêbado não vale nada, você sabe.

- Não disse uma vez que se fortalece no amor e na solidão?

Na verdade, os artistas vivem ao lado, à margem da vida e da humanidade; é por isso que são grandes demais ou pequenos demais.

- À margem da humanidade? Então não se considera um artista?  

Não. Já tive trinta e seis profissões e estou pronto para começar outra coisa inteiramente diferente amanhã mesmo.

- E qual a sua opinião sobre Jean-Paul Sartre?

...Existencialismo? Quanto à doutrina filosófica, foi Schopenhauer quem, nos colocou em guarda contra os professores de filosofia que, depois de completar seus estudos formais, meditam, escrevem, pensam, rabiscam mani­festos - e Sartre é um professor... ...Os escritores jovens de hoje - encontrei muitos deles desde minha volta a Paris e me pergunto o que os torna especificamente existencialistas. Será por que eles se disfarçam toda noite para ir a Saint-Germain-des-Pres da mesma maneira que seus pais se vestiam toda noite para freqüentar a sociedade ou ir ao clube? Isso é um modismo que vai passar, que já passou. Não me deixo levar pelo barulho de um desfile. Mas o mundo se entedia consigo mesmo. O cinema, o radio, a televisão...  A verdade é que muito poucas pessoas sabem viver e aquelas que aceitam a vida como ela é são ainda mais raras.

domingo, 16 de setembro de 2012

Meu caro amigo, me perdoe por favor...

E aí, Mimi. Agora tô com internet em casa (depois de muitos problemas) e vai ficar mais fácil a comunicação. De mim não tem muito pra contar. Vim morar na praia pq tava cansado. Cansado de ser explorado no trabalho, cansado de pagar aluguel. Vim pra cá pq não tinha outro lugar pra ir. Morar com os meus pais é impossível (embora meu pai esteja aqui comigo, fazendo obras na casa). Cidreira é uma cidade horrível. É a mais antiga do litoral gaúcho mas o atraso é impressionante. A infraestrutura também. Tudo fecha ao meio-dia. Pra ajudar (embora em muitos aspectos eu ache isso bom), nossa casa fica bem no fim da praia, longe de tudo. Um amigo do meu pai me conseguiu uma bicicleta velha (todas as bicicletas daqui parecem velhas devido aos efeitos da maresia) pra eu conseguir vencer as distâncias. Mas mesmo com uma bicicleta, nem sempre é fácil. As ruas são de pedras completamente irregulares, o que dificulta as pedaladas. Quando chove  (e tem chovido com frequência) muitos trechos ficam intransponíveis. Quase sempre tem um vento que deixa meus olhos irritados (pq junto com o vento vem a areia - areia, aliás, que já tá impregnada até na minha alma, impossível fugir dela) e também dificulta pra caramba as pedaladas.

Nas minhas primeiras semanas tive vários stress com o pessoal da agência de correios daqui. A incompetência é fenomenal. Os livros que vendo na internet são postados na modalidade "Registro Econômico" (ou Registro Módico). Tu não imagina o quanto de incomodação eu tive pra conseguir realizar o simples envio de um livro. Não vou entrar em detalhes porque me irrito só de lembrar, mas pra tu ter uma ideia, na última vez tive que ir a Tramandaí (40 minutos de ônibus) porque o sistema dos belezas tinha caído e eles NÃO TINHAM UMA TABELA FÍSICA para fazer a coisa sem o uso do computador. Enfim, aqui ainda estão na Era Mezozóica, mais ou menos. 
Fora isso, me transferi pra cá bem na época das eleições. Neste momento fico feliz de morar bem no fim da praia, pq aí então os caminhões de som não se dão ao trabalho de ir tão longe. Mas é horrível. Acontece aqui o mesmo que acontece em Canoas (e nas cidades pequenas ou nem tanto do Brasil inteiro, imagino): eles pegam uma música que já é ruim (sertaneja, pagode, funk) e adaptam uma letra enaltecendo o candidato. Então dá-lhe "eu quero um tchum, eu quero um tchá", "ai, se eu te pego", "kuduru" (é assim que se escreve essa merda?) e outros lixos que a massa acéfala ouve passivamente. Eu não sou o maior dos fãs do ECAD, mas esses caras não deveriam fiscalizar este tipo de coisa? Digo, essa apropriação desautorizada (imagino que seja desautorizada) das músicas desses "artistas"? Lá em Canoas (além de um cara que se elegeu vereador usando o nome e imagem do Pateta, da Disney) o atual candidato a prefeito pelo PSDB chegou a câmara, há alguns anos, depois de vários meses estourando os tímpanos das pessoas com um enorme carro de som que repetia à exaustão a adaptação de uma música idiota da igualmente idiota Ivete Sangalo. Esse cara depois se tornou o braço direito da Yeda Crusius, o que me levou ao seguinte raciocínio: Yeda Crusius, do mal. Braço direito da Yeda Crusius, do mal. Consequemente Ivete Sangalo do mal. Mas acho que pode se inverter essa ordem sem qualquer prejuízo... rs. 
Buenas, tô me dispersando. Voltando à vidinha na praia: internet foi outro problema. Esperei por meses uns sujeitos que prometeram uma conexão via rádio. Só me enrolaram. Como estava de saco cheio de pedalar até o centro todos os dias pra conferir meus emails (principalmente os pedidos de livros), decidi apelar pro 3G (completamente inseguro, pois os relatos sobre qual era a melhor operadora - ou a cobertura menos ruim - variavam muito). Numa loja da Vivo em Tramandaí fiquei sabendo da existência de um roteador. O negócio parece que funciona bem (é o que estou usando neste momento pra te escrever este email) e oferece os gigas do modem 3G por um preço mais em conta. O único porém é que não é completamente portátil (até dá pra levar, mas precisa de uma tomada pra funcionar - como ainda sou um neandertal que apenas usa o pc, tá de boa). 
Continuando: vim pra cá com a ideia fixa de tocar uns projetos de serigrafia. Demorou pra eu arriscar uma impressão de verdade, mas o resultado, depois de umas 5 camisetas velhas ficarem definitivamente inutilizáveis, até que foi bom. Estou nisso agora, corrigindo pequenas falhas, acertando dosagens de químicos, tempos de exposição, etc. Preciso comprar uma mesa “carrossel” para impressão serigráfica. Já procurei no Mercado Livre, mas aqui no RS parece não existir tal artefato. Fora a serigrafia, aproveito a total ausência de vizinhos próximos pra brincar pra valer com a minha bateria. Não digo que estou tocando (agora, com internet e uns videozinhos do YouTube, talvez eu acabe aprendendo), mas já é uma satisfação poder fazer barulho a pleno. Barulho, aliás, tenho feito também com a guitarra, o teclado e um trompete que um amigo emprestou (tchê, que instrumento mais complicado!!!). 
E o que mais? Tem uma cadela aqui comigo, a Luma. Ela é tri bonita, acho que é policial, ou capa-preta... não entendo muito de raças de cães, mas sei que ela parece um lobo. O problema é que além dela tem mais 4 cachorros que não saem da volta da casa. Aqui em Cidreira, cada quadra tem a sua matilha de cães abandonados. Dá uma pena, cara. O pior é que tem uns cachorros bem bonitos, uns gigantes que chega a dar medo de passar por perto. Eu tava disposto a cuidar da matilha da minha quadra, mas essas bandas que dou até os mercados pra buscar restos de carne (eu peço “carne pra cachorro”) me cansam e tomam um tempo danado (e custam uns pilas também). Além disso, estou tendo problemas com os pulguentos que não saem do meu portão. Eles ladram pra todo mundo que passa na rua, as pessoas pensam eles são meus. Um dos meus stress com o correio daqui foi porque o carteiro simplesmente se recusa a entrar na minha rua. Fui na agência buscar um livro que não chegava nunca. Na embalagem, a explicação do carteiro: cão solto. Não adiantou eu dizer que a porra do cachorro não era meu, que eu nada tinha a ver com o fato de o bicho andar a solta. Enfim, o problema maior é o abandono. Espero que chegue logo o verão (com seus veranistas) e que eles debandem pro portão de alguma casa que tenha mais a oferecer (eu nem sequer como carne, pô!).
Tenho ido a Canoas/Porto Alegre numa média de duas vezes por mês, mas quero espaçar mais estas viagens. Apesar de aproveitar pra comprar coisas, ir ao dentista e garimpar livros, perco muito tempo na “capital”. Prefiro ficar aqui, enfurnado no silêncio desta casa ao lado das dunas (é um cenário bonito). A Melissa não gostou muito desta minha mudança, mas vamos nos adaptando. Neste fim de semana ela vem pra cá. Eu agora só volto à cidade pras eleições. Com muitas ressalvas, darei meu voto pro Jairo Jorge. Vereador ainda não escolhi. Estou mais curioso com o resultado de Porto Alegre.
Dia destes acabei ficando uma semana inteira por aí (desculpe por não ter feito uma visita). Fiquei porque o pessoal do Diário de Canoas (a primeira turma) organizou um encontro – no fim de semana subsequente ao da minha estada - pra comemorar os 20 anos do jornal. Achei que era melhor ficar do que fazer mais duas viagens (e gastar – agora sou um homem desempregado). Foi bem legal, Mittmann. Estavam lá o Dejair, o Lourenço, o Flávio, o Elias, o Nauro e o Ricardo, um fotógrafo que já tinha saído do DC quando eu entrei. Da turma feminina vieram a Stela, a Naná, a Valéria, a Raquel e a Marília. Enfim, toda a redação original. Além destes estavam a Rita e a Sherelia, que eram da circulação, se não me engano. Foi um encontro massa. O Nauro escreveu um texto bem legal, ilustrado com as fotos do dia, no blog dele. Clica aqui, que tu vai ver. Muita gente mudou (claro, foram quase duas décadas) e eu fiquei meio baqueado, nenhum outro acontecimento nas minhas atividades recentes fez com que caísse tão sonoramente a ficha de que eu sou um quarentão. Mas foi tudo ótimo. Tão ótimo que eu bebi demais e terminei vomitando. O Lourenço foi extremamente gentil e me levou pra casa (o encontro foi no Italianíssimo, mas já estávamos então em Porto Alegre). Eu poderia te contar detalhes sobre a vida atual de cada um deles, mas aí este email, que já tá extenso pra caramba, ia ter o dobro do tamanho, Mimi. Então vou deixar essa conversa para quando nos encontrarmos pessoalmente.
De resto, espero ter satisfeito a tua pergunta sobre como anda minha vida. Claro que muitas coisas não escrevi aqui. A verdade é que estou pensando em colocar este email no meu pra lá de abandonado blog (espero que tu não te importe) e preciso cuidar pra não ficar contando de cada vírgula, de cada suspiro do meu dia-a-dia (o que tornaria enfadonho algo que já não é lá muito excitante).
Um abraço pro Lorenzo (que já deve estar bem grandão) e um beijo pra Weridiana (ela vai votar nos direitosos este ano?).
Abração, Mittmann.