sábado, 17 de novembro de 2012

Obrigado, Google!

Olha só isso, o Google me felicitando pelo aniversário. Eh... legal! Fico imaginando quantas pessoas abriram o site hoje e tiveram essa surpresa. Se a Sophie Marceau (aquela linda) tem um Gmail (ou faz parte do Google +, não sei), foi surpreendida também. Além dela, Danny DeVito, Martin Scorcese, Mary Elizabeth Mastrantônio (alguém lembra dessa mocinha?) e outros. Isaac Hanson também (putz, porque não um Hendrix, um Jim Morrison, um Ozzy, um Keith Richards, um Little Richard ou um Frank Zappa? Todos sagitarianos... é foda!).
Hoje também é o Dia Internacional do não-fumante (juro que eu já odiava visceralmente o cigarro muito antes de descobrir isso) e o Dia da Criatividade (juro que eu já tentava - eu disse tentava - ser criativo muito antes de descobrir isso).
O Matusalém, consta, viveu 969 anos. Eu fiz 41 e já tô me achando velho. Ou esta história tá meio mal contada ou era muito melhor viver sem tv, internet, computador, supermercado, automóvel, etc, etc.
Buenas... simbora.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Um ano de (poucas) leituras

Em setembro do ano passado fiz aquela lista dos livros que havia lido até então. Um pouco suspeito aquilo. Seria de se supor que a leitura de tantas obras teria me tornado uma pessoa melhor, imune a impulsos da vaidade, inclusive a de leitor. Buenas, a verdade é que tornou mesmo, juro! Esse negócio de ficar fazendo listas se deve, isso sim, a um transtorno obsessivo-compulsivo. Pelo menos é o que eu diagnostico. TOC. Já fiz listas mais longas e mais condenáveis do que aquela (de uma especialmente, com mais de 1.500 “itens”, tenho vontade imensa de falar, mas ainda não estou pronto).
Não sei se sou um caso exacerbado, mas patológico com certeza. O que me tranquiliza um pouco é a consciência de que todo mundo é meio maluco. Daria um dedo pra ver algumas pessoas “abrindo o coração” como faço neste meu blog “no notion”.
Aqui um aparte: há quem veja nessas “confissões” algo de afetação, de presunção. Acham que o sujeito que faz isso se dá uma importância exagerada. Pois eu penso que é exatamente o contrário. Quando alguém faz este tipo de devassa na própria vida, está se “desimportantizando”. No dia em que não existirem mais coisas veladas, o mundo será bem melhor. Sim, também acho que este dia nunca vai chegar.
Outra razão pra recorrer a esses registros é porque venho, cada vez mais, esquecendo das coisas. Claro, no final das contas não é nada grave esquecer que li este ou aquele livro - a função daquela leitura na minha vida terá se cumprido e lembrar dela, na maioria das vezes, é secundário (aliás, esquecer faz parte. Né, Borges? Né, Ivan Izquierdo?) -, mas se dá pra organizar, porque não fazê-lo?
Então, dito isto, segue uma pequena lista dos livros que li desde aquele longínquo setembro. Pequena mesmo... tenho lido cada vez menos. Só que desta vez vai junto uma mínima resenha para cada obra. Alguns desses títulos são muito bons e tenho a pretensão de despertar o interesse das gentes por um que outro.

Mais Estranho que a Ficção – Chuck Palahniuk
Esse livro merece um texto exclusivo, mas acabei de vendê-lo na Estante Virtual, então tenho de ser rápido e conciso. Como o próprio nome sugere, não é ficção. São crônicas do cara que escreveu “O Clube da Luta”. O Palahniuk é um sujeito muito foda. Tem um recorte de mundo, um interesse literário, que faz dele um caso único entre os escritores (os que eu conheço, pelo menos). Basta ver os temas sobre os quais se debruça neste livro divido em três partes.
A primeira e maior delas são os relatos “Pessoas Juntas”, onde o autor apresenta o panorama de um “American way life” lado B, digamos. Abre com uma história sobre um festival de putaria em Montana, segue com um campeonato amador de luta livre e vai, ao longo de nove relatos, contando coisas sobre: convenções onde escritores novatos tentam publicar seus livros, motoristas malucos que jogam seus carros uns contra os outros em batalhas suicidas, experiências sociológicas com fantasias de animais, proprietários de castelos que ergueram sozinhos - tijolo por tijolo - o seu palácio, experiências com anabolizantes perigosos, a vida de marinheiros confinados por três meses num submarino e casas mal-assombradas e experiências mediúnicas.
A segunda parte se chama “Retratos”, são textos sobre pessoas específicas. Começa com a atriz Juliette Lewis e vai até o escritor Ira Levin passando, ao longo de sete histórias, por Marilyn Manson e outros personagens curiosos.
A terceira parte também tem sete relatos e se intitula “Pessoal”. Embora sejam abordados em alguns dos outros textos, neste bloco o escritor se detém em temas como família (a relação com o pai, principalmente) e a escrita e repercussão estrondosa do seu livro “Clube da Luta”.
Isso é um resumo e portanto diz muito pouco sobre o livro. Cada texto é um mergulho num mundo estranho e fascinante.
Eu diria: não deixe de ler por nada.

Matéria de Memória – Carlos Heitor Cony
O Cony é um grande escritor, todo mundo sabe. Este é apenas o segundo livro dele que leio, mas sei que o cara é foda. Já vi muitas resenhas elogiando suas obras. Este Matéria de Memória (não confundir com Quase Memória, outro livro dele) é, até onde pude ver, um dos menos festejados e, no entanto, trata-se de um ótimo livro. História de desencontros amorosos e afetivos, é construído em cima dos relatos de três personagens principais e um pequeno universo de secundários.
Pungente. Vale a pena ler

Esperando Godot – Samuel Beckett
Achei (e todo mundo acha) bastante parecido com “Fim de Partida”, único livro do Beckett que consegui, antes deste, levar até o fim. No “Godot” a história se baseia numa espera, no “Fim de Partida”, numa ameaça de ir embora, mas de resto são dois livros “irmãos”. É o universo beckettiano aquele. O livro é um clássico da dramaturgia e não carece de resenha. A sensação de angústia, de desconforto, é – pra quem gosta destas experiências (na verdade não se trata de gostar) – garantida. Leia o livro e renove as tintas da sua crise existencial.

Harmada – João Gilberto Noll
Eu nunca tinha lido nada do Noll. Sabia que o cara era conceituado em alguns círculos, já tinha visto/ouvido uma conversa com ele na Feira do Livro de Canoas, mas nunca fui atrás dos seus livros. Recentemente li uma crítica negativa, dizendo que o autor estaria se tornando vulgar, obsceno, gratuito. Buenas, talvez seja. Como só li esse Harmada, não posso opinar. Mas gostei do livro, daquela atmosfera nublada, aquosa, onírica que o autor mantém do início ao fim. E ambígua também. A história quase sempre parece por um fio pra cair num relato homo ou bissexual, mas a sugestão segue até um limite, tensiona a imaginação pra então se render a um desfecho menos transgressor, digamos. Não sei qual é a praia do Sr. Noll, qual rumo seguiu sua escrita depois disso, mas estou curioso pra ler outro livro dele.

Subúrbio – Fernando Bonassi
O Bonassi é foda. Acho estranho que este cara não seja mais comentado. Novamente na Feira do Livro de Canoas, uma vez participei de um bate-papo com ele. Se não me engano, fui eu – então trabalhando na Secretaria de Cultura da Cidade – quem sugeriu o nome do cara para o evento. Ele veio, falou e deixou todo mundo impressionado. Além de muito bom escritor, é roteirista de cinema (Cazuza, Carandiru, Os Matadores) e televisão (Força-Tarefa). Como se pode ver, tem uma afinidade com os temas da violência, da urbanidade e marginais de toda estirpe. E posições muito firmes em relação a todas essas coisas. Um mestre dos micro-contos, escreveu, entre outros, Passaporte, um livro com relatos diversos, muitos contando das suas experiências durante uma bolsa que o levou pra Alemanha.
Mas este livro, Subúrbio. Praticamente dá pra dividir em duas partes: a relação viciada e apática de um casal de velhos num lugar cinzento do ABC paulista e a relação terna e vívida do velho deste casal com uma menininha da vizinhança. É um livro triste, o final é devastador, mas é um retrato possível entre tantos outros terríveis retratos possíveis. É bem escrito e não é gratuito.
Leia e fique abalado por uns tempos.

Putas Assassinas – Roberto Bolaño
Putz... esse não lembro de quase nada. Sei que gostei. Nada muito eufórico, mas gostei. O Bolaño, desde que li 2666, me passa a imagem de um cara meio cioso da sua condição de escritor, poeta. Porque boa parte dos contos – presume-se – são autobiográficos (o nome de um personagem recorrente é “B”) e neles a relação com a literatura é uma constante.  Ele deixa transparecer uma certa afetação e essa transparência sempre confere um “quê” de amador ao escritor (minha opinião). Mas é um cosmopolita e pinta convincentemente – atraentemente até -  seus mundos, ora no México, ora na América do Sul, ora na Europa. Também tem uma mão boa pra relatos mais truculentos.
Talvez seja muito mais do que isso e eu esteja sendo injusto.

Música Anterior – Michel Laub
Diário da Queda – Michel Laub
O Michel Laub é muito bom escritor. Como pessoa (novamente na Feira do Livro de Canoas) me pareceu um antipático, mas isso não significa muita coisa. Ou significa, mas eu é que não vou discorrer por aí. O fato é que isso não impediu que eu lesse quatro dos seus cinco livros publicados, todos muito bons. O problema é que é difícil escrever sobre esses livros. O primeiro é o relato de um juiz sobre a sua relação com o irmão, a doença e a morte do pai, a incapacidade de gerar um filho e a condenação de um estuprador infantil. O que o Laub tira daí encheu um livro de 108 páginas. Poucas, mas denso. Primeiro romance do cara.
Diário da Queda é o mais recente dos livros dele. Conta a história de um cara, de família judaica, vivendo sob o peso da personalidade e da história do pai e do avô e os próprios dilemas em relação a uma história ocorrida na infância, envolvendo um colega de colégio. A narrativa entrelaça a vida de cada um: o avô, sobrevivente do holocausto, transtornado e que acaba se suicidando, o pai zeloso, mantenedor das tradições religiosas e morrendo de Alzheimer e o filho, vivendo com a cobrança de uma reverência ao drama dos antepassados perseguidos e a necessidade de se desvincular deste drama que acaba por afetar a sua vida.
O Michel Laub, cara inteligente (leiam algum dos seus textos no blog da Cia. das Letras), talvez gostasse de me dar umas tapas por essa síntese grotesca que fiz dos seus livros. Ainda bem que nunca vai ler isso.

Um Escritor no Fim do Mundo – Juremir Machado da Silva
Já escrevi sobre este livro num outro texto. Tá em algum lugar deste blog. Mas vai um rápido relato. O estranho Juremir Machado da Silva acompanha o ainda mais estranho Michel Houellebecq a Patagônia. O Juremir não tem medo de soar meio ingênuo – ou clichê – às vezes, e isso me parece uma coisa legal. Fiquei com essa impressão talvez porque muitos trechos do livro são diálogos e acho que foram transcritos tal qual gravados durante as conversas. Bem coloquial. Se você gosta dos livros do Houllebecq, como eu, pode ser legal conhecer um pouco mais do cara.

Trilogia Suja de Havana – Pedro Juan Gutiérrez
Também já falei deste. No mesmo texto do anterior. O que vale ser repetido é: primeiro livro do escritor cubano já há algum tempo famoso no mundo inteiro. O melhor deles, na minha opiniãozinha.
Vale a pena.

Brasil: Terra à Vista! – Eduardo Bueno
Eu tinha um certo preconceito com esses livros do “Peninha”, mas peguei um pra ler para a minha sobrinha e acabei gostando. Bem interessantes mesmo, até para um sujeito como eu, que nunca fui muito ligado em História. É lendária a declaração do autor de que pesquisou em mais de dois mil livros para escrever a série “Terra Brasilis”. E valeu a pena, o cara vendeu muito. Valeu também pela infinidade de informações não propriamente históricas, como por exemplo, a evolução das embarcações e instrumentos de navegação. Pena que não existiam livros assim nos meus tempos da quinta série.
Leitura leve, divertida.

Medo e Delírio em Las Vegas – Hunter Thompson
Outro já comentado. Divertidíssimo pra quem lê, mas provavelmente um tanto assustador pra quem viveu: Mr. Thompson e seu adovogado maluco, dois junkies que se drogavam até a medula. Era pra ser a cobertura de uma corrida de motocicletas, mas os dois se chaparam tanto (o café da manhã era tequila) que o que saiu foi outra coisa, um negócio que seria chamado de jornalismo gonzo. Dizem que este livro é o melhor exemplo disso.
Deleite garantido.

O Mundo Fora dos Eixos – Bernardo Carvalho
Nove Noites – Bernardo Carvalho
O Mundo... já comentei no supracitado texto. É um livro de crônicas, resenhas e ficções. Tem lá cultura e erudição pra deixar a maioria dos reles mortais se sentindo uns toscos (que somos realmente). Gosto principalmente da opinião sobre o que é arte que o Bernardo Carvalho externa em vários destes textos. Monstrão, monstrão.
O Nove Noites é um romance premiado que conta a história de um antropólogo norteamericano que veio ao Brasil estudar os índios que viviam onde hoje é o Tocantins e acabou cometendo suicídio, em 1939. Dividido entre o relato de um escritor que decide escrever sobre o antropólogo e confissões de um personagem desconhecido, amigo do norteamericano quando da sua morte, o livro vai se aprofundando e elucidando o drama do suicida. Livrinho bem difícil de definir, na verdade. Tarefa exaustiva deve ter sido a do Carvalho buscando documentos e depoimentos pra escrever uma ficção sobre esse que é um acontecimento verídico e que se deu há mais de meio século. Não diria que é uma leitura das mais prazerosas, mas é interessante.

Contos Brasileiros – Sérgio Faraco
Também já falei deste. O que não falei é que considero o Sérgio Faraco um baita escritor (neste ele só fez a organização). Um dos melhores aqui da terrinha.

O Zen nas Artes Marciais – Joe Hyams
Outro que já foi falado. Se você se interessa por artes marciais, por filosofias orientais e/ou, na pior das hipóteses, é daqueles que faz uso disso em coisas como administração de empresas, certamente vai gostar deste livro.

Deixando o Pago – João da Cunha Vargas
O último, mas não menos importante. Foi uma grata surpresa quando encontrei este livrinho perdido em meio a uma pilha de porcarias num brique - daqueles que vende de tudo - lá embaixo do Viaduto da Conceição. O livro é raro e consequentemente tem um valor de venda alto (monstro capitalista, eu), mas também foi legal porque nunca antes eu havia “cantarolado” um livro em vez de lê-lo. Pois é, estão ali várias canções dos discos Ramilonga, Longes e Délibáb, do Vitor Ramil. Impossível ler “em linha reta” os belos poemas do “seu” Cunha Vargas uma vez que o Vitor inventou melodias igualmente belas para cada um deles.
Leitura mais que agradável para fãs – ou não - do músico pelotense.

Li mais algumas coisas, quadrinhos principalmente, mas não vou citá-los. Aqui acaba esta lista caudalosa. Doze mil caracteres!!! Vou procurar um médico pra me curar deste TOC.


domingo, 11 de novembro de 2012

Snikt, snikt

Então... um texto sobre o Wolverine. Pois é...
Como eu cheguei nisso? Buenas, eu tava parado aqui, olhando pras dunas e pensando: tu tá bem fodido, Telminho... teu seguro-desemprego acabou. O que tu vai fazer? Pensei, vou mandar um curriculozinho pra alguma editora grande aí. Abril, quem sabe? É... ser ilustrador da Superinteressante ou da Playboy, taí uma coisa que me agradaria. Entrei no site da editora, fui no “trabalhe conosco” e vi que tinha uma ficha enorme pra ser preenchida. Mas tá... comecei. Troço chato. Demorou pra caramba e, quando terminei, a porra do site mostrou um aviso: “seu tempo expirou”. Ou seja, tudo o que fiz foi em vão. Então, assim... de todo o coração: EDITORA, ABRIL: DESEJO QUE CAIA UMA BOMBA EM CADA UM DOS PRÉDIOS DE VOCÊS!!!
- “O que houve com a Abril?”
- “Fechou”.
A Abril fechou... HUAHUAHUAHUAHUAHUAHUAHYUA. Sim, eu sei que sou muito engraçado.

Mas aí, pra não pirar de tanta raiva, fui ler umas coisas na internet. Vocês sabiam que vivemos na época holocena ( há 0,01 milhão de anos) do período neogeno (há 23 milhões de anos) da era cenozóica (há 65 milhões de anos)? E sabiam que antes da cenozóica existiu a era mesozóica (há 251 milhões de anos)? Na era mesozóica existiram os períodos cretácico, jurássico e triássico. Mas não acaba (ou não começa) aí. Antes da era mesozóica existiu a paleozóica (há 540 milhões de anos), com seis períodos distintos. Todas essas eras compreendem o “éon” fanerozóico. Éon é uma medida de tempo geológico que se tentou “arredondar” em 1 bilhão de anos, mas não houve consenso entre os estudiosos. De qualquer maneira é a maior subdivisão de tempo usada pelos geólogos. Um bilhão de anos!!! E antes do éon fanerozóico existiram o proterozóico, o arqueano e o hadeano. São bilhões de anos (bilhões e bilhões, como NÃO diria o Carl Sagan). É uma coisa inimaginável. É o tipo de informação que sempre me deixou muito excitado, os números sobre a idade do planeta e o tamanho do universo. Gosto de ler sobre esses temas pra relativizar minhas preocupações cotidianas e comezinhas. Arranjar um emprego, por exemplo.
Bom, e onde entra o Wolverine nesta história?
De uma maneira bastante besta, na verdade. Vendo informações sobre os períodos da era mesozóica, me deu vontade de desenhar um dinossauro. Aí, desenhando um tiranossauro rex, pensei: putz... que bicho fabuloso! Pra derrotar um desses, só se o cara fosse um... um... tipo assim, Wolverine. E aí mudei o rumo do desenho. Achei que seria engraçada a imagem de um t-rex degolado ao lado do nosso amigo de esqueleto de adamantium. O desenho é aquele ali, logo abaixo.
Mas o Wolverine...
Pois é. Eu vou fazer 41 daqui a 5 dias, ou seja, já não sou lá (nem aqui) muito novinho. O Wolverine foi criado pelo roteirista Len Wein, o diretor de arte John Romita (pai) e o desenhista Herb Trimpe, em 1974. Alguns anos depois disso (talvez 79), fui comprar um chiclete no bolicho perto da casa da minha vó e encontrei, envolvendo a goma, uma figurinha de herói. Eu já lia um que outro gibi da Disney na época, mas heróis me eram desconhecidos. De qualquer maneira, achei interessantes as imagens e comecei uma coleção. Aquela figura amarela de nome esquisito – imaginem uma criança de 8 anos, sem a menor ideia de que existe um idioma chamado inglês, pronunciando “Wolverine”- me instigou a curiosidade de imediato. Quando comecei a escrever este texto pensei: que legal seria ter essas figurinhas pra mostrar. Resolvi dar uma pesquisada no Google, mas sem muitas esperanças. E ACHEI!!! Cara... que coisa incrível! Achei um blog com todas as figurinhas da coleção. Juro, cheguei a me emocionar (devo ser meio nerd, apesar desta cara de fodão). É muito difícil a gente conseguir resgatar coisas assim tão remotas da nossa infância. Se alguém mais mascou aqueles chicletes e também quer rever as figurinhas, clique AQUI (Telminho, sempre gentil, dando o serviço de bandeja).
Então é isso: primeiro contato com o “baixinho invocado”, 1979.
Aí, passaram uns quatro, cinco anos. Eu estava na sétima série. Um colega de aula me emprestou uns gibis da Marvel. Eu peguei porque qualquer coisa com quadrinhos me interessava, mas preferia mesmo os da Disney ou da Mônica (desculpe, Maurício de Sousa, eu reconheço o teu valor, mas aqueles teus gibizinhos são uma descarada leitura de preguiçosos, a gente terminava um em menos de 10 minutos!). Buenas, me apaixonei pelos heróis. Em pouco tempo estava sabendo tudo sobre os universos Marvel e DC. As revistinhas eram já publicadas pela Abril (exploda, Abril!), mas a gente achava muita coisa dos heróis em selos da RGE, da Bloch e da Ebal (acho impressionante que ainda tenha lembrança disso). E foi num gibizinho da RGE que topei com o Wolverine de novo. A primeira história do herói canadense (aquela, de 1974), onde ele já chega enfrentando ninguém menos que o “incredible” Hulk. O desenho - aquele que botei lá em cima - é do Herb Trimpe. Gostei das características do personagem logo de cara. Então (embora hoje isso não mais seja uma coisa importante pra mim), é verdade quando digo que o Wolverine era o meu herói preferido muito, mas muito antes deste oba-ôba em torno do figura.
E lá se foram meus anos de ingenuidade e capacidade de fácil “suspensão da descrença”. Penso que de lá pra cá evoluí um pouco. Quanto aos gibis, não sei. Tecnicamente, sim. Nesse aspecto, os quadrinhos são hoje muito melhor elaborados do que naquele tempo. Os recursos tecnológicos e o aprimoramento dos artistas fazem com que sejam despejados nas bancas toneladas de impressionantes frutos da nona arte. Impressionantes quanto ao desenho e à colorização, mas péssimos no conteúdo escrito. Com isso não estou dizendo que os roteiros de antes eram melhores. Há algum tempo, por pura nostalgia, comprei alguns gibis daqueles dias. Foi decepcionante. Pude perceber então que as histórias eram fraquíssimas (com raríssimas exceções) e que só mesmo sendo um guri de 12, 13 anos pra gostar daquilo. De todo modo, ainda acho que naquele tempo existia uma preocupação maior em manter certa coerência dentro do universo fantasioso. Os heróis não mudavam suas características de acordo com o roteirista. Um personagem não morria numa edição pra ressuscitar três ou quatro depois. 
Mas voltando ao Wolverine. De lá pra cá a história do herói virou uma putaria. O personagem caiu nas graças da rapaziada e a febre de fazer dinheiro dos caras lá “responsáveis por essas coisas” passou com um rolo compressor por cima de qualquer zelo em relação à coerência, consistência, continuidade, verossimilhança, plausibilidade, etc. Com o aumento da popularidade do “Wolvie”, muitas coisas começaram a mudar. Ele se tornou praticamente indestrutível (quem leu "Wolverine, Inimigo do Estado", do débil mental Mark Millar, sabe do que estou falando). Também deve ter se tornado o carro-chefe das vendas. Surgiu como “baixinho invocado”, nas primeiras histórias tinha apenas 1,55m. Hoje as HQs mostram o personagem olhando todo mundo de igual pra igual. Como nesse desenho. O sujeito ficou alto. Depois disso, não tem nem como reclamar quando botam um ator como o Hugh Jackman pra encarnar o herói nas telas. Ouvi muitos dizerem: bah, o cara ficou perfeito no papel. Sim... perfeito... Perfeito pra vocês, que não têm noção de nada, bando de filisteus!!! Esses devem ser os mesmos que gostaram do Michael Keaton no papel de Batman (acho nada a ver até mesmo este magrelo – Christian Bale - que encarna o morcegão atualmente). Mas enfim... mesmo que a escolha do ator fosse mais adequada, nada salvaria aquele filme do Wolverine. Aliás, nada salvaria a maioria destes filmes de heróis. À exceção de Watchmen e Sin City, nenhuma adaptação de quadrinhos para as telas foi bem feita. Pirotecnia simplesmente. Uso e abuso de efeitos especiais e nada de emoção. E assim... vamos combinar, alguns heróis nunca deveriam ser transpostos para a telona. Será que era tão difícil prever que um filme do Capitão América só poderia ser uma merda? E o do Thor? Milhões gastos naquilo (e a Nathalie Portman se prestou – não a amo mais, está fora do meu panteão de deusas) pra sair um filme sem graça alguma (a propósito, alguém gosta do Thor, mesmo nos quadrinhos?).
Mas enfim, escrever sobre isso é pura perda de tempo. Melhor encerrar aqui este texto-tributo à minha infância semi-debilóide – eu diria que na infância é permitido ser meio bobo, desde que se evolua depois. Os gibis de heróis eram e continuarão sendo uma grande bobagem. E os filmes que fazem deles também. Excetuando o Frank Miller e mais um ou dois escritores, roteiristas de quadrinhos de heróis são uns belos duns retardados. Nem mesmo caras festejados como Brian Vaughan ou esse tal Mark Millar escapam deste balaio. Suas histórias se sobressaem às demais, mas continuam sendo bobas, mirabolantes sem conseguir convencer, com falhas ingênuas de roteiro e com soluções fáceis ou esdrúxulas para as tramas que eles mesmos criam (Brian Vaughan escreveu alguns capítulos do Lost e não duvido que tenha uma parcela de culpa naquele final completamente decepcionante da série). Retardados. E quem faz um filme disso está apostando na estupidez de outros retardados, os que leem quadrinhos de heróis ou aqueles que vão ao cinema pra ver qualquer merda que esteja em cartaz. 
Em solidariedade aos que ainda gostam de quadrinhos, um último serviço: pra quem souber ler em inglês, este site tem toda a cronologia da vida do ex-baixinho invocado. Ajuda a entender um pouco das estripulias que os roteiristas debilóides andaram fazendo.
De minha parte, adeus, Wolverine! Foi bom durante um tempo, mas acabou. Me avise quando o Frank Miller resolver fazer alguma coisa contigo.

Abraços!

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Save me, Wonder Woman!

Meu amigo Rodrigo presenteou-me com uma impressora/scanner/copiadora (muito obrigado, Rodrigo!) e agora eu consigo digitalizar decentemente meus - nem sempre decentes - desenhozinhos. Esse aí é o mais recente (decente?). Passei a manhã de hoje colorizando.
De resto, meu seguro-desemprego acabou, minha grana do banco também tá acabando e eu não sei o que vou fazer da vida. Não quero mais trabalhar para os outros e também não quero trabalhar em coisas nas quais não acredito. E eu acredito em tão pouca coisa. É foda... pobre e idealista.
Buenas, minha filha já cresceu (fez 16 segunda-feira, e ganhou de presente um furo no nariz), então acho que vou me largar pelo mundo depois de velho. Claro, se o mundo realmente não acabar logo agora, em dezembro.