domingo, 27 de setembro de 2009

Caio Fernando Abreu

Comprei ontem um livro de cartas do Caio Fernando Abreu organizado por Italo Moriconi. Pretendia ler alguns trechos, mas de qualquer forma a intenção era revender. E revendi, praticamente no mesmo dia. Com alguns títulos acontece isso: cadastro no Estante Virtual e a saída é imediata. Os do Caio são garantia de venda, principalmente o Morangos Mofados. No início desta minha carreira de livreiro virtual comprei - por apenas R$ 3,00, vejam só - uma primeira edição do livro "Inventário do Irremediável" (que depois foi republicado pela editora Sulina com o título Inventário do Ir-remediável). Melhor que pagar apenas 3,00 reais - por uma primeira edição - foi descobrir que era um exemplar autografado. Coloquei à venda no EV por R$ 50,00. Um outro livreiro comprou imediatamente. Pediu envio por Sedex (o que totalizou R$ 70,00). Passados alguns dias, tava lá o livro à venda de novo. Valor? R$ 455,00. Pasmem. De 3 para 455 é um salto, hein?!! A pessoa que vendeu para o sebo onde comprei deve ter recebido quanto pelo livro? Cinquenta centavos? Se bobear, nem isso. Noutra ocasião cadastrei no EV um outro livro autografado do Caio. "Ovelhas Negras". Desta vez, um pouco mais ciente do valor de um livro assinado pelo autor, cobrei R$ 100,00. E vendi, claro.
Mas a razão deste texto não é mostar o quanto tenho me tornado filisteu e capitalista. Quero é prestar um tributo ao Caio Fernando Abreu. Numa das fases mais bonitas da minha vida, quando recém tinha começado a morar sozinho e estava descobrindo muitos novos prazeres (amigos novos, rock and roll, drogas, a possibilidade de comer alguém (que algumas vezes se confirmou), um trabalho novo (o primeiro contato com a informática no ano de 92) e a literatura), tive em mãos uma surrada edição de "Morangos Mofados", emprestada pelo meu amigo Jeferson. Aquele livro mudou minha relação com o mundo. Quem conhece um pouquinho de literatura sabe que o universo do Caio Fernando Abreu, apesar de um leque enorme de temas, era predominantemente gay. Buenas... não sou gay. Juro (rs). Mas a angústia, a melancolia, a depressão daqueles contos eram sedutores demais para leitores de qualquer orientação sexual. Ou pelo menos leitores como eu àquela época, caras propensos à introspecção e, infelizmente, à angústia. Ainda hoje, quando já li tantos outros caras e já declarei meu amor eterno (enquanto dure) a outros tipos de literatura, continuo gostando de contos como "Os Sobreviventes" ou "Luz e Sombra", um texto que me inspirou a escrever meu primeiro conto (o que vale aqui é o poder de inspiração, certo? e não a qualidade do conto inspirado).
Li algumas cartas do livro. Amanhã o colocarei no Correio para que um fã - certamente mais merecedor do que eu - descubra aquelas coisas impossíveis de se saber em leituras restritas à produção ficcional e/ou crítica do autor.
Sou mais feliz hoje do que quando conheci o autor de "Onde Andará Dulce Veiga?". Uma felicidade que tem muito de resignação, de estoicismo, mas com uns ápices aqui e ali que são muito bons. E, se durante algum tempo os contos do Caio foram a expressão de uma tristeza que eu compartilhava, acho que posso dizer que há um pouco de Caio Fernando Abreu nesta coragem que hoje, quero crer, possuo.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Artes para uma cidade mais culta ( IV )

Artes para uma cidade mais culta ( III )

Artes para uma cidade mais culta ( II )

Artes para uma cidade mais culta ( I )

Tenho trabalhado pra caramba lá na Secretaria de Cultura de Canoas. Reuniões, articulações, atendimentos, trabalho braçal e... algumas criações gráficas. Na medida do possível vou colocá-las aqui no meu bloguezinho relegado ao esquecimento


segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Stan Disney ou Walt Lee?

A Disney comprou a Marvel... vejam só. Esse desenho aí eu fiz meio que plagiando a charge do meu amigo Tacho, do NH (ele fez um Hulk com orelhas mickeymouseanas).

A Marvel foi uma das coisas mais marcantes que aconteceram na minha vida. Por mais que eu gostasse também de Batman e de alguns outros personagens da DC Comics, meu primeiro contato com o universo dos heróis foi lendo gibis da Marvel, e aí ficou a predileção pelo "espetacular" Homem-aranha e seus colegas de casa. Os personagens da Marvel sempre me pareceram mais "sólidos", menos fantasiosos que os da DC. Pura idiossincrasia minha, claro. Se X-Men e Quarteto Fantástico não são grupos de seres pra lá de fantasiosos, então não sei o que é. Talvez colabore para esta minha impressão o fato de que as histórias da Marvel eram ambientadas em cidades de verdade e não numa Metrópolis ou numa Gotham City da vida. Mas também isso é bobagem: morar no Greenwich Village não torna o Doutor Estranho mais verossímil. No fim a preferência se resume ao acaso: a Marvel chegou primeiro.
Mas já faz muito tempo que parei de ler colecionar gibis. Numa época em que os títulos nas bancas eram menos numerosos, as histórias menos pirotécnicas - mas mais legais - e as minhas pretensões intelectuais embotadas ou inexistentes, tive pilhas e pilhas de revistas em quadrinhos atulhando meu quarto e enchendo meus dias de alegria. Agora tenho pilhas e pilhas de livros, mas nem sempre sou alegre. Não estou reclamando, livros e gibis são literatura. Alguns quadrinhos, muito poucos, são boa literatura. Alguns livros, e não poucos, não são boa literatura, mas na média os livros ainda estão muito à frente. Fico com eles.
Ia terminar este texto dizendo que "...só não gostaria de ver meus antigos ídolos vestindo o chapeuzinho do Mickey", mas isso seria uma idiotice minha. Os heróis de antigamente já viraram mangá, já ganharam versão "baby", já foram mortos e ressuscitados uma dezena de vezes. Não vai ser a coisa mais disparatada do mundo se, muito em breve, testemunharmos um "crossover" Marvel X Disney. Que venha o Super-Pateta!