domingo, 2 de março de 2014

Músico (rá, rá, rá...)

Voltei meio devagar com o blog, eu sei. Ainda não tô convicto de que realmente quero fazer isso. Alguém aí, do outro lado desse negócio, se sente assim também? Sem certezas. Porra, eu não tenho certeza de nada. Fiz até uma música sobre isso (um dia será ouvida, por enquanto vai só a letra):

Saiba que eu de nada sei
Além de mim e ainda assim
Bem pouco
Já faz tempo eu desisti
De ir a fundo, explicar o mundo...
Tá louco!
Mas minha namorada infelizmente
Não pensa assim e além de mim
Quer tudo
Ela não consegue entender
Essa minha atitude
Ela quer que eu mude
Eu não mudo
Eu não mudo
Saiba que eu nada vou fazer
Está bom pra mim, aceito a vida assim
Assim aos poucos
Já faz tempo eu percebi
Que lá no fundo, quase todo mundo
Tá louco
Mas também eu posso estar maluco
Pode ser que sim, já disse que de mim
Não sei tudo
Eu não tenho certeza de nada
E até que isso mude
Não tomo atitudes
Fico mudo
Fico mudo.

É bem legalzinha, creiam. Tenho, além desta, mais cinco músicas prontas. Também quatro instrumentaizinhas que, dando uma guaribada, podem ficar bem interessantes. Aliás, gostaria de encontrar um produtor/arranjador que pegasse a minha "voz e violão" e transformasse numa coisa profissional. Tô longe de ser um Bob Dylan, então preciso de ajuda.
Olhem esta outra, se chama "Manifesto Contra o Trabalho", um dos meus temas mais caros:

Acordar
Bem cedo todo dia
E ir para o trabalho
Não é o que eu queria
Não é isto que eu valho
Cadê minha alegria?
Troquei por um salário
Eeeeeeeeeeeeeuuuuu
Peguei e troquei por um salário
(mas que otário!)
Estudar
Pra ser alguém na vida
E ter um bom emprego
Que lógica sofrida
Que presente de grego
Mentiram na partida
Eu corro e nunca chego
Eeeeeeeeeeeeuuuuuu
Eu corro, corro e nunca chego
(trabalha, nêgo!)
E ainda outro dia eles vieram me dizer:
Que feliz que é você
Que trabalha todo o dia
O trabalho é uma alegria
O trabalho enobrece
Então vê se não se esquece
Ignora esta tristeza
Só tem boia na mesa
Quem vive pro trabalho
Ai, que bom ter um salário!
Ai, que bom ter um salário!
Ai, que bom ter um salário!
Ai, que bom...
Que bom enriquecer o meu patrão!
Ai, que bom!
Aceitar essas migalhas que me dão!
Ai, que bom!
Esse novo tipo de escravidão!
Ai, que bom!
No fim do mês pagar a prestação!
Ai, que bom!
Se lá em casa tem televisão!
Ai, que bom!
Viver a minha vida sem razão!
Ai, que bom!
Nunca, nunca, nunca dizer "não"!
Ai, aiaiai, ai ai, que bom!

Esta ainda vai ser o hino de uma legião de revoltados, esperem e verão! E é isso. Telminho músico. Tenho uma outra que fiz com uma batidinha de bossa-nova. Ficou tããããoooo bonita. É pena que ninguém acredite em mim como músico. Nem eu, geralmente. Meu amigo Jeferson, o quase-secretário de cultura do Estado resgatou todas as músicas antigas dele (do tempo em que éramos jovens e impetuosos lá em Canoas e quando era fácil achar os amigos tocando uma viola nas esquinas do centro) e fez umas releituras. Chamou gente de peso pro baixo/bateria/guitarra e deixou a coisa bem bacana. Espero que dê certo pra ele.
O que mais? Putz... tantas coisas.
Acho que vou pedir demissão. Não contei que estou trabalhando como diagramador (a atividade mais CHATA do mundo) numa revista de pecuária (uma das coisas que mais deterioram o planeta), né? Pois é, estou. Há sete meses. Desde que voltei da praia. E sou um frila-fixo, ou seja, nada de seguro-desemprego, fundo de garantia, férias, décimo-terceiro, etc. Poderia dizer que tem um lado bom: não cumpro horário e trabalho apenas duas semanas por mês. Mas não é bem assim. Nessas duas semanas faço, em ritmo alucinado, o trabalho do mês inteiro. Preferiria fazer a coisa mais na boa, mais calmamente. Na verdade preferiria não fazer porra nenhuma. Eu, vegetariano há 17 anos, vendendo minha alma numa revista de pecuária. É foda! Vou sair, apesar de ter uma mulherada sensacional lá. E amigos também.
Como vou pagar o aluguel? Como vou pagar a pensão da Melissa? Como vou pagar a internet? E a comida? NÃO SEI. AAAAAAAHHHHHHHHHHHHH, vida desgraçada... a gente tem mesmo que estar sempre se submetendo a coisas que não gosta? Ai, que bom... viver a minha vida sem razão! Buenas, sete meses são um tempo bastante longo. Já deu pra mostrar que eu encaro as pedreiras... mas preciso ser coerente com o que acredito. Se eu acredito em passar fome? Pois é... talvez devesse começar a pensar nisso.
E ontem aconteceu uma coisa SENSACIONAL na minha vida de poucos eventos sensacionais: encontrei, num dos sebos que frequento, o livro "Breves Entrevistas com Homens Hediondos", do David Foster Wallace. MORRAM de inveja, caros amigos. Este livro está esgotado há um tempão. Muito procurei por ele, mas não tinha em lugar algum. E sabem o que é melhor? Paguei apenas 35 pilas. Esse sebo onde achei o livro é um dos que antigamente vendiam verdadeiras joias por um preço baixíssimo. Isso durou até o dia (o maldito dia) em que eles também descobriram a Estante Virtual. Agora eles fazem uma consulta de preços antes de botar os livros na prateleira. Mas vejam só... o David Foster estava esgotado. Não tinha na Estante, não tinha na Saraiva, não tinha na Cultura... em lugar nenhum. Então não deu pra saber o valor. Tacaram lá: 35 pilas. Buenas, se eu ainda quiser vendê-lo depois de ler (coisa que eu já devia estar fazendo, mas estou adiando o prazer o máximo possível), não contem com um valor inferior a 150 reais. Meus amigos que me chamam de capitalista (picareta de livros seria mais indicado) se revoltam quando conto essas coisas, mas vejam bem: eu podia (mentira, não podia) estar vendendo carros, podia (mentira, não podia) estar vendendo planos de saúde, podia (mentira, não podia) estar vendendo assinaturas, podia estar vendendo qualquer destas coisas idiotas que só servem pra tornar a vida mais odiosa, mas não, estou vendendo LIVROS, essa coisa nobre, então, pelo menos nesse caso, vou acatar as famigeradas leis de mercado e repassar o meu produto pelo valor que esta lei de mercado diz que ele tem (mesmo porque sou um fodido). Vendi um Palahniuk também esgotado (Assombro, o livro que causa desmaios nos leitores - e que eu li, mas não desmaiei) por 140 pilas, e nem tava não bem conservado quanto este do Wallace. Aliás, vejam só que coisa interessante: Palahniuk e Foster Wallace nasceram no mesmo ano e fazem aniversário no mesmo dia, 21 de fevereiro. Ou melhor, faziam aniversário no mesmo dia, porque o nosso amigo David se enforcou em 12 de setembro de 2008. Dizem que o cara era muito foda. Depois eu conto se é mesmo. Os que não quiserem esperar (ou não quiserem pagar os 180 - já aumentei - pilas que vou cobrar, podem comprar um outro dele, bem mais fácil de achar por aí: Ficando Longe do Fato de Já Estar Meio que Longe de Tudo. Uma média de 40 pilas.
Livros... pôxa, eu andei lendo tantas coisas. Mas não tenho saco de comentar. Esse do Palahniuk, por exemplo... é uma porrada. Imagine as situações mais absurdas, as cenas mais atrozes, as coisas mais cruéis e chocantes e ainda assim o livro supera qualquer expectativa. Esse Palahniuk é um doente, cara, sério! Pegue um sujeito de gênio (no sentido de genial, por favor) e largue ele nos Estados Unidos. Imagine alguém com talento esmiuçando o que o "american way life" tem de pior. Esse cara é o Palahniuk. Já li três livros dele, dois romances (nenhum é o Clube da Luta) e um de crônicas. Prefiro o de crônicas, mas bah, os romances são punks, leituras pra quem tem estômago. Só pra se ter uma ideia dos temas sobre os quais o bonitão se debruça, um livro dele se chama Snuff (cê sabe o que que é, né?). Também li outras coisas, menos fortes, mas ainda assim, fortes: Trainspotting (aí aproveitei pra rever o filme) - Irvine Welsh; A Morte de Bunny Munro - Nick Cave; Fique Quieta, Por Favor - Raymond Carver; O Mágico de Lublin, Isaac B. Singer; Sexo - André Sant'Anna; Entre Quatro Paredes, Sartre; Diário da Queda - Michel Laub; Barba Ensopada de Sangue, Daniel Galera; As Façanhas de Um Jovem Don Juan, Apollinaire, Passageiro do Fim do Dia, Rubens Figueiredo; Cães Heróis, Mario Bellatin e vários outros. Durante a leitura de muitos destes livros me dava vontade de parar e ir correndo pro computador, ressuscitar o meu blog e contar a coisa genial que eu tava desfrutando. Se a gente não escreve na hora, depois passa o ímpeto. Agora, por exemplo, já passou.
Meus ímpetos andam passando cada vez mais rápido. Será que estou perdendo a capacidade de me apaixonar? Desde que voltei da praia me envolvi com duas gurias. Coincidentemente, duas capricornianas - mulheres complicadas, pelamordedeus! Não saberia dizer por que não estou com nenhuma delas neste momento. Devo ter alguma parcela de culpa, não andei no melhor dos estados de espírito nos últimos tempos. Morei 5 meses com meus pais e um irmão com o qual não converso. Família é uma coisa que pesa, pesa muito. Invejo aqueles que têm uma boa relação com os seus, porque gosto e me preocupo com os meus, mas não consigo ficar muito tempo por perto. Também rompi com um camarada de longas datas. Conversamos quase que diariamente durante sei lá... 20 e poucos anos, e aí, de repente, paramos de conversar. Foi natural. Mais nada em comum, a perda daquilo que caracteriza uma amizade. Saio de vez em quando com um ou outro camarada, Rodrigo o mais frequente deles. Dia destes discutíamos se cachorros têm personalidade. Eu dizia que não e ele, apaixonado pelos dois akitas que tem, dizia que sim. Um pouco antes o puto tinha me dado um banho de cerveja. Leffe, uma cerveja belga tri boa, mas forte pra caramba. Ficou um cheirão na minha roupa (ou seja, bebam, não se banhem com ela). Também tenho trabalhado, nas terças à noite, no balcão do Tutti, o bar dos cartunistas. Começo às 7 e vou até 1h30min, 2h da manhã. Nestas semanas de fechamento da revista, foi cansativo, mas se ainda me quiserem no bar, largo a revista e não desisto do balcão. Além da mulherada linda que atrolha o lugar nas terças, encontro sempre um monte de amigos, então acho sensacional (mesmo tendo que gastar 20 - dos 80 pilas que recebo por noite - com o táxi pra casa).

Buenas... vou nessa. Quero aproveitar esse feriado de carnaval pra tocar umas coisas.
Ah... por caridade, comprem meu CD se um dia eu chegar a gravá-lo.