domingo, 26 de maio de 2013

Jamil Snege. Outra vez.


Há cinco anos, logo no início deste blog, escrevi um texto sobre o escritor curitibano Jamil Snege. Este. Agora, tanto tempo depois, começou uma procura pelos livros dele. Eu tinha 6 exemplares - de títulos diversos - à venda na Estante Virtual, e de repente, em menos de um mês, foram-se todos. E não foram baratos (claro, eu sei do meu produto... mesmo que ninguém conhecesse, eu sabia que aquilo era material de primeira). Fiquei intrigado com esse interesse súbito e fui ver se descobria o porquê na internet. A razão é simples: faz dez anos que o cara morreu. A imprensa tá fazendo um pequeno resgate. Nada de muito estardalhaço, mas ainda assim visível o suficiente para despertar a curiosidade em alguns leitores mais atentos. Estes - se conseguirem os livros - vão ter contato com um escritor sensacional que merecia ser muito mais conhecido, diga-se logo (é uma lástima, o homem sequer tá na Wikipedia). Merecia, mas é pouco provável que venha a ser. O Snege publicou poucos títulos e de pequenas tiragens. A reedição destas obras, parece, está entravada por uma questão judicial e pela vontade do próprio autor. Seus livros são agora artigos raros. Se eu não estivesse precisando TANTO de grana, não teria vendido os meus. Buenas, sigo me convertendo num filisteu*. Resta mentir que sou tão nobre de alma que precisava passar adiante aquelas maravilhas, uma vez que já tinha lido e que venho tentando concordar com quem diz que lugar de livro não é na estante. É, resta isso...

*Wikipedia: A palavra filisteu, no sentido não histórico, refere-se à pessoa deficiente na cultura das Artes liberais, um oponente intolerante do boêmio, quem exibe um código moral restritivo, desapreciador das ideias artísticas.
A partir do século XIX, na Europa, a palavra "filisteu" passou a designar pessoas de comportamento acovardado, que têm ojeriza por questões políticas maiores, não valorizam a arte, a beleza ou o conteúdo intelectual e satisfazem-se com o cotidiano da vida privada pacata e confortável. O filisteu não seria adepto de ideais, mas apenas de propostas práticas passíveis de serem contabilizadas em melhorias para sua vida privada imediata. "Filisteu da cultura" é um conceito criado pela intelligentsia alemã do séc. XIX e recebeu análise filosófica de Nietzsche em Primeira Consideração Intempestiva). 

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