quarta-feira, 21 de maio de 2008

Telmo and the City

Cuidado, o chato do Telmo está de volta! Telmo quer consertar o mundo. Telmo tem idéias românticas. Telmo tem um bom potencial para a fúria, mas a natureza, talvez sábia em suas ações, não lhe concedeu mais que 1,60m de altura, o que impossibilita levar a cabo seus planos de encher de porrada todas as pessoas estúpidas do mundo.

Crítica 1 – Trânsito. Lembro de um tempo – que não parece tão distante – em que os carros que circulavam pela cidade eram de quatro marcas apenas: Chevrolet, Ford, Volkswagen e Fiat. Hoje uma enxurrada de marcas novas invadiu as ruas. Carros aos montes, aos montes... Todo mundo tem carro. As concessionárias facilitam para que você possa colocar um “possante” na garagem. Os resultados disso são imagens que eu juntaria e colocaria num vídeo intitulado: O Objeto de Um Delírio Coletivo. Pátios abarrotados de carros usados, semi-novos e novos. Ruas com congestionamentos quilométricos a qualquer hora do dia (basta que aconteça um pequeno acidente, por exemplo, para que a coisa vire um caos). O pedestre é um acuado. Se bobear os caras te atropelam mesmo. Carros e motos. A maioria não respeita faixa de segurança e em algumas ruas os semáforos existem apenas para os carros, não foram programados para contemplar a necessidade de quem caminha. As pessoas que atravessem correndo. E essa visão estranha vai ganhando corpo com a conivência de todos. Vejam só: é um monte de objetos de lata que fazem barulho e te ameaçam nas ruas (sem falar da poluição e do efeito estufa), mas todo mundo quer ter o seu. O grande sonho de consumo. Prédios enormes são construídos para o Deus Carro. Estacionamentos e mais estacionamentos. A verdade é que são muitos carros pra uma cidade que não foi pensada pra tantos. E duvido que a construção de viadutos e perimetrais venha a resolver satisfatoriamente este problema. Eu, radical como sou, baixaria uma lei: fica proibida a circulação de carros no centro da cidade. Fechava algumas ruas e deixava a zona central mais humanizada. Se desse pra proibir o trânsito lá onde moro, proibia também. Pensando bem, proibiria o trânsito na cidade inteira. Baniria os automóveis, esses monstros de metal. Transporte coletivo ecológico pra todo mundo. Ah, motoqueiros com aqueles canos de descarga barulhentos, antes de verem suas motos virar sucata, passariam um dia inteiro numa sala ouvindo o barulho de suas próprias máquinas. Filhos da puta!

Crítica 2 – Espaços. A Livraria do Globo da Rua da Praia, um lugar grande, bonito, histórico da cidade, virou um espaço reduzidíssimo de frente para a José Montaury, uma travessa cheia de camelôs e um prédio da polícia. No seu lugar instalou-se uma loja de calçados. Saem os livros, entram os Nikes e Reeboks. Que bela troca, hein?!!! Não é de agora que a cidade vem perdendo espaços nobres e legais para o rolo compressor das lojas de consumo besta. Imaginem o contrário: vários espaços culturais e um número reduzido de lojas. Imaginem sair de casa pensando em que tipo de coisa comprar pra cabeça. E, se der tempo, dar uma passadinha numa loja qualquer pra comprar uma roupa ou um calçado. Imaginem a publicidade, este câncer da sociedade moderna, invadindo o horário nobre da TV (que não estaria passando uma novela) pra dizer: “você ainda não tem o último Oliver Sacks? Tenha já o seu. Agora a Livraria do fulano facilita pra você. Compre 20 livros e pague apenas 15, em 30 vezes sem juros. Sim... agora, além de toda a obra do famoso neurologista, você pode levar também um Philip Roth, um Paul Auster, e quem mais você queira. Não perca mais tempo, venha agora. Estamos de portas abertas esperando por você.

Os cinemas antigos fecharam. Vá ao shopping onde, além do filme (caro), você pode ser bombardeado por todo o tipo de comércio imaginável. Tudo isso já ameaçou ser pior. Lembro das lojas de bingo invadindo a cidade. Eu olhava para aquilo e pensava: meu deus... será que eu não to entendendo alguma coisa? O que está acontecendo? Foda. Esta cidade já é feia pra caramba com seus prédios cor de cimento e mal planejados, seus camelôs (não estou discutindo o caráter social disso, só estou dizendo que é feio) e todo o resto... poderíamos ao menos zelar pelo pouco que ainda temos de bom nela.

Crítica 3 – Norte-americanismos. Agora apareceu um partido novo por aqui: os Republicanos. Antes deles já havia surgido os Democratas. Nem vou comentar.

Nenhum comentário: