quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Imagem e semelhança

Dia desses, na casa dos meus pais, um quadro simplesmente despencou da parede. Não, não era um poltergeist, eram cupins. Os bichos comeram boa parte da moldura exatamente onde ficava o pino que prendia à parede. O resultado é que o Telminho foi ao chão (não seria a primeira vez e, infelizmente, acho que não foi a última). O quadro se partiu em muitos pedaços e revelou duas outras fotos por trás da do bonitão aqui. Enchimento, eu acho, para que a foto ficasse bem firme. Eu tinha 10 anos nesta época. Vivia lá no Jardim Nossa Senhora Aparecida, em Alvorada e era um pivete feliz, eu acho (já escrevi um texto sobre isso - com direito à Vera Fischer e Carlos Zéfiro - neste blog). Os fotógrafos batiam à porta das pessoas e insistiam para que elas fizessem fotos dos filhos. Uma vez convencidos os pais, era a hora de botar na gurizada a melhor roupa que tinha em casa, pentear os cabelos (no meu caso, como se pode ver na foto, não adiantava muito - mas eu tinha cabelos... que saudade!) e preparar um fundo "bonito" (geralmente a geladeira da casa ou uma colcha não muito velha). Aí o fotógrafo ficava orientando: olha pra cá, mais pro lado... não, pro outro, isso, agora levanta um pouco a cabeça... assim, agora sorri. E aí saíam fotos como esta minha, parecendo uma bichinha. Logo eu, que nesta idade já me enfurnava no porão da casa pra brincar de "ladrão" com uma amiguinha da casa ao lado. Eita coisa boa a descoberta da sexualidade (acho que nem se pode chamar de descoberta e sim de exercício da sexualidade - minha lembrança mais remota de qualquer ato de caráter sexual é ainda anterior a isso). Só aprenderia a me masturbar três anos depois, mas já ficava com o tiquinho doendo de tão duro pensando nas minhas amiguinhas e nas colegas da quinta série.
Resolvi botar estas fotos no blog por duas razões: vai que uma destas crianças - hoje um adulto com a minha idade - se identifica e resolve querer a foto? Cinquenta reais, cada uma, e pode levar pra casa (tô brincando). Também não resisti à tentação de tirar um sarro do amiguinho sardento aí ao meu lado. Eu não devia expor assim um gremista (ainda se fosse um colorado), mas cara, você é (ou era) a cara do Alfred E. Neuman. Desculpe uma comparação tão desabonadora, mais foi inevitável. A tua semelhança com o mascote da revista Mad é muito grande. Só faltou a falha nos dentes. Não fique zangado, faz parte da infância. Eu já estava na adolescência e ganhei, no segundo grau, o apelido de Alf (o E.Teimoso) por causa de um topete "impenteável" que me acompanhou até a calvície chegar e eu virar adepto da "máquina zero". Mas tu não é o MAD, meu amigo... MAD é o mundo. Este mundo doido que botou uns cupins a trabalhar para que este post fosse possível.

Um comentário:

Helena Rodrigues disse...

Morro de rir com essas fotos antigas, com os cortes de cabelo, maquiagens, roupas e acessórios. Algumas, admito, estariam melhores queimadas. Mas nada que não possa ser usado para chantagem, mais para frente...