quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Entre Arcádios e Aurelianos...

Terminei de reler há algum tempo o Cem Anos de Solidão. Na primeira vez que li tinha 17, e isso já faz quase duas décadas. Livros são uma coisa nobre, mas as atitudes de quem gosta deles, nem sempre. Eu, por exemplo, roubei este livro do García Márquez. Estava de caseiro pra uma amiga e só me interessei pelo volume por que não tinha nada pra fazer. Lia apenas quadrinhos naquela época e, apesar de ter muita coisa boa no universo dos Comics, não era o caso dos meus gibis, devo admitir. O "Gabo" veio me salvar. O que principalmente me chamou a atenção foi o título. Não é pela capa que se conhece um livro, mas um bom título ajuda bastante. Neste caso foi crucial. Abri na primeira página e começou umas das experiências mais prazerosas que já tive. Como minha temporada de caseiro estava por terminar, mas a leitura não, tomei “emprestado” o volume. Crime sem perdão, eu sei. Mas paguei com juros o delito. Durante meus já longos anos de relação com a literatura, tive muitos livros perdidos. Livros que eu sabia que não devia emprestar, mas emprestei e nunca mais voltaram. Dentre esses vários títulos, o mesmo Cem Anos de Solidão.

Bom, quanto ao livro: a Macondo de GGM - é por demais rica, bonita e grande para que eu me atreva a fazer uma resenha neste humilde blog que não se propõe aprofundar assunto algum. Todavia recomendo (veementemente) aos poucos amigos que me lêem que por nada nas suas vidas deixem de conhecer Cem Anos de Solidão. Eu não sei como pude esperar vinte anos para relê-lo. Quer dizer, sei: releguei García Márquez a um segundo plano quando tive contato com outros escritores que também mexeram muito com a minha cabeça. Imediatamente após o impacto de Cem Anos, iniciei a leitura de Relato de Um Náufrago e não gostei. Aí fiquei com aquela impressão de que o colombiano era escritor de um livro só. Muitos anos depois vim a ter em mãos A Incrível e Triste História de Cândida Erêndira e Sua Avó Desalmada. Li o primeiro conto e também não me impressionou. Neste meio tempo eu já tinha me apaixonado pelos russos (principalmente), ingleses, franceses, norteamericanos e outros (brasileiros inclusive). Voltei às boas com o Gabriel quando em 2004 uma namorada me trouxe de Buenos Aires o primeiro livro que li em espanhol, lançamento mundial do último romance do nobel de literatura: Memoria de Mis Putas Tristes. Gostei bastante. Romance de um escritor maduro, sereno, em pleno domínio do seu ofício. Mas trata-se de algo completamente diferente de Cien Años de Soledad, obra que permanece incomparável. Eu, cada vez que vendo um Cem Anos de Solidão, fico pensando no deleite que o comprador vai experimentar nos próximos dias. Quem não tem o coração empedernido e a sensibilidade completamente embotada, vai gostar com certeza.

Ta dada a dica.

Ah, e se pedirem um livro emprestado, não façam o que eu fiz. Devolvam!

2 comentários:

Anônimo disse...

Prezado Mario Guerreiro

Li hoje o texto de minha "torcida pelo Grêmio" e dei frouxos de risos. Foi uma espécie de volta a um tempo de diversão, amizade e trabalho. Adicionei o teu blog aos meus favoritos, assim como já tinha te adicionado há muito tempo à galeria de minhas favoritas amizades. Um abração do vira-casaca

Claiton Magalhães

Telmo disse...

Grande Claiton! Como é que tu veio parar aqui, meu bom?
Também sinto saudades daqueles tempos. Queria voltar com a experiência que tenho hoje (que não é tanta assim, mas com certeza é um pouco maior do que a daquela época). Saudades de todo aquele pessoal.
Abração, camarada.