domingo, 14 de março de 2010

I just don't know what to do with myself

Eu não tenho estilo. Não tenho uma voz. Meus desenhos, meus textos, minhas músicas... são todos "na linha" de alguma coisa. Não possuo aquela "marca" inconfundível, aquele jeito único que faz o artista conhecido em qualquer circunstância (aliás, até o início deste ano eu sequer assinava meus desenhos, por que não tinha uma assinatura). Faço várias coisas, mas não consigo me decidir por algo, por algum estilo. Gostava de chamar isso de versatilidade, mas tô mudando de ideia. E sou tremendamente influenciável. Se leio um livro e gosto, quero imediatamente escrever um igual. Uma HQ? Bah... eu já quis ser Frank Miller, Jaime Hernández, Milo Manara, Moebius, Crumb... tantos. Músicas? Tem horas que tudo o que quero é aprender bossa nova, mas no dia seguinte (talvez no mesmo dia) digo pra mim mesmo que o lance é rock and roll, que não existe nada igual ao som de uma guitarra distorcida. No instante seguinte já quero ser um virtuose e compor música instrumental. Quero aprender a tocar vários instrumentos e não me aprimoro em nenhum. Na faculdade de Filosofia (não concluída), fiz quatro cadeiras de alemão, duas de francês e uma de inglês. Pra quê? Já me esqueci de tudo... e mesmo que lembrasse, nunca vou usar. Já fiz fotografia (inclusive gastei uma boa grana com material de laboratório) e já esqueci tudo também. Se tivesse pintado oportunidade, teria feito teatro, dança, pintura... o diabo. Gosto destas coisas, gosto mesmo, mas duvido que tivesse tocado a sério alguma delas. Não é exagero, se vejo os troços do Vik Muniz, por exemplo, dá uma vontade irrefreável que fazer igual. Se vejo uma instalação maluca na Bienal, penso: putz, eu bem que podia fazer um troço assim. Quando ouço músicas, chego a fazer anotações: compor uma música que tenha tambores, colocar som de "bexiguinha" rangendo nos dentes, pensar em algo com um violoncelo... E ideias para clips? Cara, é vergonhoso admitir, mas tenho anotadas várias coisas que peguei aqui e ali, chupações mil para um dia fazer um vídeo legal. Claro que já quis fazer cinema. Capaz que não! Tenho um roteiro de filme - páginas e mais páginas - escrito há anos, com diálogos e tudo mais. Isso pode parecer engraçado, mas é uma merda. Eu SIMPLESMENTE NÃO SEI O QUE FAZER. Quero fazer tudo. Gasto uma energia enorme pra começar uma coisa e depois desisto. Isso é uma doença? Isso tem nome? Megalomania, talvez?
Agora tô em crise. Crise braba que tá se estendendo ao plano físico (tô asmático, alérgico à própria sombra). Morar com meus pais não tá ajudando. Tenho várias vizinhas gostosas que não me dão a mínima. Tô, pela primeira vez na vida (pois nunca me liguei em idade), me sentindo velho. Pouca vontade de ler. Pouca vontade de fazer qualquer coisa. Por isso esse blog tá há duas semanas sem atualização. Tenho recebido bastante visitas e me sinto envergonhado por isso. Desculpa aí, pessoas.

4 comentários:

wilson disse...

Meu, que bom que tu te dá conta disso e percebe que por mais talento e criatividade que tu tenha, sem foco tu vai a lugar nenhum. Se te tranquiliza saber, tu não tá sozinho. Eu mesmo tenho uma tendência enorme a dispersão.Agora, se tu quer saber qual o nome da "doença" eu diria que tu é um artista multimídia.

Anônimo disse...

Buenas Telminho, nem esquente muito, a dispersão não é um problema exclusivo teu, aliás (olha lá um carro azul!!) ops, aliás, é difícil não dispersar, mas concordo com Wilson, tu és multimídia!
Sem crise de idade, era o que me faltava...
Bem, se ainda não pensou em fazer ballet de resto tá tudo bem, ainda confio em você.

Jorge

Domenica disse...

http://domenica-fantasticafabrica.blogspot.com/2010/03/m.html

Giselle disse...

Dia desses ouvi o Lobo Antunes dizendo que o Sócrates quis tocar lira pouco antes de morrer. Indagado por um discípulo perplexo sobre o porquê de tão estranho desejo, ele respondeu: pra tocar lira antes de morrer, e então o Lobo Antunes disse que escrevia pelo mesmo motivo: pra escrever antes de morrer. Acho que és bom em várias coisas, só escolhe as que realmente amas e que te dão prazer e vai fundo, meu filho, porque o tempo tá correndo mesmo...