sexta-feira, 14 de março de 2008

Laura e Milena (ou Meus contos inacabados)

Eu escrevo umas coisas, mas logo enjôo e largo de mão. Tenho dezenas de textos no computador. A maioria muito ruins mesmo. Todo mundo em Porto Alegre quer ser escritor, todos os meus amigos querem ser escritor. Bom, eu não quero desesperadamente ser escritor, mas admito que os considero uma raça superior (os bons escritores, claro). Então, de vez em quando, tento alguma coisa. Mas sei que sou medíocre. Este blog só existe como expiação, como atestado de mediocridade. É pra acabar com minha síndrome de Super-homem nietzschiano via exposição pública. Eu aceito o ridículo. Claro que tenho algumas características em comum com os escritores em geral: sou feio, sou frustrado e tenho grandes indagações. Mas é só. Escrever que é bom, nada. Bom tá aí mais um amontoado de caracteres surgidos certamente de alguma empolgação momentânea que senti com algum livro lido em algum momento desta minha pacata vidinha besta. O texto está inacabado. Sorry!

Laura e Milena

Laura e Milena moravam juntas e eram minhas vizinhas de corredor. Nossas áreas de serviço ficavam uma de frente pra outra. De vez em quando eu me pegava admirando suas calcinhas no varal ao lado e pensando: serão de Milena? Serão de Laura? Elas levavam uma vida discreta e jamais me passaria pela cabeça que fossem namoradas. Mas um dia fui arrastado por alguns amigos pra uma festa gay no Ocidente.
- Vamos lá, cara... rola mulher pra caramba nestas festinhas!
- Sim... lésbicas. Estão todas a fim de se curtir, não querem nada com homens.
- Às vezes querem. E de qualquer maneira, dá um puta tesão vê-las se beijando.
- Em mim não.
Mas fui. Naquela época eu acabava indo pra qualquer lugar que me fizesse pirar um pouco e esquecer que tava tudo uma merda. Lá a viadagem de sempre. Não estava muito cheio e nós pegamos uma mesa. Eu queria encher a cara e só. Meus amigos já estavam de olho numas gurias estilosas, torcendo pelo instante em que a agarração ia começar. Tava cedo ainda, mas não demorou muito. Tinha também uns caras olhando pra nós. Alguns com interesse, outros com indiferença - dava pra ver que não éramos da “comunidade”. Quando meus amigos, já bêbados, começaram a se tornar uns chatos com seus comentários idiotas, disse que ia ao banheiro e dei um jeito de ficar bebendo no balcão. O bar já estava totalmente cheio.
Ao meu lado duas gurias se beijavam como se o mundo fosse acabar no outro dia. Porra, odeio gente afetada, seja homem, seja mulher ou seja gay. Baixei a cabeça e fiquei olhando pras bolinhas da minha cerveja. Aquela merda daquele túnti-túnti que os gays adoram tava me deixando puto da cara. Pensei em sair dali e ir pra um bar onde rolasse um rock and roll. De repente levei uma cotovelada de uma das lesbian-chics. Porra, foi uma cotovelada forte. Ergui a cabeça já pronto pra mandar as duas pra puta que as pariu mas, surpresa! Não eram mais as mesmas gurias, eram outras duas, eram minhas vizinhas de corredor. Uma delas me reconheceu, e a surpresa dela não foi menor que a minha. A outra estava tão bêbada e/ou chapada que apenas ria e procurava os lábios da amiga.
- Pára, Lena. Olha quem ta aqui.
- Quem? Rá, rá, rá, rá... – era linda, mas parecia uma louca.
- O nosso vizinho lá do prédio. Não ta reconhecendo?
- Oi, vizinho. Rá, rá, rá, rá, rá... – Não, ela não estava reconhecendo. Dava pra ver que não reconheceria nem a própria mãe naquele momento. A outra, a Laura, pediu desculpas e depois ficou em silêncio, meio sem jeito. Resolvi fingir que aquilo era a coisa mais natural do mundo para mim.
- Então vocês são namoradas?
- É... sim. Somos.
- Legal. Jamais desconfiei. Pensava que vocês eram apenas amigas que moravam juntas.
- Bom... a idéia é essa. As pessoas não precisam pensar mais do que isso.
- É... acho que tu tem razão.
- Uhum...
- Pois é...
- E tu? Vem sempre aqui no Ocidente?
- Não. Muito raramente. Minha praia é outra.
- Sei. Então tu não é gay?
- O que tu acha? – perguntei achando que a resposta era óbvia. Mas resolvi não continuar o assunto – Desculpa, mas não sei o teu nome.
- Laura. Prazer. E esta mulher completamente chapada de ácido aqui é a Milena – Disse rindo e tacou-lhe um beijo na namorada. Putz! Naquele momento meus paradigmas mudaram. Eu não menti quando disse que mulheres se beijando não mexiam comigo. Bom, não mexiam até aquele instante. Quando vi estava de pau duro diante daquela cena. Caracas!!! Como eu pude ignorar uma coisa tão fantástica por tanto tempo?
- E tu, como é o teu nome?
- Ãhn? Ah... eu me chamo Telmo.
- Telmo?!! Era o nome do meu vô – disse Milena. Olhava pra mim, mas o foco parecia ser alguma coisa três metros atrás da minha nuca.
- É, eu sei. Telmo é nome de velho – eu disse.
Continuamos falando algumas bobagens. Então, de repente, começou uma música em nada diferente das outras, mas Laura saltou da cadeira dizendo “adooooooro esta música”, pegou a mim e Milena pelos braços e foi arrastando pro meio da pista. De nada adiantou eu berrar que não sabia dançar. Ela não ouviu, e se tivesse ouvido não teria feito a menor diferença. Sem outra alternativa, fiquei lá mexendo os braços pra um lado e pro outro perto delas. Milena continuava fora de si e não demorou muito para que elas começassem a se beijar de novo. Me senti sobrando, mas ao mesmo tempo tinha vergonha de voltar pro meu lugar. Aguentei até o fim daquela música e fui saindo de cabeça baixa. Foi quando senti meu braço sendo puxado.
- Vem cá – disse Laura sorrindo.
Me puxou pro meio delas e então as duas começaram a dançar com os corpos colados ao meu. Fiquei duro... acho que nem piscava, mas não demorou muito pra eu sacar que o lance era deixar rolar. E foi o que fiz. Antes que começasse outra música estávamos os três nos beijando. Aí o mundo exterior desapareceu. Fechei os olhos e descobri o que havia de tão bom naquele túnti-túnti interminável. Laura tinha uma boca quente e molhada, beijá-la era como já estar transando. O beijo de Milena era frio e, ainda que ela fosse simplesmente perfeita, pareceu uma mulher bem menos sexual que Laura...

O texto acaba aqui.

2 comentários:

Unknown disse...

acaba aqui pq a essa hora certamente tu te acabou aína frente do teclado, né, meu filho...

abraço,

andré p.

Emerson Wiskow disse...

NUNCA SERÃO... Como diz aquele famoso filósofo.
abraço de um dos teus amigos que escreve.