segunda-feira, 31 de março de 2008

Sonho de uma noite de verão

Há muitos anos - lá por 94 ou 95 - fui passar as férias na Praia do Farol de Santa Marta pela primeira vez. Lugar tri bonito (e, na época, bem menos povado do que é hoje). Uma noite tive um sonho maluco que me impressionou bastante. Resolvi escrevê-lo com o intuito de fazer uma música um dia. Ainda não fiz, mas taí a letra... Ah, fiz esse desenho, se é que pode interessar.

Guerreiro dobrou a esquina
Logo atrás vinha um gaudério gordo e velho a cavalo
Guerreiro estava doido e achou melhor não levar fé no gauchão
Então virou-se, começou a andar de costas
E de vez em quando inclinava o corpo
E via o caminho de ponta cabeça
Mas o gaudério, ressabiado,
Já girava umas bolhadeiras
Com visível intenção de abater Guerreiro
Guerreiro disse: NÃO
E o cavaleiro passou
Mas apenas para bloquear o caminho
O cavalo então tentava acertar uns coices em Guerreiro
Segurando as patas do cavalo
Guerreiro ofendeu o qüera
E depois saiu correndo...
Com nítida desvantagem
Percebia que estava numa fria
Foi quando a voz do sábio Jéf se fez ouvir:
“Te mocozeia numa baia qualquer aí, loco”
E Guerreiro entrou numa e de uma passou pra outra
Pulando muros altos com arames farpados
Sempre esperando ouvir um latido feroz
Guerreiro tinha medo de cachorro
E por ironia acabou num pátio cheio deles
A polícia, se é que vinha, tinha perdido sua pista
Mas os cães se impacientaram e vieram pro seu lado
Guerreiro subiu numa casinha que de quase nada adiantava
Os cães ladravam raivosos e queriam morder seus pés
Guerreiro enrolou uma estopa e jogou longe
Como se algo importante fosse
Os cães, em sua maioria, desviaram a atenção
Foi o que bastou para Guerreiro pular da casa
E tentar um outro muro
Mas um dos cães lhe impedia a passagem
Situação extrema onde só podia lutar
Guerreiro fez o que devia ser feito
Deu um chute no cachorro
Deu um chute na parede do quartinho de posada lá na Praia do Farol
E viu a luz da lua
E viu que podia continuar fugindo e ver como tudo ia acabar
Caiu num outro pátio
Onde um cachorrinho amigo veio lhe fazer festa balançando o rabo
Mas já cansado da corrida, pulou algumas pedras
E transpôs uma pequena sanga
Saiu numa estrada de terra onde já não era noite
E o sol brilhava alto
Caminhou, caminhou sempre em frente e tranqüilo
Sem medo dos cães ou do gaudério ou da polícia
Pois sabia que esse sol estava brilhando
Lá na Praia do Farol.

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